O ódio “que alimenta”
A violência só
desaparecerá quando o
Evangelho de Jesus,
iluminando o coração
humano, fizer com que
todos se amem como
irmãos.
Não há um dia sequer que
não vejamos estampado
em maior número de
páginas dos jornais, ou
predominando nas
matérias das televisões,
o noticiário referente
às marcas da violência.
Na questão 742 de O
Livro dos Espíritos, os
Espíritos respondem a
Allan Kardec sobre a
causa que leva o homem à
guerra e que se pode
aplicar à violência em
geral. “Predominância da
natureza animal sobre a
espiritual e satisfação
das paixões”, informam
as Entidades Venerandas.
Na questão 743, a
resposta à pergunta do
Codificador: “A guerra
desaparecerá um dia da
face da Terra?” é: “Sim,
quando os homens
compreenderem a justiça
e praticarem a lei de
Deus. Então, todos os
povos serão irmãos.”
Sobre a crueldade, uma
das características mais
impiedosas em todos os
casos de violência, os
Espíritos respondem a
Kardec (questão 752)
que “é o próprio
instinto de destruição
no que ele tem de pior;
se a destruição é às
vezes necessária, a
crueldade jamais o é.
Ela é sempre a
consequência de uma
natureza má”.
Seguindo as explicações
dos Espíritos a Allan
Kardec, vemos que o
senso moral, ainda que
não esteja desenvolvido,
não está ausente, pois
ele existe em todos os
homens. “É esse senso
moral que os transforma
mais tarde em seres bons
e humanos. Ele existe no
selvagem como o
princípio do aroma no
botão de uma flor que
ainda não se abriu.”
No livro Código de
Direito Natural Espírita
(Mundo Jurídico
Editora), José Fleuri
Queiroz comenta que
Arnold J. Toynbee,
considerado um dos
maiores historiadores
dos tempos modernos, diz
que talvez a razão
fundamental das causas
da atual onda de
criminalidade seja a
perda da religião. “...
vivemos num vácuo
religioso. E talvez, em
grande parte por esse
motivo, os padrões
tradicionais e os
códigos de ética
perderam sua força. Esse
colapso espiritual
surgiu nas duas grandes
guerras mundiais, cujos
efeitos foram
cumulativos. As guerras
abriram as comportas da
onda de violência que
hoje se derrama sobre o
mundo”, enfatiza Toynbee.
Diz Fleuri Queiroz que
“o homem viveu durante
muito tempo preso ao
formalismo religioso, à
mera frequência às
igrejas, mais como um
cumprimento de uma
obrigação herdada dos
pais, submetendo-se às
práticas e costumes do que
por convenções
autênticas. Por isso, na
medida em que amadureceu
intelectualmente,
superando
condicionamentos
seculares, desligou-se
da religião,
simplesmente porque ela
já não atende seus
anseios e necessidades.
Esse fenômeno é
observado com maior
intensidade nos grandes
centros urbanos, onde o
indivíduo, motivado pelo
desejo de desfrutar
conforto e segurança, em
base de enriquecimento e
prestígio, multiplica-se
em negócios e interesses
relacionados com
dinheiro e poder.
"Isso é muito grave,
porquanto na medida em
que o Homem passa a
viver em função,
exclusivamente, de
interesses imediatistas,
sem nenhuma cogitação de
ordem espiritualizante,
perde o controle dos
impulsos agressivos que
ainda o caracterizam, e
a violência torna-se a
primeira consequência
desse vácuo religioso a
que se refere Toynbee. A
mesma definição é
apresentada por André
Luiz quando, procurando
explicar o fenômeno da
violência, diz: ‘Falta
de preparação religiosa.
Não basta ao homem
inteligência apurada.
É-lhe necessário
iluminar os raciocínios
para a Vida Eterna.’”
Fleuri Queiroz observa
que os princípios da
Reencarnação, da Lei de
Causa e Efeito e do
intercâmbio com os
Espíritos desencarnados
serão assimilados pelas
Religiões do futuro. Não
que essa religião seja o
Espiritismo, mas porque
a Doutrina Espírita está
na vanguarda de todos os
movimentos libertadores
da consciência humana.
“Quando a contenção da
violência deixar de ser
um problema policial e
se transformar em
questão de disciplina do
próprio indivíduo;
quando a paz for produto
não da imposição das
leis humanas, mas da
observância coletiva das
Leis Divinas, então
viveremos num Mundo
melhor.”
No livro Religião dos
Espíritos (FEB),
psicografado por
Francisco Cândido Xavier,
no capítulo "O caminho da
paz", Emmanuel diz que
“dos dez flagelos do
mundo antigo que
rebaixavam a vida
humana: a barbárie, que
perpetuava os
desregramentos do
instinto; a fome, que
atormentava o grupo
tribal; o primitivismo,
que irmanava o engenho
do homem e a habitabilidade do
castor; a ignorância,
que alentava as trevas
do Espírito; o
insulamento, que
favorecia as ilusões do
feudalismo; a
ociosidade, que
categorizava o trabalho
à conta de humilhação e
penitência; o cativeiro,
que vendia homens livres
nos mercados da
escravidão; a imundície,
que relegava a
residência terrestre ao
nível dos brutos; a
guerra, que suprime a
paz e justifica a
crueldade e o crime
entre as criaturas, veio
a política e,
instituindo vários
sistemas de governo,
anulou a barbárie.
Apareceu o comércio e,
multiplicando as vias de
transporte, dissipou a
fome. Surgiu a ciência,
e exterminou a peste.
Eclodiu a indústria, e
desfez o primitivismo.
Brilhou a imprensa, e
prescreveu-se a
ignorância. Criaram-se o
telégrafo sem fio e a
navegação aérea, e
acabou-se o insulamento.
Progrediram os
princípios morais, e o
trabalho fulgiu como
estrela na dignidade
humana, desacreditando a
ociosidade. Cresceu a
educação espiritual, e
aboliu-se o cativeiro.
Agigantou-se a higiene,
e removeu-se a
imundície”.
Mas – finaliza Emmanuel,
nem a política, o
comércio, a ciência, a
indústria, a imprensa, a
aproximação entre os
povos, a exaltação do
trabalho, a evolução do
direito individual, a
higiene, conseguem
resolver o problema da
paz, pois a causa da
guerra é o egoísmo, que
se corporifica nas
divergências do lar, se
prolonga na intolerância
da vaidade, no orgulho
da violência, no
desespero, no ódio e só
desaparecerá quando o
Evangelho de Jesus,
iluminando o coração
humano, fizer com que
todos se amem como
irmãos.