Cercanias
Somos seres
emocionais.
Ressoamos e
somos
continuamente
afetados por
emoções e
sentimentos.
Desse modo, os
terapeutas
(antigos e
modernos)
insistem, para a
saúde integral
do ser humano e
das relações
sociais, no
processo do
autoconhecimento.
Ademais, somente
aquele que
procura com
disciplina se
conhecer pode
gradualmente se
tornar o
"senhor" de sua
casa (esfera
íntima) e, em
consequência,
aproximar-se com
mais clareza
acerca de seu
roteiro
existencial e/ou
das escolhas que
diariamente é
convocado a
fazer.
Então, talvez,
embora sutil,
seja
significativo
definir a
diferença entre
medo, ansiedade
e angústia, para
facilitar o
conhecer-se e,
principalmente,
quando estamos
mergulhados/paralisados
nos receios e
embaraços
cotidianos que
nos furtam a
serenidade
necessária para
viver um dia de
cada vez...
O medo, no
geral, é
específico.
Temos medo de
água porque
quase nos
afogamos na
piscina uma vez.
Temos medo de
cachorro, medo
de perder o
emprego, medo de
morrer, medo de
escuro etc.
A ansiedade "é
um mal flutuante
que pode ser
ativado
praticamente por
qualquer coisa,
pode iluminar
durante algum
tempo uma coisa
específica, mas
que geralmente
tem origem na
insegurança
genérica que
sentimos na
vida" (J. Hollis).
Já a angústia,
por sua vez, é
inerente a todos
nós, pois função
da nossa frágil
condição de
humanos. Em
palavras
simples,
poderíamos
definir a
angústia como
"ansiedade
existencial, ou
seja, ela
decorre de
sermos um animal
que pode se
tornar
consciente de
quão fino é o
fio no qual ele
está pendurado"
(J. Hollis).
Há um poema de
M. T. Cooper que
descreve as
várias formas
pelas quais o
medo, a
ansiedade e a
angústia se
combinam e, com
isso, parecem a
mesma coisa:
“Suponha que o
que você teme
pudesse ser
encurralado,
e mantido em
Paris.
Você teria,
então,
a coragem de ir
a todos os
lugares do
mundo.
Todas as
direções da
bússola
se abrem para
você,
exceto os graus
leste ou oeste
do verdadeiro
norte
que conduz a
Paris.
Ainda assim,
você não ousaria
pôr os pés
no centro dos
limites da
cidade.
Você não está
realmente
disposto
a se erguer na
encosta de uma
colina
a milhas de
distância, e
a contemplar as
luzes de Paris
se acenderem à
noite.
Apenas por uma
questão de
segurança,
você decide
ficar
completamente
longe da França.
Mas então o
perigo
parece
excessivamente
próximo
até mesmo dessas
fronteiras,
e você sente
a parte tímida
de você
cobrindo
novamente todo o
globo.
Você precisa do
tipo de amigo
que aprende seus
segredos e diz:
‘Veja Paris
primeiro’.”
Paris vai aonde
vamos... Até
mesmo quando nos
afastamos das
coisas que nos
causam medo,
Paris nos segue.
E o (precioso e
sábio) "amigo"
que diz "Veja
Paris primeiro"
é a voz do Eu (Self),
o centro
regulador
interno que
busca nossa cura
e conhece a
única maneira
pela qual
podemos nos
superar (e
nossas cotas
diárias de medo,
ansiedade,
angústia) para
continuar a
crescer,
deixando de
pagar
pequenas/grandes
contas
emocionais para
evitar Paris...
Afinal, a
coragem não é a
ausência do
medo; mas é sim
a percepção de
que algumas
coisas são
mais
significativas
para nós do que
o que tememos. E
essas coisas
realmente
existem e, além
disso, e quiçá,
simplesmente,
apenas por nós
mesmos (e em
razão de nossa
autoiluminação),
a coragem vale a
pena...