LEONARDO
MARMO MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
São João
Del Rei, MG (Brasil)
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Parábola do Filho
Pródigo ou Parábola dos
Dois Filhos?!
Apesar do nome
tradicional atribuído à
belíssima e
esclarecedora metáfora
de Jesus, “Parábola do
Filho Pródigo”, talvez
fosse interessante
chamá-la, para fins
didáticos, “Parábola dos
Dois Filhos”, ou algo
que o valha (poderíamos
ousar sugerir “Parábola
do Filho Pródigo e do
Filho Obediente”),
destacando também o
papel do filho
tradicionalmente menos
comentado e estudado.
Essa sugestão é baseada
em uma reflexão muito
simples: na verdade, ora
agimos como o filho
pródigo, ora agimos como
o filho obediente.
Portanto, “somos os dois
filhos”, tendendo, a
cada momento que passa,
para um ou outro lado,
dependendo dos nossos
valores espirituais, do
contexto de vida que
enfrentamos e do que
estamos sentindo em
relação à vida em cada
instante, sobretudo em
relação a nós mesmos e a
nosso irmão.
Quando desperdiçamos
oportunidades
evolutivas, o que
acontece quase sempre, e
sentimo-nos necessitados
do amparo da
Misericórdia Divina,
identificamo-nos
facilmente com o Filho
Pródigo, e ficamos
contentes em reconhecer
que “quando ainda estava
longe, o Pai correu em
direção a ele e o
abraçou”, simbolizando a
aceitação e o acréscimo
de Misericórdia que
recebemos após cada
queda espiritual.
Trata-se de um bem-estar
semelhante àquele que
sentimos quando ouvimos
o famoso “Vinde a mim
todos vós que estais
sobrecarregados e Eu vos
aliviarei”. Isso ocorre
porque ainda somos, na
grande maioria,
Espíritos muito
endividados e com sérias
dificuldades
espirituais.
Por outro lado,
infelizmente, não
apresentamos a mesma
alegria quando notamos
que a Providência Divina
auxiliou a nosso irmão,
ou seja, que nosso irmão
é que, em determinado
momento, está sendo o
Filho Pródigo do
referido contexto. Dessa
forma, é comum agirmos
como o “Filho
obediente”, apesar de
não termos,
frequentemente, o hábito
de perceber a
identificação do
comportamento
apresentado com o filho
que fica na casa
paterna. Realmente,
todas as vezes que nos
colocamos na postura de
indivíduos relativamente
íntegros e que não
estamos tendo “sorte na
vida”, questionando os
supostos benefícios que
nosso irmão, a priori
menos merecedor, tem
recebido, estamos agindo
como o “Filho Censor”,
conforme adjetivação
proposta por Emmanuel em
“Palavras de Vida
Eterna”. De fato, quando
outras pessoas, que
apresentam postura
espiritual em princípio
menos elevada que a
nossa, recebem
oportunidades
interessantes de
refazimento espiritual,
temos dificuldades em
aceitar o fato com
alegria.
A famosa Parábola nos
ensina muito a respeito
da necessidade de ajudar
o Pai no auxílio a
irmãos mais carentes de
apoio espiritual, sem
nenhuma manifestação de
ciúme ou inveja
propriamente
considerada. Até porque,
por várias
oportunidades, temos
precisado e
continuaremos, por muito
tempo, a precisar, da
misericórdia de Deus
para que desfrutemos de
novas oportunidades que
não fazemos jus pelos
nossos atos. É o chamado
“Acréscimo de
Misericórdia”, do qual
todos nós somos, vez por
outra, necessitados e
beneficiários.
O Apóstolo Paulo afirma
“Alegrai-vos com os que
se alegram e chorai com
os que choram” e
Emmanuel comenta tal
versículo em “Palavras
de Vida Eterna”,
inferindo que é mais
fácil chorar com os que
choram do que se alegrar
com os que se alegram.
Entretanto, precisamos
das duas atitudes para
evoluir, pois ambas
caracterizam diferentes
manifestações da
caridade. Ensina-nos
nosso Benfeitor Emmanuel
na supracitada obra:
“não te envaideças por
ser bom, pois se Deus
permitiu estares com Ele
é para que estejas com
Ele ajudando a teu
irmão”. O verdadeiro
Amor fica feliz com a
felicidade e com as
oportunidades ofertadas
a nossos irmãos.
Dessa forma, em nossos
exercícios diários de
Autoconhecimento,
procuremos analisar
nosso comportamento, ora
de “Filho Pródigo”, ora
de “Filho Obediente”, a
fim de diminuirmos
nossas quedas, cumprindo
cada vez mais a vontade
do Pai, mas também para
amar mais aqueles irmãos
que ainda estão
distantes de procurar o
cumprimento de seus
próprios deveres para
com a Consciência
individual, que
representa a Lei Cósmica
dentro de nós.