Fatos Espíritas
William Crookes
(Parte 5)
Continuamos
o estudo
metódico e sequencial do
clássico Fatos
Espíritas, de
William Crookes,
obra publicada em 1874,
cujo
título no original
inglês é
Researches in the
phenomena of the
spiritualism.
Questões preliminares
A. Esta obra
apresenta algum caso
relacionado com a
chamada escrita direta?
Sim. Num dos casos a
médium foi a Sra. Kate
Fox. William Crookes
estava sentado perto da
médium e não havia
outras pessoas
presentes, além de sua
mulher e uma senhora sua
parenta. Crookes
segurava as mãos da
médium com uma das suas
mãos, enquanto que os
pés dela estavam sobre
os seus. Diante de
todos, sobre a mesa,
havia papel e ele
segurava com a mão livre
o lápis. Mão luminosa
desceu do teto da sala
e, depois de ter pairado
perto dele durante
alguns segundos,
tomou-lhe o lápis,
escreveu rapidamente
numa folha de papel,
abandonou o lápis e, em
seguida, elevou-se acima
de suas cabeças,
perdendo-se pouco a
pouco na escuridão.
(Fatos Espíritas –
Escrita direta.)
B. Crookes tinha
plena convicção de que
os fenômenos indicavam a
ação de uma inteligência
exterior?
Segundo ele, estava
perfeitamente provado
que os fenômenos eram
governados por uma
inteligência, mas era
ainda necessário
conhecer a fonte dessa
inteligência. Seria do
médium, de uma das
pessoas presentes, ou
essa inteligência
estaria fora deles?
Cauteloso, ele não
desejava, por enquanto,
pronunciar-se de modo
positivo sobre esse
ponto; contudo, afirmou
ter observado vários
casos que pareciam
mostrar, de maneira
concludente, a ação de
uma inteligência
exterior e estranha a
todas as pessoas
presentes.
(Obra citada – Casos
particulares parecendo
indicar a ação de uma
inteligência exterior.)
C. Ele mencionou
algum desses fatos em
que a ação de uma
inteligência exterior
parece evidente?
Sim. Ele diz que certa
vez, estando presentes
pessoas que Kate Fox não
conhecia, ele viu a
médium escrever
automaticamente uma
comunicação para um dos
assistentes, enquanto
uma outra comunicação
sobre outro assunto lhe
era dada para uma outra
pessoa por meio do
alfabeto e por
“pancadas”. E durante
todo esse tempo a médium
conversava com uma
terceira pessoa, sem o
menor embaraço, sobre
assunto completamente
diferente dos outros
dois.
(Obra citada – Casos
particulares parecendo
indicar a ação de uma
inteligência exterior.)
Texto
para leitura
83. Aparições de
mãos, luminosas por si
mesmas, ou visíveis à
luz ordinária –
Sentem-se muitas vezes
contatos de mãos durante
as sessões às escuras,
ou em condições em que
não é possível vê-las.
Raramente tenho visto
essas mãos. Não darei
aqui exemplos em que os
fenômenos são produzidos
na escuridão, escolherei
porém alguns dos casos
numerosos em que vi
essas mãos em plena luz.
84. Pequena mão de muito
bela forma elevou-se de
uma mesa da sala de
jantar e deu-me uma
flor; apareceu e depois
desapareceu três vezes,
o que me convenceu de
que essa aparição era
tão real quanto a minha
própria mão. Isso se
passou à luz, em minha
própria sala, estando os
pés e as mãos do médium
seguros por mim, durante
esse tempo.
85. Em outra ocasião,
uma pequena mão e um
pequeno braço, iguais
aos de uma criança,
apareceram agitando-se
sobre uma senhora que
estava sentada perto de
mim. Depois, a aparição
veio a mim, bateu-me no
braço, e puxou várias
vezes o meu paletó.
86. Outra vez, um
indicador e um polegar
foram vistos arrancando
as pétalas de uma flor
que estava na botoeira
do Sr. Home e
depositando-as diante de
várias pessoas, sentadas
perto dele.
87. Várias vezes, eu
mesmo e outras pessoas
observamos mão estranha
comprimindo as teclas de
uma harmônica, ao passo
que, no mesmo momento,
víamos as mãos do
médium, que algumas
vezes eram seguras pelas
pessoas que se achavam
perto dele. As mãos e os
dedos não me pareceram
sempre sólidos e de
pessoa viva. Algumas
vezes, ofereciam antes a
aparência de nuvem
vaporosa, condensada em
parte, sob a forma de
mão. Todos os que se
achavam presentes não a
percebiam igualmente
bem. Por exemplo, quando
se vê mover uma flor ou
qualquer outro pequeno
objeto, um dos
assistentes notará um
vapor luminoso pairar em
cima; um outro
descobrirá uma mão de
aparência nebulosa,
enquanto outros apenas
verão a flor em
movimento.
88. Vi mais de uma vez,
primeiramente, um objeto
mover-se, em seguida uma
nuvem luminosa que
parecia formar-se ao
redor dele e, enfim, a
nuvem condensar-se,
tomar forma e
transformar-se em mão,
perfeitamente acabada.
Nesse momento, todas as
pessoas presentes podiam
ver essa mão.
89. Nem sempre ela é uma
simples forma, pois
algumas vezes parece
perfeitamente animada e
graciosa: os dedos
movem-se e a carne
parece ser tão humana
quanto à de qualquer das
pessoas presentes. No
punho e nos braços
torna-se vaporosa e
perde-se em uma nuvem
luminosa.
90. Ao contato, essas
mãos pareceram algumas
vezes frias como o gelo
e mortas; outras vezes
me pareceram quentes e
vivas e apertaram a
minha mão com a firmeza
de um velho amigo.
Retive uma dessas mãos,
bem resolvido a não
deixá-la escapar.
Nenhuma tentativa,
nenhum esforço foi feito
para fazer-me largar a
presa, mas pouco a pouco
essa mão pareceu
dissolver-se em vapor, e
foi assim que ela se
libertou da prisão.
91. Escrita direta
– É esta a expressão
empregada para designar
a escrita que não é
produzida por nenhuma
das pessoas presentes.
Obtive várias vezes
palavras e comunicações
escritas em papel
marcado com o meu sinete
particular e, sob as
mais rigorosas condições
de controle, ouvi na
escuridão o ranger do
lápis a mover-se sobre o
papel.
92. As precauções,
previamente tomadas por
mim, eram tão grandes
que eu estava
perfeitamente convencido
como se houvesse visto
os caracteres se
formarem. Mas, como o
espaço não me permite
entrar em todas as
minúcias, limitar-me-ei
a citar os casos nos
quais meus olhos, tão
bem quanto meus ouvidos,
foram testemunhas da
operação.
93. O primeiro fato que
citarei produziu-se, é
certo, em uma sessão às
escuras, mas o seu
resultado não foi menos
satisfatório. Eu estava
sentado perto da médium,
a Sra. Kate Fox; não
havia outras pessoas
presentes, além de minha
mulher e uma senhora
nossa parenta, e eu
segurava as mãos da
médium com uma das
minhas, enquanto que
seus pés estavam sobre
os meus. Diante de nós,
sobre a mesa, havia
papel e a minha mão
livre segurava o lápis.
Mão luminosa desceu do
teto da sala e, depois
de ter pairado perto de
mim durante alguns
segundos, tomou-me o
lápis, escreveu
rapidamente numa folha
de papel, abandonou o
lápis e, em seguida,
elevou-se acima das
nossas cabeças,
perdendo-se pouco a
pouco na escuridão.
94. O meu segundo
exemplo pode ser
considerado um
insucesso. Mas um grande
revés ensina muitas
vezes mais do que a
experiência mais bem
sucedida. Essa
manifestação se realizou
à luz, em minha própria
sala, e somente em
presença do Sr. Home e
de alguns amigos
íntimos.
95. Várias
circunstâncias, das
quais é inútil fazer a
narração, me tinham
mostrado que o poder do
Sr. Home era muito forte
essa noite. Exprimi,
pois, o desejo de ser
testemunha, nesse
momento, da produção de
uma comunicação escrita,
do modo pelo qual antes
eu tinha ouvido narrar
por um dos meus amigos.
Imediatamente nos deram
a seguinte comunicação
alfabética:
“Experimentaremos”.
96. Colocamos algumas
folhas de papel e um
lápis no meio da mesa e,
então, o lápis ergueu-se
apoiando-se sobre a
ponta, avançou para o
papel com saltos mal
seguros e caiu. Em
seguida, tornou a
levantar-se e a cair
ainda. Uma terceira vez
se esforçou, mas sem
obter melhor resultado.
97. Depois dessas três
tentativas infrutíferas,
uma pequena régua, que
se achava ao lado sobre
a mesa, resvalou para o
lápis e elevou-se a
algumas polegadas acima
da mesa, o lápis
levantou-se de novo,
apoiou-se na régua, e
ambos fizeram esforço
para escrever no papel.
Depois de terem
experimentado três
vezes, a régua abandonou
o lápis e voltou ao seu
lugar; o lápis tornou a
cair sobre o papel, e
uma comunicação
alfabética nos disse:
“Experimentamos
satisfazer o vosso
pedido, porém está acima
do nosso poder”.
98. Formas e figuras
de fantasmas – Esses
fenômenos são os mais
raros de todos os de que
fui testemunha. As
condições necessárias à
sua aparição dir-se-iam
tão delicadas, e é
preciso tão pouca coisa
para contrariar a
manifestação, que só
tive raríssimas ocasiões
de os ver em condições
satisfatórias.
Mencionarei dois desses
casos.
99. Ao cair do dia,
durante uma sessão do
Sr. Home em minha casa,
vi agitarem-se as
cortinas de uma janela
que estava cerca de oito
pés de distância do Sr.
Home. Uma forma sombria,
obscura, meio
transparente, semelhante
a uma forma humana, foi
vista por todos os
assistentes, em pé,
perto da janela da
sacada, e essa forma
agitava a cortina com a
mão. Enquanto a
olhávamos, desapareceu e
as cortinas deixaram de
se mover.
100. O caso que se segue
é ainda mais
surpreendente. Como no
caso anterior, o Sr.
Home era o médium. Uma
forma de fantasma
avançou de um canto da
sala, foi tomar uma
harmônica e em seguida
deslizou ligeira pela
sala, tocando esse
instrumento. Essa forma
foi visível, durante
vários minutos, por
todas as pessoas
presentes, ao mesmo
tempo em que se via
também o Sr. Home. O
fantasma aproximou-se de
uma senhora que estava
sentada a certa
distância dos demais
assistentes e, a um
pequeno grito dessa
senhora, desapareceu.
101. Casos
particulares parecendo
indicar a ação de uma
inteligência exterior
– Ficou já provado que
esses fenômenos são
governados por uma
inteligência. É muito
importante conhecer a
fonte dessa
inteligência. É do
médium, de uma das
pessoas presentes que
estão no aposento, ou
antes essa inteligência
estará fora deles?
102. Sem querer,
presentemente,
pronunciar-me de modo
positivo sobre esses
pontos, posso dizer que,
ao verificar que em
muitos casos a vontade e
a inteligência do médium
parecem ter muita ação
sobre os fenômenos,
observei também vários
casos que parecem
mostrar, de maneira
concludente, a ação de
uma inteligência
exterior e estranha a
todas as pessoas
presentes.
103. Desejo que se
compreenda bem o sentido
das minhas palavras: não
quero dizer que a
vontade e a inteligência
do médium se empreguem
ativamente de uma
maneira consciente ou
desleal à produção dos
fenômenos, mas que
acontece algumas vezes
que as suas faculdades
parecem agir de maneira
inconsciente. O espaço
não me permite dar aqui
todos os argumentos que
se podem apresentar para
provar essas asserções,
mas entre grande número
de fatos mencionarei
resumidamente um ou
dois.
104. Em minha presença
vários fenômenos se
produziram ao mesmo
tempo, sendo que a
médium não conhecia
todos os que ali
estavam. Cheguei a ver a
Sra. Kate Fox escrever
automaticamente uma
comunicação para um dos
assistentes, enquanto
uma outra comunicação
sobre outro assunto lhe
era dada para uma outra
pessoa por meio do
alfabeto e por
“pancadas”. E durante
todo esse tempo a médium
conversava com uma
terceira pessoa, sem o
menor embaraço, sobre
assunto completamente
diferente dos outros
dois.
(Continua no próximo
número.)