Respeitar a
dignidade
das
pessoas
A constituição
da pessoa
humana, em todas
as suas
dimensões, é
extremamente
complexa, a que
se juntam
diversas
componentes
como: a
educação/formação;
o nível
cultural; a
hierarquia
axiológica; um
conjunto de
princípios;
normativos
sociais, e
jurídicos;
ideologias;
sentimentos e
emoções;
relações
interpessoais;
ambiente
cívico-cultural;
empresarial e
comunitário, que
ao longo do
tempo desenham e
consolidam uma
determinada
personalidade, à
qual se
adicionam,
também,
elementos
genéticos,
levando-a a
pensar, reagir,
decidir e
afirmar-se, com
diversas
caraterísticas,
no seio da
família, da
empresa e da
sociedade.
Claro que se
pode afirmar,
com segurança,
que não existem
duas pessoas
exatamente
iguais, cada uma
tem a sua
própria
personalidade, a
sua escala de
valores, um
certo modo de
intervenção,
eventualmente,
em função de
circunstâncias
que não domina,
objetivos nem
sempre fáceis de
alcançar e meios
que, muitas
vezes, não lhe
são acessíveis,
levando, em
situações de uma
certa ansiedade,
ou mesmo de
desespero, a
reagir perante
fatos e pessoas,
com atitudes e
comportamentos
inadequados.
Conhecem-se
estratégias,
métodos e
recursos que,
muitas vezes,
algumas pessoas
utilizam para
alcançar
determinados
objetivos e que,
como se costuma
dizer: “Não
olham meios para
atingir os fins”,
do gênero: “Vale
Tudo”,
provocando,
assim, graves e,
casualmente,
irreparáveis
estragos morais
e patrimoniais
em quem não
concorda, e/ou
não apoia as
suas ideias e
projetos.
É verdade que,
em certos
períodos, muito
delicados, numa
disputa para se
alcançar um
objetivo, este,
contudo, nem
sempre bem
esclarecido, há
pessoas que não
respeitam,
minimamente, a
dignidade de
quem não está em
sintonia com os
seus projetos e,
nestas
circunstâncias,
recorrem a todo
o tipo de “estratégias”
por vezes,
maquiavélicas,
para afastar e,
se possível,
eliminar os seus
opositores.
Hoje, mais do
que nunca, é
fundamental que
tenhamos um
comportamento de
respeito e
consideração
pelos nossos
semelhantes,
independentemente
do seu estatuto,
ideologia,
convicções
filosóficas,
religiosas,
políticas,
empresariais,
objetivos,
estratégias e
recursos para os
atingir.
Quando alguém se
compromete com
um projeto, e
que para o
concretizar
tenha de se
envolver numa
disputa, é
inaceitável que
utilize métodos
e expedientes
que, direta e/ou
indiretamente,
por si próprio
ou por
interposta
pessoa, difame,
humilhe, denigra
o bom nome, a
honra e
reputação de um
seu concorrente.
É inadmissível
que para obter
os fins a que se
propõe recorra a
“táticas”
incivilizadas.
A pessoa que
assim procede,
revela bem a sua
educação e
formação, o seu
caráter,
demonstra,
claramente, que
“não olha os
meios para
alcançar os seus
objetivos”
cabendo, neste
procedimento, se
necessário for,
eliminar todas
as pessoas que
se lhe opõem,
não dando
garantias de
isenção,
equidade e
confiança,
porque se hoje
tem determinadas
atitudes contra
quem tem
idênticos
projetos, no
futuro,
comportar-se-á,
da mesma
maneira,
incluindo-se
contra os que
hoje lhe dão
apoio. Cuidado,
muito cuidado
com tais
pessoas.
Qualquer pessoa
que vai disputar
um cargo, uma
situação, um
objetivo, deve
preocupar-se
consigo mesma,
apresentar as
suas ideias, os
meios para as
realizar
podendo, isso
sim, apontar, e
só neste
contexto e para
as funções que
pretende
desempenhar,
como tenciona
intervir,
criticando com
verdade
argumentos
verossímeis e
honestidade
intelectual o
que, outras, nas
mesmas funções,
fizeram de menos
bem, ainda que
involuntariamente,
sem dolo, muito
menos sem
qualquer
premeditação e
aproveitamento
próprio. Haja
respeito,
dignidade e
ética.
Bem analisadas
certas atitudes,
situações e
ideias, pode-se
aprender como
alguns
princípios,
traduzidos numa
sabedoria
popular e
milenar: “Filho
és, pai serás,
como fizeres,
assim receberás”;
“Diz-me com
quem andas,
dir-te-ei quem
és”; “Quem
de mim hoje diz
mal, amanhã dirá
de ti”; “Quem
está com todos,
não está com
ninguém”; “Quem
muito fala,
pouco acerta”;
“Quem é amigo
do meu inimigo,
meu inimigo é”,
“Quem o amigo
despreza quando
dele já não
precisa,
desprezar-te-á a
ti quando já não
lhe fores
necessário”
e muitos outros
aforismos que,
normalmente,
mais tarde ou
mais cedo,
alguns deles se
confirmam como
realidades.
Pautar a nossa
existência pelos
valores da
seriedade, da
verdade e da
ponderação, é
condição
essencial para
uma relação
digna, que
revela respeito
consideração e
estima, para com
os nossos
semelhantes. As
intervenções
públicas e
privadas devem
obedecer àqueles
valores, e se os
interlocutores
são pessoas das
nossas relações
particulares e
íntimas, aqui no
sentido da
confidencialidade,
cumplicidade e
sigilo dos
nossos atos,
pensamentos,
desejos,
problemas e
outras situações
delicadas, então
deveremos ser
totalmente
solidários,
amigos, leais,
por que não,
carinhosos,
meigos e
atenciosos?
A verdade é só
uma, sempre a
mesma, tal como
a lealdade, a
solidariedade, a
reciprocidade e
outros valores
que consolidam
os laços da
amizade e da
confiança, entre
pessoas que se
querem bem, que
se desejam o
melhor do mundo
uma à outra.
Princípios,
valores,
sentimentos e
emoções,
exercidos e
sentidos com
verdade, não são
negociáveis, nem
se trocam por
novas situações,
interesses,
aparências e
pessoas.
Pelo contrário,
a mentira, a
traição, a
indiferença, a
rejeição, a
altivez, a
soberba e a
ingratidão, mais
tarde ou mais
cedo, são como
uma máscara de
cera:
derretem-se ao
calor da
verdade, da
vaidade, do
orgulho e da
altivez; são
como o verniz
que estala,
quando somos
apanhados na
hipocrisia, na
bajulação do
querer-se “Agradar
a Gregos e
Troianos”.
Quando as
aparências
deixam de
produzir os
efeitos que
desejávamos, e
continuamos com
o jogo do “gato
e do rato”,
a diversão com
todos e para
todos,
convivendo com “Deus
e com o Diabo”,
enfim, quando a
nossa verdadeira
personalidade se
revela, chegou o
nosso fim,
inglório e
condenável,
porque as
pessoas, hoje,
como sempre, são
inteligentes e
sensíveis,
acabam por
descobrir a
nossa verdadeira
identidade
ético-moral.
É mais que
sabido que a
dupla
personalidade,
e/ou a vida
dupla, por muito
tempo que as
queiramos manter
em segredo,
haverá uma
circunstância
qualquer na
vida, uma
situação
imprevista, uma
necessidade que
urge satisfazer,
que nos vai
conduzir à
assunção de uma
posição que nega
todo um passado
de aparências,
de máscaras de
conveniências
interesseiras.
Então, a
credibilidade
que julgávamos
ter conquistado,
desmorona-se
como um castelo
de areia,
precisamente
porque
construída em
bases inseguras,
com valores
censuráveis, em
cima da
inverdade, da
deslealdade, da
ingratidão, da
arrogância
disfarçada em
tolerância, qual
“lobo vestido
com a pele de
cordeiro”,
afinal, nunca
deixou de ser a
fera que todos
temem, mas que
foi enganada
pelo falso
cordeiro.
Qualquer que
seja a nossa
atividade, no
exercício de
inúmeros papéis,
que num só dia
desempenhamos,
bem como ao
longo da vida, a
verdade sempre
acaba por
triunfar.
Poderemos até
levar uma vida
inteira de
hipocrisia, de
cinismo, de
bajulação, de
aparências, mas
ela vencerá para
nossa
reabilitação.
Podemos,
inclusivamente:
ter imensos
sucessos; vencer
obstáculos;
dominar pessoas;
submetê-las às
nossas vaidades,
caprichos,
poder, qualquer
que este seja;
sermos capazes,
certamente, de
enganar todo o
mundo, porém,
bem lá no fim da
vida, já numa
situação-limite,
onde nada, nem
mais ninguém
conseguimos
enganar, surge
uma entidade que
nos vai julgar e
condenar
exemplarmente,
sem direito a
“recurso”.
Com efeito, no
final
existencial da
pessoa, mas
ainda lúcida, a
Consciência
julgará e, ainda
que mais ninguém
o saiba, a
própria
criatura, a
única
protagonista do
mal, será ela a
sofrer a
condenação
silenciosa do
remorso, ela
própria se
atribuirá os
mais cruéis
qualificativos,
terá repugnância
de si mesma,
vergonha das
baixezas,
falsidades,
deslealdades e
ingratidões que
praticou.
A pessoa que
durante a vida
teve tais
comportamentos
será um farrapo
humano,
continuando,
todavia, a
vestir o fato do
sucesso, da
vaidade, da
notoriedade, do
protagonismo,
mesmo sabendo
que perante a
sua Consciência
não vale
rigorosamente
nada, que não
tem dignidade,
nem integridade,
nem lealdade
para ninguém.
Jamais ela
conseguirá
riscar da sua
vida esse
passado tão
sinuoso, tão
adulterado e
profundamente
condenável.
Mas é muito
provável que
tais pessoas não
fiquem
circunscritas
unicamente ao
seu próprio
conhecimento e
que,
paulatinamente,
os seus
semelhantes
comecem a
descobrir as
suas verdadeiras
personalidades,
bem como tudo o
que essas
pessoas
construíram ao
longo de uma
vida de
mentiras, de
bajulação, de
prepotências e
também de
ingratidões,
revelando,
finalmente, a
dupla
personalidade
e/ou a vida
dupla que
desenvolviam,
ostensiva e
arrogantemente.
É o fim de uma
encenação, em
que o
protagonista
morre às suas
próprias mãos,
”bebendo o
veneno que
fabricou para os
seus
semelhantes”
que, entretanto,
descobrindo toda
a maledicência,
lhe deram a
beber, em salva
dourada, como
que cumprindo
aquela célebre
frase: “A
vingança
serve-se fria,
em bandeja de
prata”. É
que a vida dá
muitas voltas e
o mundo está
repleto de
esquinas.
Em todo o caso,
não se defende
aqui, nem está
na formação do
autor, o recurso
àquele tipo de
“desforras”. Os
valores da
tolerância
(ainda que
persistam a
mágoa, a dor, o
sofrimento e o
desgosto), da
solidariedade,
da fraternidade
e da paz, entre
outros, devem
sobrepor-se a
quaisquer
intenções
malignas que não
aproveitam ao
desenvolvimento
de uma sincera
amizade entre as
pessoas.
Como corolário,
fique-se com a
ideia de que é
um erro grave
querer-se
conquistar as
simpatias, os
favores, o apoio
das pessoas, com
falsas
promessas, com
enganadores
argumentos, que
não são mais do
que inverdades.
Não é com
agressões aos
adversários que
se conquista a
adesão popular,
porque “quem
hoje me faz mal
a mim, amanhã
fará o mesmo
contigo” e
se pensar que já
não mais
precisará de ti,
então poderá
tornar-te a vida
num inferno.
Quem utiliza a
fraude, a
hipocrisia, as
falsas
aparências, a
deslealdade para
obter a simpatia
de todos, para
ser agradável
com todos, e
como ninguém é
igual a ninguém,
então não é
possível ser-se
verdadeiro,
leal, honesto e
solidário com
todos, porque
ter-se-á que
utilizar
atitudes com as
quais não se
concorda, logo,
surge,
inevitavelmente,
o jogo duplo e,
para agradar a
todos, terá de
se ser desleal
com alguns,
infiel para com
todos, hipócrita
e indecente.
Estes
comportamentos
pagam-se bem
caros, um dia
mais tarde.
Quando isso
acontecer,
certamente,
todas as pessoas
que assim agiram
serão
abandonadas,
porque há aquele
princípio,
segundo o qual “Se
hoje me enganas
a mim, para
obteres um
qualquer
benefício;
amanhã vais
enganar outro,
porque tens um
novo objetivo”
e assim
sucessivamente,
nunca se tendo
conhecimento de
quando foi a
primeira vez,
apenas a própria
pessoa o sabe,
de resto, até
será legítimo
pensar que “Se
procedeste assim
comigo,
provavelmente,
já o fizeste com
outras pessoas”,
embora haja
sempre uma
primeira vez na
vida, para tudo.
Este
comportamento
nunca se sabe
como acaba, mas
quem é vitima
dele poderá
pensar o
seguinte: “afinal,
quantos é que já
enganaste e
quantos mais
vais ludibriar?”.
Sejam, portanto,
verdadeiros,
amigos,
solidários,
respeitadores,
carinhosos e
gratos,
principalmente
com aqueles que
têm iguais
valores e
idênticos
comportamentos
para convosco,
sem contudo
descurarem o bom
relacionamento
para com os
restantes.
A Solidariedade,
a Amizade, a
Lealdade, a
Verdade, a
Gratidão, a
Cumplicidade e a
Reciprocidade só
têm um rosto,
são sempre assim
em quaisquer
circunstâncias
da vida, desde
que, realmente,
exista
consideração,
estima e
respeito, porque
«É preciso
que examinemos a
forma como
consumimos, como
trabalhamos,
como tratamos os
outros, para
percebermos de
que maneira a
nossa vida
diária expressa
o espírito da
paz e da
reconciliação,
ou se estamos a
fazer exatamente
o oposto» (HANH,
2004:16).
Bibliografia:
HANH, Thich Nhat,
(2004). Criar a
Verdadeira Paz.
Cascais:
Pergaminho.
Blog Pessoal:
http://diamantinobartolo.blogspot.com