DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Caetano do
Sul, SP
(Brasil)
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Como os
Espíritos
veem o
sexo
Encerrada a
palestra em uma
instituição
espírita,
algumas das
pessoas
simpáticas,
fraternas, que
prestigiaram o
evento, logo se
aproximaram para
falar comigo. A
Família é o
Alicerce da
Humanidade
foi o tema por
mim discorrido,
em fins dos anos
90 do século
anterior, a
convite da USE
Distrital
Jabaquara
(órgão da
União
das
Sociedades
Espíritas do
Estado de São
Paulo). Antes
que alguém
falasse comigo,
um rapaz junto a
uma linda moça,
mais que
depressa,
pediu-me que eu
o atendesse
reservadamente,
cochichando esta
pergunta: “Como
os Espíritos
veem o ato
sexual? Certas
posições sexuais
seriam imorais?”
Ah, os jovens de
hoje em dia!
Confesso que me
surpreendeu a
pergunta clara e
sem
subterfúgios.
Muitos têm
escrito,
comentado sobre,
no entender de
alguns,
embaraçoso
assunto.
Espíritas e não
espiritas, os
próprios
Espíritos da
Codificação e
Mentores, tais
como: Emmanuel,
André Luiz,
Joanna de
Ângelis,
dissertaram
acerca desse
ponto. Com base
nos
esclarecimentos
de suas obras,
competentes
tribunos deram
força, brilho à
importância da
sexualidade.
Esse objeto
suscita
realmente
observação sob
diversos
ângulos. Tabus,
preconceitos,
superstições
fazem parte do
aspecto, da
análise dos
fatos. Ao se
falar em prazer
sexual, muitos
pensam logo em
algo execrável.
Grupos
religiosos
ultraconservadores
viram no sexo
algo impuro, um
ato meramente
animalizado que
lhes representa
uma das pedras
no sapato. Esse
tópico tem sido
alvo de exame de
estudiosos,
especialistas em
psicanálise, em
sociologia.
Sexo! Matéria
merecedora de
considerações
moderadas com o
propósito de não
desagradar,
ferir. O nível
espiritual, ou
moral, de cada
pessoa, tem a
ver com o que
sente, com o que
pensa; para uns,
sexo é sinônimo
de imoralidade,
para outros não.
O sexo já
motivou
degenerescência
em períodos
obscuros da
história da
nossa
Civilização.
O Espírito
Joanna de
Ângelis opinou
sobre o caso e
referiu-se a
prejuízos
autorizados pela
própria
tolerância do
caráter humano.
Joanna considera
fundamental o
sexo para o
“milagre
procriativo”, um
dos mais
importantes
fatores
integrantes da
índole humana,
segundo ela,
“graças aos
ingredientes
estimuláveis ou
desarmonizadores
do equilíbrio,
de que se faz
responsável”. O
sexo passou nas
civilizações
antigas a campo
de intenso
sensualismo,
disse a
veneranda
Entidade, cujos
excessos
chegaram a
motivar a queda
de alguns
Impérios.1
Pecado mortal
Monarcas e
imperadores
andavam de mão
comum com os
“prepostos” de
Jesus Cristo.
Inspirados por
Cristo, ou
segundo eles,
Deus, e sob
anuência
conservadora dos
soberanos,
sacerdotes viam
no sexo uma
influência
perniciosa, um
meio de queda
para o Inferno,
portanto “pecado
mortal”,
“conduta
abominável”,
tais os
conceitos
daquele obtuso
período. Em
1985, um papa
declarou
“pecaminosos” os
“prazeres da
carne” mesmo
entre os
cônjuges
católicos.
Apesar desse
equívoco, de
ações radicais,
o sentido de
moral da
organização
religiosa não
deixou de se
constituir em
freio ao
despudor. A
Igreja influiu
em quase todas
as atividades,
especialmente na
problemática
sexual desde o
Império Romano.
Naquele tempo,
qualquer mulher
podia pertencer
a qualquer homem
e vice-versa e
eram comuns
filhos
bastardos,
produto dos
festins
licenciosos em
residências.
Não havia
efetivamente
laços de
família, daí, o
clero valer-se
de medidas
enérgicas,
cruéis. A
igreja, a se
expandir cada
vez mais,
determinara
aplicar a
violência como
único recurso de
conter orgias
regadas a vinho.
O tempo passou,
passaram os
costumes, os
lares também,
assim como a
transmissão de
conhecimentos, o
processo de
desenvolução da
capacidade
física,
intelectual e
moral do ser
humano.
Tudo mudou em
tese, né? Com o
aparecimento da
civilização
consumista, ou
sistema em favor
do consumo
exagerado, o
comportamento
humano com
relação à libido
tem se expandido
em espaços
significativos
da chamada mídia
digital. O
consumismo de
bens materiais
parece ter
tornado mais
forte a
libertinagem e,
com isso,
intensificado
antigas
perturbações e
distúrbios
psíquicos.
Programas
televisivos de
auditório,
principalmente a
Internet, têm
vulgarizado o
erótico-pornográfico
por conta de
suposta
liberdade.
Crianças,
adolescentes
vivem debaixo de
verdadeiro
bombardeio de
imagens ou de
situações
incitantes da
libido, haja
vista a média de
iniciação de
mocinhas, que é
de 15 anos, e as
doenças
ginecológicas
das quais
padecem. De há
muito vem
aumentando o
número de
meninas
grávidas, um
problema
sociocultural
tanto das
grandes cidades
quanto das
cidades onde não
há shoppings nem
cinemas, nem
outros meios de
entretenimento.
Há esse
desequilíbrio,
segundo Joanna,
porque cada
pessoa traz
consigo traços
peculiares
referentes a
conflitos
íntimos
obscuros,
psicológicos
profundos. A
criatura humana
não deixa de
possuir
qualidades
adquiridas nas
suas tentativas
palingenésicas,
e, em
substância,
querendo aceitar
ou não, o
Espírito
encarnado é como
se expõe à
vista; ninguém
muda de um dia
para o outro,
nem a morte zera
tudo. Atitudes e
respostas, numa
existência,
marcarão no
futuro o modo de
ser da Alma na
índole humana
masculina ou
feminina
consoante
imperativos da
Lei de Causa e
Efeito.
Comentou a
respeito do sexo
outro sábio da
Espiritualidade,
o Espírito
Emmanuel:
Desarrazoado
subtrair-lhe as
manifestações
aos seres
humanos, a
pretexto de
elevação
compulsória, de
vez que as
sugestões da
erótica se
entranham na
estrutura da
alma, ao mesmo
tempo que seria
absurdo
deslocá-lo de
sua posição
venerável, a fim
de arremessá-lo
ao campo da
aventura menos
digna, com a
desculpa de se
lhe garantir a
libertação.2
O deleite sexual
foi-nos
outorgado por
Deus para a
felicidade e
harmonia
universais; mas,
até entenderem o
verdadeiro
significado da
força de atração
física e suas
implicações,
ainda vai levar
muito tempo.
Fazer sexo é tão
importante
quanto o ato de
respirar, de
ingerir
alimentos e, sob
outro ponto de
vista, um meio
de transferência
de energia
indispensável ao
vigor
físico-mental
mútua e
simultaneamente.
Os Espíritos
veem no sexo
algo
respeitável, a
exigir educação
e controle, sem
nunca descurar
da higiene a fim
de impedir
doenças. Os
Amigos
Espirituais não
o reconhecem
como um ato
“impuro”,
“animalizado”
conforme o
conceito
pseudomoralista.
Foram essas
palavras a
resposta dada ao
moço junto à sua
companheira
(eram noivos).
Quanto à outra
pergunta,
“certas posições
sexuais seriam
imorais”, Deus,
os bons
Espíritos não
estão
preocupados com
certas condutas
eróticas. Aquilo
que for posto em
prática entre
quatro paredes
por um casal
será da inteira
responsabilidade
de cada um. A
conduta humana
apresentar-se-á
de acordo com o
nível evolutivo
da pessoa, mas
quem
desrespeitar,
causar
constrangimento,
infortúnio a uma
parceira, ou
parceiro, arcará
com as
consequências da
causa e
efeito;
lembremo-nos
daquela antiga
lei: “Ame o
próximo como a
si mesmo”...
Concluindo
Nega a sabedoria
e misericórdia
divina quem nega
à criatura
humana o direito
do ato sexual
que não se
limita
exclusivamente à
procriação.
Muito embora a
mídia insista de
modo sutil ou
direto,
afirmando que
sexo é tudo,
cego e ledo
engano! Não,
sexo não
significa tudo!
Tampouco “troca
de casais” e
todo tipo de
libertinagem não
mantêm um
relacionamento
sincero, sadio,
estável. Pode-se
dispensar o sexo
sem compromisso
de voto
eclesiástico de
castidade. Sim,
é possível, e
exemplos nunca
faltaram quanto
a alguém se
sentir feliz,
realizado, ao
sublimar a
energia sexual,
canalizando-a em
favor do
próximo, dos
mais próximos,
de todos.
O progresso da
criatura humana
sofrerá
prejuízo, se ela
imediatamente
não empenhar-se
em sua
espiritualidade.
Sem reforma
íntima, não há
equilíbrio
biopsíquico. O
Espírito que
anima o corpo de
um homem pode
animar o de uma
mulher, assim
como o Espírito
que anima o
corpo de uma
mulher pode
animar o de um
homem em futura
existência.
Sendo assim,
evitemos fazer
comentários
mordazes sobre
toda dificuldade
e problema de
alguém — não
temos suficiente
certeza do
tamanho da prova
afetiva que nos
aguarda numa ou
noutra
configuração
própria. O
clímax do ato
sexual, impelido
por mútua
tendência
afetiva com
sentimento de
apreço, será
sempre oportuno
e saudável.
Notas
bibliográficas:
1
FRANCO, Divaldo
P. Estudos
Espíritas.
Pelo Espírito
Joanna de
Ângelis. 3. ed.
Federação
Espírita
Brasileira (FEB),
1982. Capítulo
20, p. 152.
2
XAVIER,
Francisco C.
Vida e sexo.
Pelo Espírito
Emmanuel. 10.
ed. Rio de
Janeiro: FEB,
1988. Capítulo 1ọ,
p. 10.
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