Artur Lins de Vasconcellos
Lopes foi expressiva figura
do Espiritismo brasileiro.
Franco e combativo, jovial e
sereno, sincero e leal, bom
e caridoso fazia dessas
virtudes uma coisa rotineira
em sua vida de relação, sem
jamais ostentá-la no
convívio com seus
companheiros de ideal.
Foi presidente da
Coligação Nacional
Pró-Estado Leigo,
instituição republicana
fundada em 17 de maio de
1931, a qual desenvolveu
ingente trabalho em favor da
separação entre a Igreja e o
Estado, principalmente por
ocasião dos trabalhos
constituintes que culminaram
com a promulgação da nova
Constituição Brasileira, no
ano de 1946, tendo enviado
numerosas ações cívicas de
grande profundidade nos anos
subsequentes.
O esforço de Lins de
Vasconcellos em favor do
congraçamento dos espíritas
do Brasil foi dos mais
salientes, contribuindo de
forma decisiva para o
advento do Pacto Áureo
de unificação dos espíritas
do Brasil, no dia 5 de
outubro de 1949. A ele se
deve apreciável parcela dos
trabalhos encetados nos anos
de 1947 a 1952, em favor de
um maior entrelaçamento
entre os espíritas em nosso
país.
Do jornal Mundo Espírita'
que se edita em Curitiba,
extraímos os seguintes dados
biográficos desse grande
vulto do Espiritismo
brasileiro:
A batalha travada por
Lins de Vasconcellos foi
ingente, árdua e heroica.
Nascido numa região áspera,
princípio geográfico da
caatinga, entre Paraíba e
Pernambuco, era natural que
Artur Lins trouxesse no
Espírito a agressividade do
berço agreste. Lutando,
todavia, contra o meio,
aprimorando qualidades,
resistindo aos meios
desonestos de ganho, foi
abrindo um caminho limpo
para a vida. Ainda na
adolescência, Lins deixou a
Paraíba para residir no Rio
de Janeiro. Na antiga
Capital Federal a demora foi
curta.
Imaturo, com aquela ânsia
de aventuras próprias da
idade, e também ávido de
conhecimento, Lins partiu
para o sul do país,
fixando-se em Curitiba.
Constituiu família;
formou-se em agronomia; fez
concurso para cartorário.
Sua vida seguiu firme.
Tornou-se espírita,
integrando-se totalmente na
doutrina. Em 1926 houve
grave incidente entre o
governo do Estado e
elementos liberais, por
questões religiosas. É que o
governo estadual, sem
autorização da Assembleia,
presenteara terrenos e
dinheiro do patrimônio
público ao clero. Pequeno
número de cidadãos protestou
contra o ato indébito do
governo. Entre eles estava
Lins de Vasconcelos. Este
defendeu, de forma corajosa,
perante o governo, que os
princípios tutelares da
democracia são inderrogáveis
ainda ao arbítrio dos
governadores. Aquela posição
destemida de Lins na questão
dos bispados acarretou-lhe
demissão do cargo. Vencera o
fanatismo religioso;
sobrepunha-se a intolerância
ao direito intangível de um
democrata. E sobrava razão a
Lins: o governo não podia
dar ao clero, de mão
beijada, terrenos e dinheiro
do Estado.
Uma vez demitido, Lins
não se deixou abater pela
sanha intolerante. Colocou
suas energias na indústria.
Venceu. Tornou-se
milionário. Mas o dinheiro
que amealhava facilmente
como ele próprio dizia
−
era um depósito que lhe
fazia Deus para a
distribuição aos pobres,
através do Espiritismo.
Fez-se banqueiro dos
desafortunados!
Era simples e sem
vaidades. O que mais se
admirava em Artur era o
triunfo do seu Espírito
sobre uma das mais terríveis
provas a que uma criatura
pode submeter-se: a riqueza!
Rico, mais do que rico,
opulento, Lins de
Vasconcellos venceu
galhardamente o fascínio do
ouro, esmagou o poderio que
a fortuna traz, afogou no
nascedouro os gozos efêmeros
que o dinheiro carreia. A
moeda que lhe vinha dos
negócios era destinada a
creches, a orfanatos, a
albergues, a sanatórios, a
escolas, a revistas e a
jornais doutrinários.
Há lindos lances de puro
Cristianismo na vida de
Artur Lins de Vasconcellos,
mas relatá-los seria, por
certo ferir a humildade do
nosso querido irmão
desencarnado. Basta
chamar-lhe: Banqueiro dos
Pobres! É um título
magnificente que milhões e
milhões de desencarnados
gostariam de possuir. Artur
Lins de Vasconcellos obteve
esse título em vida,
abençoado por milhares de
bocas!
Lins de Vasconcellos não se
empolgou com seus sucessos
mundanos. Fez, isso sim, da
riqueza material,
instrumento para a
realização do Bem. Foi bom,
vestindo os desnudos, dando
de comer aos esfomeados,
instrução e educação aos que
dessa assistência
precisavam.
Tendo desencarnado em S.
Paulo, seu corpo foi para
Curitiba
−
cidade que tanto amou
−
e em cujo solo desejava que
sua matéria repousasse no
dia que o Pai o chamasse.
Seu pedido foi satisfeito.
Assim, no Jardim em frente
ao Pavilhão Administrativo
do Sanatório Bom Retiro, no
bairro do Pilarzinho, em
Curitiba, encimado por uma
pedra simples, mas que
revela bom gosto, na qual há
uma placa de bronze com
expressiva inscrição, foi
inumado o corpo do querido
companheiro de ideal
espírita, aquele que tantas
lutas sustentou ante a
incompreensão dos homens,
para que a Doutrina dos
Espíritos demonstrasse ser
capaz de transformar as
criaturas desajustadas em
seres com capacidade para
amar o próximo, assim como
Jesus nos amou.
A Federação Espírita do
Paraná, que tantos
benefícios recebeu de Lins
de Vasconcellos, prestou-lhe
ultimamente significativa
homenagem, dando seu
respeitável e inesquecível
nome ao educandário que
naquele bairro mantém, no
momento, funcionando com o
curso ginasial, o Instituto
'Lins de Vasconcellos'.
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