CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
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Impermanência...
Retorno de
viagem de
Aracaju, e eu
aqui no meu
café, só
recordando...
Dia desses, lá
estávamos na
maravilhosa
Praia do
Refúgio. Em dado
momento, sozinha
à beira-mar, pés
no ir e vir
morno das ondas
carinhosas,
massageando-os
com o seu
movimento
marulhoso,
sobe-me à mente
apaziguada das
inquietações
cotidianas a
cena já
presenciada
inúmeras vezes:
crianças
alegres,
alvoroçadas,
brincam
incansavelmente,
em situação
semelhante à que
eu me achava
naquele instante
abençoado.
As ondas indo e
vindo, e elas
correm de um
lado para outro,
aos gritos,
espalhando com
os pezinhos
inquietos
rajadas de água
e areia para
todo lado. Em
dado momento,
sobe uma onda
mais forte,
derruba na areia
uma delas. E,
passada a
confusão, a
criança
levanta-se,
rápida; às vezes
um pouco tonta,
n'outras, já
rindo da
aventura;
engasga-se
ligeiramente.
Recupera o
equilíbrio.
Aquela onda veio
com força, foi
mais forte! Mas,
arrastada pela
atração da
brincadeira
imperdível do
momento mágico,
logo se
reintegra na
alegria lúdica
do repertório da
vida infantil!
Os coleguinhas
acercam-se,
chamam, atraem,
empurram-na para
a continuação do
jogo divertido.
E, menos de um
minuto depois,
lá está ela,
novamente feliz,
esquecida
daquela
derrubada
imprevista. As
ondas do mar,
caprichosas, não
esperam, e
também
participam da
brincadeira. São
imprevisíveis!
Pegam de
surpresa, às
vezes arrastam,
às vezes
derrubam! Mas,
na beira-mar
mais segura, não
há o que temer.
E se vêm outras
tantas ondas
rasas, lindas e
límpidas,
alegres como são
aquelas
crianças, para
que se deter no
humor de uma
única, mais
enfezada, que
lhes pregou
aquele susto? Há
que se divertir
com todas as
outras inéditas,
que se espalham
sem parar sobre
os pezinhos
felizes... E a
brincadeira
continua!
À beira-mar
encantadora dos
mares verdes do
Nordeste, lá
estava eu, como
essas crianças,
apreciando a
tepidez das
marolas cheias
de
estrelas-do-mar
investindo sobre
meus pés,
tratando-os como
não o consegue
nenhum dos
melhores
terapeutas
humanos; e
observava o jogo
de frescobol dos
meus filhos,
enquanto
subiam-me com
espontaneidade
estas reflexões,
conexas com tudo
mais.
A vaga que
derrubou o
Brasil nesta
chamada Copa das
Copas foi das
boas! Essa foi
bem dolorida;
mas, oras,
trata-se de um
jogo! Que
envolve
patrocínio,
profissionalismo,
milhões em
dinheiro - mas,
ainda e sempre,
é, e sempre
será, como uma
daquelas ondas,
como aquele jogo
de criança,
apenas que mais
barulhenta! Com
milhões de
participantes
envolvidos!
Quando a vaga é
das bravas...
Quando acontece
mais para dentro
do mar, fora da
margem segura
das marolas
mornas, área de
segurança das
crianças,
torna-se um jogo
adulto. Envolve
mais risco, mais
comprometimento
de todos os
participantes.
Mas, seja qual
tenha sido a
causa da
derrubada, ainda
e sempre será um
jogo! A vaga,
naquele jogo
contra a
Alemanha, veio
forte, derrubou!
Todos engoliram
um bocado de
areia e água
salgada,
sensação
horrível!
Irritou,
atordoou,
ninguém
esperava! Mas o
que é isso
diante da imensa
brincadeira que
são nossas vidas
no Universo,
diante do
contexto de
nossa
eternidade?!
Outras vagas
estão vindo,
meus amigos, e
não somente no
futebol!
Estejamos na
área tépida das
marolas
carinhosas,
terapêuticas
para os nossos
Espíritos, como
eu estava
naquela tarde,
no silêncio
acariciador da
orla morna, com
céus azuis de
brigadeiro se
espraiando para
todos os lados
dos horizontes,
somente com o
rumor manso das
brisas
refrescando o
meu rosto...
Estejamos na
área das vagas
mais impetuosas,
para
aventureiros
mais seguros e
mais ousados, a
verdade final é
que cada vaga -
cada onda rasa -
é inédita,
caprichosa! Tem
seu próprio
humor, cor - e
com elas
interagimos ao
nosso gosto, e
disso depende,
eternidade
afora, todo o
enredo dos
nossos
percursos!
Como reagiremos
às vagas
próximas, que
investem sem
parar, sem
querer
interromper o
jogo da vida,
testando-nos,
empurrando-nos,
compelindo-nos
ao próximo
lance? Diante
das ondas mais
enfezadas,
cairemos nas
areias de nossas
praias
individuais e
ali ficaremos,
chocados,
perplexos diante
do totalmente
inesperado, ou
diante do
melhor, ou do
que não nos
convinha aos
planos - ou,
como aquela
criança feliz,
exemplarmente
corajosa,
levantaremos
depois do
impacto, do
breve momento de
embaraço? E
priorizaremos o
prazer da
continuidade,
dos movimentos,
das
oportunidades
felizes com que
podemos criar
momentos de
alegria
inimaginável, se
nos dispusermos
a interagir com
os nossos
parceiros de
jogo e com as
vagas
incansáveis que
sempre, de forma
imprevista,
inédita, nos
presenteiam o
destino,
moldando-nos os
Espíritos para
uma condição
evolutiva
melhor?
Ascender à
plenitude da
felicidade é
nosso destino.
E, queiramos ou
não, o universo
nos ensina que
isto só
acontece,
exclusivamente,
obedecendo aos
imperativos da
Lei da
Impermanência!
Aprendamos esta
lição com as
dádivas da
natureza que nos
são presenteadas
por Deus nesta
grande e bela
morada celeste!