Fatos Espíritas
William Crookes
(Parte 16)
Continuamos o
estudo metódico
e sequencial do
clássico
Fatos Espíritas,
de William
Crookes, obra
publicada em
1874, cujo
título no
original inglês
é Researches
in the phenomena
of the
spiritualism. |
Questões preliminares
A. Embora tenha sido um
dos signatários do
Relatório firmado pelos
sábios, a que conclusões
chegou Charles Richet a
respeito dos fenômenos
observados?
Se podemos chamar a isso
de conclusão, eis o que
o ilustre sábio francês
declarou: Por mais
absurdas e ineptas que
sejam as experiências
feitas por Eusápia,
parece-me bem difícil
atribuir os fenômenos
produzidos à fraude
consciente, ou
inconsciente, ou a uma
série de fraudes.
Todavia, a prova formal,
irrecusável, de que não
é uma fraude de Eusápia
e uma ilusão nossa, não
a temos. É preciso,
pois, continuar de novo
até obtermos uma prova
irrecusável.
(Fatos Espíritas –
Conclusões de Charles
Richet.)
B. Que fatos relativos
aos fenômenos de
materialização foram
vistos e relatados pelo
Sr. Aksakof?
Em sua obra citada por
William Crookes, Aksakof
dividiu tais
experiências em quatro
categorias, segundo as
condições em que se
produzem: 1) O médium
está isolado; o agente
oculto fica invisível.
2) O médium está em
evidência, o agente
oculto está invisível.
3) O médium está
isolado; o agente oculto
aparece. 4) O agente e o
médium são
simultaneamente visíveis
aos espectadores. Mas
ele se deteve, em
especial, no terceiro
caso, em que o Espírito
materializado aparece em
local diferente de onde
se encontra o médium.
(Obra citada - Moldes
dos pés de Espíritos
materializados com o
auxílio da parafina.)
C. Para evitar fraudes,
que providência foi
adotada na experiência
realizada em Belper
(Inglaterra)?
Na aludida experiência o
Sr. W. P. Adshead
empregou uma gaiola,
construída especialmente
para nela ser encerrada
a médium, durante as
sessões de
materialização, a fim de
resolver definitivamente
esta questão: a figura
materializada é ou não
uma pessoa distinta da
médium? Essa questão foi
resolvida
afirmativamente. A
médium, a Srta. Wood,
foi colocada em uma
gaiola, cuja porta se
fechou com parafusos.
Foi nessas condições que
se viu aparecerem dois
fantasmas: o de uma
mulher conhecida pelo
nome de Meggie e o de um
homem chamado Benny.
Ambos saíram do
gabinete; em seguida
materializaram-se e
desmaterializaram-se
diante dos assistentes
e, enfim, procederam
sucessivamente à
moldagem de um dos seus
pés, na parafina.
(Obra citada - O agente
está visível, o médium
está isolado.)
Texto para leitura
280. Conclusões de
Charles Richet – E
agora, que se pode
concluir? – diz o sábio
professor, depois de ter
narrado minuciosamente
as principais
experiências. Pois não
basta enumerar as
experiências, é preciso
tirar-lhes as
consequências. As
palavras adiante
transcritas são de
autoria de Charles
Richet.
281. Se tivéssemos
obtido um resultado
inteiramente decisivo,
eu não hesitaria um
instante em proclamar
publicamente a minha
opinião, pouco me
incomodando com o
desfavor público, pois
não seria a primeira vez
que me achasse em
desacordo com a maioria,
mesmo quase com a
unanimidade dos meus
colegas; as dúvidas, que
não temo confessar, são,
pois, dúvidas reais, não
dúvidas de timidez ou de
hesitação em meu
pensamento.
282. Certamente, se se
tratasse de provar algum
fato simples e natural,
quase evidente a priori,
ou não contradizendo os
dados científicos
vulgares, eu estaria
plenamente satisfeito:
as provas seriam
largamente satisfatórias
e me pareceria quase
inútil continuar, tão
brilhantes e conclusivos
parecem ser os fatos
acumulados nessas
sessões; mas trata-se de
demonstrar fenômenos
verdadeiramente
absurdos, contrários a
tudo o que os homens, o
vulgo e os sábios têm
admitido há milhares de
anos.
283. É um desmoronamento
completo de todo o
pensamento humano, de
todas as suas
experiências; é um mundo
novo que se abre diante
de nós e, por
consequência, não é
possível ser muito
reservado na afirmação
desses estranhos e
assombrosos fenômenos.
284. Por minha parte
admito que, se Eusápia
engana, o faz não
propositadamente, mas
sim sem o saber, pois há
na produção desses
fenômenos, mesmo quando
não fossem sinceros, uma
parte bastante grande de
inconsciência.
285. Quanto à opinião
das pessoas que
acompanharam Eusápia
durante muito tempo,
seria de grande valor se
se tratasse de fenômenos
vulgares e ordinários;
mas os fatos de que se
trata são surpreendentes
demais para que a crença
de uma pessoa, não
habituada à
experimentação,
determine a minha
própria crença.
286. Estou bem certo da
boa fé do Sr. Chiaia e
de outros homens
distintos que têm,
durante meses e anos,
observado Eusápia, mas a
sua perspicácia não me
está demonstrada e posso
falar assim sem os
magoar, pois desconfio
da minha própria.
287. É preciso, antes de
tudo, afastar a hipótese
de um comparsa. E, se há
fraude, é Eusápia, só,
quem a executa, sem ser
ajudada por ninguém e
sem que ninguém perceba.
Ademais, se essa fraude
existe, é feita sem
aparelho, por meios
muito simples, quase
infantis. Eusápia não
traz nenhum objeto
consigo.
288. Resta então a única
hipótese possível, a de
Eusápia enganar,
remexendo os objetos com
os seus pés ou com as
mãos, depois de ter
desprendido as mãos e
pés das mãos e pés dos
seus vizinhos. Se esta
hipótese não explica, é
racional crer-se na
realidade dos fenômenos.
289. Pois bem, confesso,
essa explicação por
movimentos dos seus pés
e mãos não me satisfaz.
Em algumas experiências
– por exemplo, a da
cadeira que veio detrás
da cortina colocar-se
sobre o braço do Sr.
Fínzi, em meia escuridão
– não posso conceber
como a mão de Eusápia
pôde desprender-se e
como, estando
desprendida, pôde
executar esses
movimentos. Declaro-me
incapaz de compreender.
Mas, por outro lado,
trata-se de fatos tão
absurdos que é bom não
se satisfazer
rapidamente. As provas
dadas seriam bem
suficientes para uma
experiência de Química;
para uma experiência de
Espiritismo não
bastam...
290. Em definitivo: por
mais absurdas e ineptas
que sejam as
experiências feitas por
Eusápia, parece-me bem
difícil atribuir os
fenômenos produzidos à
fraude consciente, ou
inconsciente, ou a uma
série de fraudes.
Todavia, a prova formal,
irrecusável, de que não
é uma fraude de Eusápia
e uma ilusão nossa, não
a temos. É preciso,
pois, continuar de novo
até obtermos uma prova
irrecusável. (Charles
Richet)
291. Moldes dos pés
de Espíritos
materializados com o
auxílio da parafina
– Eis na sequência o que
nos diz a esse respeito
o Sr. Aksakof, na sua já
citada obra.
292. Essas experiências
podem ser divididas em
quatro categorias,
segundo as condições em
que se produzem:
1) O médium está
isolado; o agente oculto
fica invisível.
2) O médium está em
evidência, o agente
oculto está invisível.
3) O médium está
isolado; o agente oculto
aparece.
4) O agente e o médium
são simultaneamente
visíveis aos
espectadores.
293. O agente está
visível, o médium está
isolado – Na
experiência realizada em
Belper (Inglaterra) o
Sr. W. P. Adshead
empregou uma gaiola,
construída especialmente
para nela ser encerrada
a médium, durante as
sessões de
materialização, a fim de
resolver definitivamente
esta questão: a figura
materializada é ou não
uma pessoa distinta da
médium? Essa questão foi
resolvida
afirmativamente.
294. A médium, a Srta.
Wood, foi colocada em
uma gaiola, cuja porta
se fechou com parafusos.
Foi nessas condições que
se viu aparecerem dois
fantasmas: o de uma
mulher conhecida pelo
nome de Meggie e o de um
homem chamado Benny.
295. Ambos saíram do
gabinete; em seguida
materializaram-se e
desmaterializaram-se
diante dos assistentes
e, enfim, procederam
sucessivamente à
moldagem de um dos seus
pés, na parafina.
296. Foi Meggie quem
primeiramente tentou a
operação. Saindo do
gabinete, ela
aproximou-se do Sr.
Smedley e colocou a mão
nas costas da cadeira
por ele ocupada. O Sr.
Smedley perguntou se o
Espírito precisava da
cadeira; Meggie fez com
a cabeça um sinal
afirmativo.
297. Ele levantou-se e
colocou a cadeira diante
de dois baldes, em um
dos quais havia água
quente com uma camada de
parafina derretida na
superfície, e no outro
água fria. Meggie
sentou-se, ergueu seus
longos vestidos e
começou a mergulhar o pé
esquerdo
alternativamente na
parafina derretida e na
água fria, continuando
esse movimento até que o
molde ficasse concluído.
298. O fantasma estava
tão bem encoberto pelas
suas vestimentas, que
não nos foi mais
possível reconhecer o
operador. Um dos
assistentes, iludido
pela vivacidade dos
movimentos, exclamou: “É
Benny”. Então a aparição
colocou a mão sobre a do
Sr. Smedley, como para
lhe dizer: “Toque para
saber quem sou”. “É
Meggie, que acaba de me
estender a sua pequena
mão”, proferiu o Sr.
Smedley.
299. Quando a camada de
parafina adquiriu
espessura desejada,
Meggie descansou o pé
esquerdo sobre o joelho
direito e ficou nessa
posição cerca de dois
minutos; depois elevou o
molde, segurou-o algum
tempo no ar e deu-lhe
uma pancada, de maneira
que todos os presentes
pudessem vê-lo e ouvir
as pancadas; depois, a
meu pedido, mo entregou
e eu o depositei em um
lugar seguro.
300. Meggie tentou em
seguida a mesma
experiência com o pé
direito, mas, depois de
o ter molhado duas ou
três vezes, levantou-se,
provavelmente em
consequência do
esgotamento das suas
forças, retirou-se para
o gabinete e não mais
voltou. A parafina que
tinha aderido a seu pé
direito foi em seguida
achada sobre o soalho do
gabinete.
(Continua no próximo
número.)