|
Cairbar Schutel
1868 – 1938 |
|
No dia 22 de setembro de 1868, filho do
casal Anthero de Souza Schutel e Rita
Tavares Schutel, nasceu Cairbar de Souza
Schutel, no Rio de Janeiro, então sede
da Corte Imperial do Brasil, onde
praticou em diversas farmácias e, aos 17
anos, foi para o Estado de São Paulo,
trabalhar como farmacêutico em
Piracicaba, Araraquara e depois em
Matão, cidade em que viveu durante 42
anos.
Possuidor de brilhante cultura, de
grande prestígio social e sobretudo de
notória autoridade moral, acabou sendo
escolhido para o honroso e histórico
cargo de primeiro Prefeito da cidade de
Matão, cargo que ocupou por duas vezes;
a primeira de 28 de março a 07 de
outubro de 1899, voltando a exercê-lo de
18 de agosto a 15 de outubro de 1900,
conforme consta das atas e dos registros
históricos da municipalidade matonense.
Nascido em família católica, batizado
aos 7 anos de idade, Cairbar Schutel
cumpria suas obrigações perante a Igreja
de Roma. Entretanto, já adulto e vivendo
em Matão, passou a receber, em sonhos, a
visita constante de seus falecidos pais,
porque ele ficara órfão de ambos com
menos de 10 anos de idade. Insatisfeito
com as explicações de um padre para o
fenômeno, Schutel procurou Quintiliano
José Alves e Calixto Prado, que
realizavam reuniões de práticas
espíritas domésticas, logrando então
entender a realidade do mundo
extrafísico.
Convertido ao Espiritismo, cuidou logo
de legalizar o Grupo (hoje
Centro) Espírita
Amantes da Pobreza, cuja ata de
instalação foi lavrada no dia 15 de
julho de 1905. Resolvido a difundir a
Doutrina Espírita pelos quatro cantos do
mundo − e
mesmo vivendo em uma pequena e modesta
cidade no interior do Brasil −,
o "Bandeirante do Espiritismo", como
ficou conhecido Cairbar Schutel, fundou
o jornal O
Clarim, no
dia 15 de agosto de 1905, e a RIE − Revista
Internacional de Espiritismo, no
dia 15 de fevereiro de 1925, ambos
circulam até hoje.
Além disso, o incansável arauto da Boa
Nova, com todas as dificuldades da época
e da região, viajava semanalmente até a
cidade de Araraquara para proferir, aos
domingos, as suas famosas 15 Conferências
Radiofônicas, pela Rádio Cultura de
Araraquara (PRD − 4),
no período de 19 de agosto de 1936 a 02
de maio de 1937.
Escritor fértil, entre 1911 e 1937,
escreveu os livros O
batismo, Cartas
a esmo, Conferências
radiofônicas, Histeria
e fenômenos psíquicos, O
diabo e a igreja, Espiritismo
e protestantismo, O
espírito do cristianismo, Os
fatos espíritas e as forças X, Gênese
da alma, Interpretação
sintética do apocalipse, Médiuns
e mediunidades, Espiritismo
e materialismo, Parábolas
e ensinos de Jesus, Preces
espíritas, Vida
e atos dos apóstolos, A
questão religiosa,Liberdade e
progresso, Pureza
doutrinária, A
vida no outro mundo e Espiritismo
para crianças.
Para publicá-los, Schutel não mediu
esforços: adquiriu máquinas, papel,
tinta, cola e outros insumos para
impressão, procurando escolher sempre
material de primeira categoria. Desse
esforço surgiu a Casa Editora O Clarim,
que hoje emprega inúmeros funcionários
em Matão, tendo publicado mais de cem
títulos de obras de renomados autores,
encarnados e desencarnados.
Consciente de sua responsabilidade como
cidadão, cuidou de regularizar a sua
união com Maria Elvira da Silva e Lima,
com ela se casando no dia 31 de agosto
de 1905; o casal Schutel não teve filhos
carnais, porém sua dedicação aos
semelhantes ficou indelevelmente marcada
na história de Matão, uma vez que ambos
jamais deixaram de atender aqueles que
os procuravam.
Depois de curta enfermidade, Cairbar
Schutel faleceu em Matão, no dia 30 de
janeiro de 1938. Durante e após suas
exéquias, inúmeras pessoas de Matão, das
cercanias, do Estado de São Paulo e de
diversas regiões do Brasil,
prestaram-lhe comovente tributo de
gratidão e reconhecimento pelo trabalho
desenvolvido, tendo certamente cumprido
a sua missão.
Aliás, o prestigioso jornal A
Comarca, de Matão, em sua edição de
6 de fevereiro de 1938, consignou o
seguinte: "É absolutamente impossível em
Matão falar-se quer da nossa história
passada, quer da nossa história hodierna
sem mencionar Cairbar Schutel. Cairbar
Schutel foi, para Matão, um dínamo
propulsor do seu progresso, um arauto
dedicado e eloquente das suas aspirações
de cidade nascente. Mais do que isso foi
o homem que, como farmacêutico, acorria
com o seu saber e com a sua caridade à
cabeceira dos doentes, naqueles tempos
em que o médico era ainda nos sertões
que beiravam o 'Rumo', uma autêntica 'avis
rara' ".
Militando na política por algum tempo, a
sua atuação pode ser traduzida no curto
parágrafo que abaixo transcrevemos,
fragmento de um discurso pronunciado em
1923, na Câmara Estadual, pelo Deputado
Dr. Hilário Freire, quando aquele
ilustre parlamentar apresentou o projeto
da criação da Comarca de Matão. Ei-lo:
"Em 1898, o operoso, humanitário e
patriótico cidadão Sr. Cairbar de Souza
Schutel, empregando todo o largo
prestígio político de que gozava, e
comprando com os seus próprios recursos
o prédio para instalação da Câmara,
conseguiu, por intermédio de um projeto
apresentado e defendido pelo Dr.
Francisco de Toledo Malta, de saudosa
memória, a criação do município de
Matão".
Dizem algumas comunicações mediúnicas
que o Espírito Cairbar Schutel está, no
mundo espiritual, encarregado pela
divulgação do Espiritismo na Terra;
sendo confirmada tal informação, essa
nobre tarefa está muito bem dirigida,
porque o movimento espírita deve muito
ao querido "Bandeirante do Espiritismo",
assim como à sua digníssima esposa Dona
Maria Elvira da Silva Schutel, pois,
como diz a sabedoria popular, ao lado de
um grande homem há sempre uma grande
mulher!
|
|
|
|
|
|