Logo que Emmanuel assumiu o
comando das faculdades
mediúnicas de Chico, como
ele mesmo diz, começaram a
se apresentar os Espíritos
de inúmeros poetas nacional
e internacionalmente
conhecidos para psicografar.
Chico tinha apenas vinte e
um anos de idade quando sua
tarefa começou. Seu primeiro
poema psicografado foi
assinado por Casimiro Cunha.
Em seguida, foram surgindo
poemas assinados por poetas
da mais alta cotação na
bolsa literária das letras
brasileiras e portuguesas:
Castro Alves, Alphonsus de
Guimarães, Olavo Bilac,
Antonio Nobre, Fagundes
Varela, João de Deus, Guerra
Junqueira, D. Pedro II,
Raimundo Correa, Casimiro de
Abreu, Júlio Diniz, Cruz e
Souza e muitos outros.
(Cf. livro “Chico Xavier,
Uma Vida de Amor”, de
Ubiratan Machado, editora
IDE.)
O fato repercutiu de
imediato na pequena Pedro
Leopoldo. Por essa época,
Chico achava-se no enterro
de um amigo, quando um jovem
padre aproximou-se dele e
indagou:
–
Chico, andam dizendo que
você recebe mensagens do
outro mundo...
–
É verdade, sinto que alguém
se apossa de meu braço para
escrever as mensagens.
–
Pois se acautele. O Espírito
das trevas tem muita astúcia
para seduzir para o mal.
–
Mas os Espíritos que se
comunicam através de mim só
ensinam o bem.
–
Vejamos, então. Estamos no
cemitério, acompanhando um
amigo morto. Será que há por
aqui algum Espírito
desejando escrever? –
desafiou o padre, puxando um
papel em branco do bolso.
Chico, sem hesitar, apanhou
o papel. Concentrou-se e,
minutos depois, escreveu um
soneto, intitulado Adeus.
Desta vez, a poetisa
assinara: Auta de Souza. Eis
o poema:
O sino plange em
terna suavidade,
No ambiente
balsâmico da igreja;
Entre as naves, no
altar, em tudo adeja
O perfume dos
goivos da saudade.
Geme a viuvez,
lamenta-se a orfandade;
E a alma que
regressou do exílio beija
A luz que
resplandece, que viceja,
Na catedral azul da
imensidade.
“Adeus, Terra das
minhas desventuras...
Adeus, amados
meus...” – diz nas alturas.
A alma liberta, o
azul do céu singrando...
- Adeus... – choram
as rosas desfolhadas,
- Adeus... – clamam
as vozes desoladas
De quem ficou no
exílio soluçando...
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