O táxi
O dia corria
normalmente, contando os
minutos para o
desempenho das tarefas
rotineiras que vão dando
cor à vida.
Após múltiplos recados,
era hora de ir buscar a
filhota mais nova, à
escola.
Após recolhê-la, Teresa
dirigiu-se para outra
escola, a fim de buscar
o seu filho mais velho.
A azáfama em volta da
escola era muita, com
aquele movimento
multicolor, típico de um
dia de Verão, onde,
desde crianças e jovens,
entram e saem.
Teresa aguardou que o
seu filho saísse,
enquanto ia falando
dentro do seu carro, com
a filhota de 9 anos de
idade.
De repente, um carro
parou à sua frente.
Um senhor, na casa dos
seus 45 anos de idade
sai do carro e dirige-se
ao café ao lado para
comprar algo.
Enquanto o senhor foi ao
café, três adolescentes,
na casa dos 15 ou 16
anos de idade, entraram
no carro do senhor e lá
ficaram.
O senhor voltou do café,
colocou a viatura em
funcionamento e
arrancou.
A filha da Teresa, muito
perspicaz nos seus 9
anitos de idade, disse:
“mãe, aquele carro é
um táxi, não é?”
“Claro que não filha,
os táxis têm um dístico
no tejadilho, além
disso, aquele carro era
azul escuro. Por que
dizes isso?”
Respondeu a filhota da
Teresa: “é que o
senhor entrou no carro,
não disse nada aos
rapazes e arrancou,
pensei que fosse um
táxi, pois se fosse o
pai dos meninos,
tinha-lhes dado um
beijinho…”.
A família é precioso
laboratório, onde se
descobrem novas
“combinações químicas”
em cada dia que passa, e
onde nenhum reagente
poderá ser menosprezado
Teresa engoliu em seco,
e eu, quando soube da
história, fiquei a
pensar com os meus
botões, as vezes que já
terei sido “taxista”:
pela minha
contabilidade, poucas ou
nenhumas, felizmente!
A Doutrina Espírita
ensina-nos em “O
Livro dos Espíritos”,
na “Lei de Sociedade”,
o porquê de vivermos em
sociedade, para
evoluirmos em conjunto,
quer intelectualmente,
quer moralmente.
Também aprendemos com os
Espíritos superiores,
que os “nossos” filhos
são seres (por vezes
mais velhos
espiritualmente que nós)
e que Deus nos envia, na
condição de filhos, para
que os orientemos,
eduquemos e amemos
dentro do possível, para
que, assim,
paulatinamente, a
sociedade se regenere,
melhorando-se.
Fico a torcer pelo tempo
em que não haverá mais
pais “taxistas” e em que
o interesse, o carinho,
a interação mútua, a
ternura sejam apanágio
de todos, no quotidiano.
Aí, estaremos a Amar, a
ensinar a Amar e a
semear Amor, para que,
no futuro, o possamos
colher, quando os
filhotes de agora forem
os dirigentes do amanhã.
“A semeadura é livre,
mas a colheita é
obrigatória”, já
referira Jesus de Nazaré
há mais de dois mil
anos…