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O Espiritismo responde
Ano 8 - N° 367 - 15 de Junho de 2014
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
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ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 


 
Uma amiga, estudiosa dos assuntos espíritas, pergunta-nos se ainda prevalece, no meio espírita, a informação constante do cap. V de “O Livro dos Médiuns”, relativa ao fenômeno de transporte, em que, indagado se um objeto pode ser trazido a um lugar inteiramente fechado, Erasto assim respondeu:  

“É complexa esta questão. O Espírito pode tornar invisíveis, porém, não penetráveis, os objetos que ele transporte; não pode quebrar a agregação da matéria, porque seria a destruição do objeto. Tornando este invisível, o Espírito o pode transportar quando queira e não o libertar senão no momento oportuno, para fazê-lo aparecer. De modo diverso se passam as coisas, com relação aos que compomos. Como nestes só introduzimos os elementos da matéria, como esses elementos são essencialmente penetráveis e, ainda, como nós mesmos penetramos e atravessamos os corpos mais condensados, com a mesma facilidade com que os raios solares atravessam uma placa de vidro, podemos perfeitamente dizer que introduzimos o objeto num lugar que esteja hermeticamente fechado, mas isso somente neste caso”. (O Livro dos Médiuns, cap. V, item 99.)

Segundo nosso entendimento, não prevalece a informação acima, visto que a experiência comprovou que um objeto e mesmo um ser vivo podem ser introduzidos, sim, em um recinto hermeticamente fechado. As provas disso são fartas e podem ser vistas no livro “Fenômenos de Transporte”, de Ernesto Bozzano, tradução de Francisco Klörs Werneck, Edições FEESP, 4ª edição, publicada em março de 1995.

Como sabemos, são de Allan Kardec as seguintes palavras:  

“O Espiritismo (...) não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.” (A Gênese, cap. I, item 55.) 

Explicando o processo pelo qual o transporte pode se dar, mesmo estando o recinto hermeticamente fechado, fato observado por experimentadores diversos em inúmeras oportunidades, Ernesto Bozzano diz que os “transportes” são produzidos por força de um processo de desintegração e reintegração molecular rapidíssima dos objetos transportados, salvo uma variante que não muda, de modo algum, os processos, isto é, a vontade operante se serve, às vezes, de processo idêntico praticando um furo nas portas, janelas, paredes, introduzindo, nesse espaço, um objeto em um ambiente hermeticamente fechado, sem desintegrá-lo. Essa segunda forma seria utilizada no transporte de seres vivos.

De fato, Bozzano já havia notado que em alguns casos os objetos transportados estavam quentes, e outras vezes, normais. O “Espírito-guia” informou, então, que quando os objetos estavam quentes, isto acontecia porque eles haviam desintegrado de modo fulminante a matéria que constituía o objeto transportado. No caso em que o objeto chegava termicamente normal, isto acontecia porque, em vez de desintegrar o objeto, eles haviam desintegrado a madeira da porta ou da janela. (Cf. Fenômenos de Transporte, pp. 61 e 62.)

Segundo Bozzano, sempre foram concordantes as informações dadas pelos Espíritos nas sessões realizadas, embora médiuns diversos delas houvessem participado. Numa dessas sessões, o Espírito-guia “Cristo d’Angelo” explicou: “Para os transportes pequenos, fazem-se desmaterialização e a materialização dos objetos; para os transportes grandes, a desmaterialização de um ponto nas portas e nas paredes”.

André Luiz examinou a questão no cap. 28 do seu livro “Nos Domínios da Mediunidade”, obra psicografada pelo médium Chico Xavier, em que relata um interessante fato que adiante resumimos:

Findo o trabalho medicamen­toso, um Espírito tomou pequena porção das forças materializantes do médium sobre as mãos e afastou-se, para trazer, daí a instantes, algu­mas flores que foram distribuídas com os irmãos encarnados, no intuito de sossegar-lhes a mente excitadiça. O Assistente explicou: "É o transporte comum, realizado com reduzida cooperação das energias me­dianímicas. Nosso amigo apenas tomou diminuta quantidade de força ectoplásmica, formando somente pequeninas cristalizações superficiais do polegar e do indicador, em ambas as mãos, a fim de colher as flores e trazê-las até nós". Hilário observou a facilidade com que a energia ectoplásmica atravessou a matéria densa, porque o Espírito, usando-a nos dedos, não encontrou qualquer obstáculo na transposição da parede. Aulus lembrou-lhe que também as flores transpuseram o tapume de alve­naria, penetrando o recinto graças ao concurso de técnicos bastante competentes para desmaterializar os elementos físicos e reconstituí-los de imediato. O Assistente informou que, caso houvesse utilidade, um objeto poderia ser removido da sala de sessões para o exterior, com a mesma facilidade. “As cidadelas atômicas, em qualquer construção da forma física, não são fortalezas maciças, qual acontece em nossa própria esfera de ação. O espaço persiste em todas as formações e, através dele, os elementos se interpenetram”, explicou Aulus. (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 28, pp. 268 a 270.)

Acreditamos que a informação fornecida por André Luiz, além de bastante clara, constitui um dado a mais para consolidar o que Ernesto Bozzano tão bem explicou em sua obra, que deveria, a bem da verdade, ser mencionada, em nota de rodapé, pelas editoras que vêm republicando “O Livro dos Médiuns”, obra em que está igualmente superada a informação relativa ao tema possessão, que o tempo revelou estar incorreta, como o próprio Codificador admitiu posteriormente.
 

 


 
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