Espiriticamente, como se explicaria a tragédia de Santa
Maria?
Há pessoas dizendo que a tragédia de Santa Maria foi
porque as vítimas faziam culto ao diabo.
Em que as vítimas teriam prejudicado Deus, imutável que
é, para que Ele se vingasse deles, seus pais, irmãos,
amigos, colegas e todo o Brasil? Esse conceito antigo e
mitológico de Deus dessas pessoas cria ateus, conceito
esse que está longe do de Deus Amor e Pai, ensinado por
Jesus!
O pecado está para Deus como o crime está para a lei. O
pecado é contra Deus, mas é o nosso próximo que sofre,
e, por consequência, o autor do pecado. E o crime é
contra a lei, mas é a vítima que sofre. Aliás, se Deus
sofresse com o pecado, Ele seria o ser mais infeliz.
Mas mesmo que Deus sofresse com o pecado, por ser Ele
Amor (1 João 4: 8), jamais Ele se vingaria de alguém.
A lei de causa e efeito (carma, lei da reciprocidade, do
retorno etc.) é inexorável. Ela está na Bíblia e em
todas as outras escrituras sagradas e não é castigo de
Deus, pois somos nós mesmos que a manipulamos com o
nosso livre-arbítrio. E essa palavra castigo deriva-se
do verbo latino “castigare” (purificar). Daí também o
vocábulo castidade (pureza). Mas ninguém deixará de
pagar tudo até o último centavo (Mateus 5: 26). Porém,
colhido todo o seu mal semeado, o semeador fica
purificado e não vai pagar mais nada, o que joga por
terra, totalmente, as chamadas “penas eternas”. E há
outra maneira de nós nos purificarmos: fazendo o bem.
“Uma boa ação encobre multidão de pecados.” (1 Pedro
4:8). “Perdoados lhe são seus muitos pecados, porque ela
muito amou.” (Lucas 7: 47). Vale a pena, pois, nós nos
purificamos com a prática do bem. E jamais há um
determinismo inevitável de sofrimento, pois o nosso
livre-arbítrio pode mudar as coisas. E “quem não for
pelo amor, vai pela dor” (Dito espírita).
A lei de causa e efeito é uma disciplina que nos ajuda
em nossa evolução moral, pois, com ela, vamos aprendendo
que vale mesmo a pena praticarmos o Evangelho ou a
Doutrina Espírita, cuja moral é a mesma do excelso
Mestre. E a colheita não é só de dor, mas também de
felicidade. Há também o chamado carma-crédito, isto é,
aquele em que o indivíduo sofre sem culpa, o que se
torna um crédito para ele em sua caminhada evolutiva. É
possível, pois, que haja entre as vítimas de Santa
Maria, as quais, antes de reencarnarem, possam ter
escolhido aquela prova de carma-crédito, com o objetivo
de acelerarem sua evolução, o que se pode aplicar
também aos seus entes queridos sofredores. O sofrimento
de Jesus é um exemplo disso que O glorificou diante de
Deus. (Lucas 24:26). E esse carma-crédito é até um dos
motivos por que Jesus nos ensinou que não devemos julgar
ninguém.
E não concluamos de tudo isso que Deus goste de nosso
sofrimento, pois Ele não é sádico! “Se a obra de alguém
se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo,
todavia, como que através do fogo” (1 Coríntios 3:15).
Apenas há a colheita do sofrimento na contabilidade da
justiça divina cármica, o que nos purifica e nos faz
lembrar do Purgatório e da Doutrina da Satisfação da
Teologia Católica. E purificado o Espírito, ele se torna
plenamente feliz!