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Clássicos do Espiritismo
Ano 8 - N° 388 - 9 de Novembro de 2014
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

Fatos Espíritas

William Crookes

(Parte 13)

 

Continuamos o estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.

Questões preliminares

A. A comissão de sábios pôde presenciar fenômenos de efeitos físicos à plena luz?  

Sim. Eles puderam observar inúmeros fenômenos à plena luz, como, por exemplo, a movimentação espontânea de objetos. Um exemplo notável citado no Relatório elaborado pela comissão deu-se na segunda sessão: uma pesada cadeira (10 quilogramas), que se achava a um metro da mesa e por trás da médium, aproximou-se do Sr. Schiaparelli, que estava sentado perto da médium. Ele levantou-se para tornar a colocá-la no lugar; mas, apenas tinha sentado, a cadeira veio de novo colocar-se junto dele. (Fatos Espíritas - Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psíquicos.)

B. Enquanto tais fenômenos ocorriam, onde estava a médium Eusápia Paladino?  

Nesses momentos, enquanto os pés da médium eram vigiados, todos os assistentes faziam uma cadeia com as mãos, inclusive a médium, que ficava sentada entre dois pesquisadores. (Obra citada - Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psíquicos.)

C. Qual era o argumento utilizado geralmente pelos que negavam os fenômenos realizados na escuridão?

Todos eles tentavam explicar esses fenômenos supondo que a médium Eusápia teria a faculdade de ver na escuridão completa onde se faziam as experiências, e que, por hábil artifício, agitando-se de mil maneiras na escuridão, acabava por fazer segurar uma das mãos pelos seus dois vizinhos, tornando a outra livre para produzir os toques. Essa suposta faculdade atribuída à médium foi declarada impossível pelo Professor Richet. (Obra citada - Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psíquicos.)

Texto para leitura 

233. Relatório da comissão dos sábios que se reuniram em Milão, em 1892, para o estudo dos fenômenos psíquicos – Na sequência do Relatório os pesquisadores apresentaram a descrição dos fenômenos observados, iniciando pelos que foram verificados  à luz.

234. Movimentos espontâneos de objetos – Esses fenômenos foram observados vários vezes durante as sessões; frequentemente uma cadeira, colocada para esses fins, não distante da mesa, entre a médium e um dos seus vizinhos, começou a mover-se e, algumas vezes, se aproximou da mesa. Um exemplo notável deu-se na segunda sessão, sempre em plena luz: uma pesada cadeira (10 quilogramas), que se achava a um metro da mesa e por trás da médium, aproximou-se do Sr. Schiaparelli, que estava sentado perto da médium; ele levantou-se para tornar a colocá-la no lugar; mas, apenas tinha sentado, a cadeira veio de novo colocar-se junto dele.

235. Movimento da mesa sem contacto – Como a comissão desejasse obter esses fenômenos, a mesa foi, para esse fim, colocada sobre roldanas. Enquanto os pés da médium eram vigiados, todos os assistentes fizeram uma cadeia com as mãos, inclusive a médium. Quando a mesa começou a mover-se, todos levantaram as mãos, sem romper a cadeia, e a mesa, assim isolada, fez vários movimentos. Essa experiência foi repetida várias vezes.

236. Movimento da alavanca de uma balança – Esta experiência foi feita, pela primeira vez, na sessão de 21 de setembro. Depois de ter sido verificada a influência que o corpo da médium exercia sobre a balança, enquanto nela estava sentada, a comissão quis verificar se essa experiência poderia ter bom êxito, a distância. Para isso, a balança foi colocada por trás da médium sentada à mesa, de tal modo que a plataforma estivesse a 10 centímetros da sua cadeira.

237. Pôs-se, em primeiro lugar, a barra do seu vestido em contato com a plataforma; a alavanca começou a mover-se. Então, o Sr. Broffério deitou-se no chão e, segurando a barra do vestido, verificou que ela não estava perfeitamente direita; depois voltou ao seu lugar. Continuando os movimentos com bastante força, o Sr. Aksakof deitou-se no chão, por trás da médium, isolou completamente a plataforma da barra do vestido, dobrou este por baixo da cadeira e certificou-se, com a mão, de que o espaço estava perfeitamente livre entre a plataforma e a cadeira. Enquanto ele estava nessa posição, a alavanca continuava a mover-se e a bater de encontro à barra de descanso, o que todos viram e ouviram.

238. Uma segunda vez realizou-se a mesma experiência na sessão de 27 de setembro, em presença do Professor Richet. Quando, depois de certa espera, o movimento da alavanca se produziu à vista de todos, batendo no descanso, o Sr. Richet deixou o seu lugar, perto da médium, e, passando a mão no ar e pelo chão entre a médium e a plataforma, certificou-se de que esses espaços estavam livres de qualquer comunicação, fio ou cordel.

239. Pancadas e reprodução de sons na mesa – Essas pancadas sempre se produziram durante as sessões, para exprimir sim ou não; algumas vezes eram fortes e nítidas e pareciam ressoar na madeira da mesa; mas, como se notou, a localização do som não é coisa fácil e não foi possível fazer, a esse respeito, nenhuma experiência, à exceção de pancadas ritmadas ou diversas arranhadelas que os pesquisadores produzíamos na mesa e que pareciam reproduzir-se, em seguida, no interior da madeira, mas fracamente.

240. Fenômenos observados na escuridão – Os fenômenos observados na escuridão completa produziram-se enquanto estavam todos sentados ao redor da mesa, fazendo a cadeia (pelo menos durante os primeiros minutos). As mãos e os pés da médium estavam seguros pelos seus dois vizinhos.

241. Estando as coisas desse modo, verificaram-se logo depois os fatos mais variados e singulares, que, sem dúvida, não seriam obtidos em plena luz, pois a escuridão aumentava evidentemente a facilidade dessas manifestações, que podem ser classificadas do seguinte modo:  

1. Pancadas na mesa, sensivelmente mais fortes que as que se ouviam em plena luz; em baixo ou em cima dela, ruídos semelhantes ao de um murro ou de uma palmada.

2. Choque e pancadas nas cadeiras dos vizinhos da médium, por vezes bastante fortes para fazerem voltar a cadeira com a pessoa. Algumas vezes, quando esta pessoa se levantava, a cadeira era retirada.

3. Transporte, para cima da mesa, de objetos diversos, tais como cadeiras, vestuários e outras coisas, distanciadas de vários metros e pesando vários quilos.

4. Transporte, no ar, de objetos diversos (instrumentos de música, por exemplo); percussões e sons produzidos por esses objetos.

5. Transporte, para cima da mesa, da médium com a cadeira em que se achava sentada.

6. Aparição de pontos fosforescentes de muito pouca duração (uma fração de segundo) e de claridades, notadamente de discos luminosos, que muitas vezes se desdobravam, de duração igualmente muito curta.

7. Ruído de duas mãos que se batiam no ar, uma na outra.

8. Sopros sensíveis, como uma ligeira aragem, limitada a um pequeno espaço.

9. Toques produzidos por mão misteriosa, ora nas partes vestidas do corpo dos pesquisadores, ora nas partes descobertas (rosto e mãos), e neste último caso experimentava-se exatamente a sensação de contato e de calor que produz a mão humana. Por vezes percebiam-se realmente esse toques, com um ruído correspondente.

10. Visão de uma ou duas mãos projetadas num papel fosforescente ou uma janela fracamente iluminada.

11. Diversos trabalhos efetuados por essas mãos: nós feitos e desfeitos, traços de lápis (conforme toda a aparência) deixados sobre uma folha de papel ou outro lugar. Impressões dessas mãos numa folha de papel enegrecida.

12. Contato das mãos dos assistentes com uma figura misteriosa, que não era certamente a da médium.  

242. Todos os que negam a possibilidade dos fenômenos mediúnicos tentam explicar esses fatos supondo que a médium tem a faculdade (declarada impossível pelo Professor Richet) de ver na escuridão completa onde se faziam as experiências, e que, por hábil artifício, agitando-se de mil maneiras na escuridão, acaba por fazer segurar uma das mãos pelos seus dois vizinhos, tornando a outra livre, para produzir os toques.

243. Aqueles dentre os sábios que tiveram ocasião de vigiar as mãos de Eusápia são obrigados a confessar que a médium não se prestava certamente a facilitar a sua vigilância. No momento em que se ia produzir algum fenômeno importante, ela começava a agitar-se, torcendo-se e tentando libertar as mãos, sobretudo a direita, como de um contato penoso.

244. Para tornar a vigilância contínua, os seus vizinhos eram obrigados a seguir todos os movimentos da mão fugitiva, o que ocasionava perder-se, por limitados instantes, o seu contato, exatamente na ocasião em que mais se desejava tê-la presa. Nem sempre era fácil saber se se segurava a mão direita ou a esquerda da médium.

245. Por essa razão, muitas das manifestações observadas na escuridão foram consideradas como de valor demonstrativo insuficiente, posto que, em realidade, provável. Assim, a comissão decidiu não mencioná-las, expondo somente alguns casos sobre os quais não se pode ter nenhuma dúvida, seja por causa da certeza do exame feito, seja pela impossibilidade manifesta de terem eles sido obra da médium. (Continua no próximo número.)



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita