JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
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Reconhece-se o bom pelas
suas obras
No capítulo XVII de O
Evangelho segundo o
Espiritismo,
encontramos uma frase de
Kardec muito citada nas
palestras espíritas:
“Reconhece-se o
verdadeiro espírita pela
sua transformação moral
e pelos esforços que
emprega para dominar
suas inclinações más”.
Nesse mesmo capítulo,
Kardec cita os
versículos 44, 46 e 48
do cap. 5º do Evangelho
de Mateus, com a
recomendação de Jesus
para amarmos os nossos
inimigos, fazer o bem
aos que nos odeiam e
orar pelos que nos
perseguem e caluniam.
Pois se amarmos os que
nos amam e se saudarmos
apenas os nossos irmãos,
estaremos fazendo apenas
o que os publicanos e
pagãos já faziam. E
termina Jesus: Sede
perfeitos como vosso Pai
celestial é perfeito
(entenda-se aqui a
perfeição relativa, ou
da caridade ampla, que
abrange todas as
virtudes - AMOR).
Stephen Covey propõe-nos
o princípio 90/10.
Segundo ele, 10% de
nossa vida relaciona-se
com o que se passa
conosco e 90% com o modo
de reagirmos ao que se
passa conosco. Ou seja,
não podemos evitar 10%
do que ocorre em nossa
vida: o carro pode
enguiçar de repente, o
avião pode atrasar, o
sinal pode fechar.
Outros 90% se relacionam
com nossa reação a esses
10%.
Exemplo: Ao tomar café
da manhã com sua
família, sua filha
derrama café em sua
camisa branca de
trabalho. Você não tem
controle sobre isso, mas
sua ação em seguida pode
determinar uma reação em
cadeia.
Primeira hipótese: Você
briga com sua filha e
ela chora. Você critica
sua esposa por ter
colocado a xícara muito
na beirada da mesa e
começa uma discussão.
Você fica estressado e
troca a camisa. Sua
filha continua chorando
e perde o ônibus
escolar. Sua esposa vai
para o trabalho
chateada. Você tem que
levar sua filha de carro
para a escola. Como está
atrasado, dirige em alta
velocidade e é multado.
Discute com o guarda e
perde mais 15 minutos.
Quando chega à escola,
sua filha entra e não se
despede de você. Ao
chegar atrasado ao
escritório, percebe que
esqueceu sua pasta.
Ansioso para o dia
acabar, quando chega a
casa, sua esposa e filha
estão aborrecidas com
você. Tudo isso por
causa de sua reação pelo
café da manhã derramado
em sua camisa.
Segunda hipótese: o café
cai na sua camisa e você
diz, gentilmente, a sua
filha: — Não fique
triste, acidentes
acontecem. Troca de
camisa, dá um beijo em
sua esposa e na filha e,
antes de sair de carro
para seu escritório, vê
a filha, ao longe,
pegando o ônibus e lhe
acenando adeus com uma
das mãos.
A situação foi a mesma,
mas sua reação pode
determinar se seu dia
será bom ou ruim.
Segundo Kardec, o homem
de bem:
- cumpre a lei de
justiça, de amor e de
caridade em sua maior
pureza (consulta sua
consciência para saber
se violou essa lei, se
fez todo o bem);
- tem fé na bondade,
justiça e sabedoria
Divinas e se submete à
Sua Vontade;
- tem fé no futuro (bens
espirituais acima dos
temporais);
- aceita as dificuldades
da vida como provas ou
expiações;
- faz o bem pelo bem,
retribui o mal com o bem
e sacrifica seus
interesses à justiça;
- pensa primeiro nos
outros antes de pensar
em si mesmo e faz o bem
com satisfação (o
egoísta calcula as
vantagens e prejuízos de
sua ação);
- vê todas as pessoas
como irmãs;
- respeita as crenças
alheias;
- não alimenta ódio nem
desejo de vingança;
- perdoa e esquece as
ofensas;
- é tolerante com as
fraquezas alheias, pois
sabe que precisa de
tolerância para com as
suas;
- não comenta os
defeitos alheios, mas,
se obrigado a isso,
procura ver o lado bom
das pessoas;
- estuda as próprias
imperfeições e trabalha
incessantemente para
corrigi-las;
- é modesto com as
próprias qualidades e
procura destacar a dos
outros;
- usa os bens que possui
sem vaidade e com
consciência;
- trata com respeito
seus superiores e com
bondade e simplicidade
seus subordinados;
- respeita todos os
direitos naturais do
próximo como deseja que
sejam respeitados os
seus.
Conclui Kardec que não
ficam assim enumeradas
todas as qualidades do
homem de bem, mas quem
se esforçar em praticar
essas se encontra no
caminho que conduz a
todas as demais
qualidades.
Em seguida, tratando
sobre os bons espíritas,
informa que, bem
compreendido e bem
sentido, o Espiritismo
eleva-nos à condição de
homem de bem. “O
Espiritismo não institui
nenhuma nova moral;
apenas facilita aos
homens a inteligência e
a prática da do Cristo,
facultando fé inabalável
e esclarecida aos que
duvidam e vacilam”.
Infelizmente, muita
gente acha que a moral
espírita ou cristã se
aplica às outras pessoas
e não a si próprias. A
Doutrina Espírita é
muito clara, não
necessita de uma
inteligência fora do
comum para praticá-la.
Prova disso é que muitas
pessoas sem instrução
compreendem
perfeitamente o
Espiritismo, enquanto
que outras, mesmo
possuindo muito estudo,
não o aceitam. Para
aceitá-lo é preciso,
antes de tudo, de
elevação espiritual. O
mesmo ocorreu com os
apóstolos de Jesus e os
cristãos... Quanto mais
espiritualizada, mais
facilmente a pessoa
compreende as mensagens
da vida espiritual... É
preciso, pois, domínio
sobre a matéria... Daí a
conclusão de Allan
Kardec, citada na
introdução:
“Reconhece-se o
verdadeiro espírita
(...)”.
Quando percebermos e
pusermos em prática os
amoráveis conselhos do
Mestre Divino,
certamente
reconheceremos as
vantagens de viver em
harmonia com o nosso
próximo. N’O
Livro dos Espíritos,
temos algumas
informações fundamentais
para uma vida melhor.
Uma delas é a de que a
fonte de nossos
sofrimentos se baseia em
dois sentimentos:
egoísmo e orgulho. A
outra é a de que uma só
coisa é necessária para
vivermos bem:
devotamento ao próximo,
ou seja, vivenciar o
amor na sua mais alta
expressão.
Assim, pelo devotamento
e abnegação, dizem os
bons Espíritos,
estaremos pondo em
prática a mais excelsa
das virtudes: a
Caridade. Quando
entendermos isso,
estaremos no caminho que
nos tornará homens de
bem.