A primeira vez que Auta de
Souza (Espírito) se
comunicou com Chico Xavier
ele jamais esqueceu. Foi
quando o médium psicografou
o soneto intitulado "Nossa
Senhora da Amargura".
Certa noite, quando ele
orava, viu aproximar-se uma
jovem reluzente. Pediu papel
e lápis e começou a
escrever. A entidade chorava
tanto que Chico começou a se
debulhar em lágrimas também.
No final das contas, ele já
não sabia se os seus olhos
eram os dela ou vice-versa.
Muito mais tarde ele
identificaria a dona
daquelas pupilas: a poeta
Auta de Souza, do Rio Grande
do Norte, que morrera em
1901, com 24 anos. Na época,
ele assinou o soneto com seu
nome: F. Xavier, mas se
sentiu culpado quando
recebeu de um crítico
português uma carta recheada
de pontos de exclamação e
adjetivos entusiasmados.
“Recebi elogios por um
trabalho que não me
pertencia”, diria depois o
saudoso médium.
Do livro As Vidas de
Chico Xavier, de Marcel
Souto Maior, 2ª edição,
2003.
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