Um minuto
com Chico Xavier |
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por Regina Stella Spagnuolo |
Certa vez, um rapaz
da Nicarágua se aproximou de Chico e Eurípedes e
desabafou, sem mais nem menos: enfrentava problemas com
a mulher e precisava de ajuda. Chico resolveu visitá-lo
naquela noite mesma. O médico o acompanhou e estranhou
seu comportamento na casa do nicaraguense. Mal chegou,
ele começou a conversar com a mulher dele em espanhol
fluente. O bate-papo demorou quarenta minutos. Chico
parecia outra pessoa. Quando saíram, explicou: "Era a
avó daquela senhora. Eu a estava ajudando, dando
conselhos..."
Chico e Waldo saíram dos Estados Unidos e aterrissaram
na França. Chico, é claro, fez questão de visitar o
túmulo de Allan Kardec, no cemitério Père Lachaise.
Rezou e chorou. Antes de voltarem ao Brasil, passaram
por Lisboa, onde deixaram textos escritos em bom
português. Num deles, assinado por Emmanuel, vinha a
convocação.
- Atendamos à caridade que suprime a penúria do corpo,
mas não menosprezemos o socorro às necessidades da alma.
Divulguemos a luz da Doutrina Espírita. Auxiliemos o
próximo a discernir e pensar.
Chico repetia palavras de Cristo: Conhecereis a verdade
e a verdade vos fará livres.
Emmanuel completava com mão de ferro: os mortos estão
vivos. Livres para sermos felizes em nossas obrigações e
para sermos mais responsáveis perante Deus.
Nessa primeira viagem, Chico e Waldo lançaram sementes
kardecistas no exterior. No ano seguinte, eles voltaram
aos Estados Unidos para fiscalizar a plantação. Antes de
partir, em abril, Chico pediu a retificação de seu nome.
Estava cansado de usar, em documentos oficiais, o
Francisco de Paula Cândido. O juiz Fábio Teixeira
Rodrigues Chaves autorizou. E a certidão de nascimento
dele, em Pedro Leopoldo, mereceu um reparo na margem
direita ao lado do registro original: onde está o
nascimento de Francisco de Paula Cândido, fique
constando Francisco Cândido Xavier. Com seu "nome
artístico" reconhecido, ele viajou disposto a dar um
passo importante: o lançamento da versão em inglês do
livro Ideal Espírita.
Para atrair mais leitores, o título se transformou em
The World of The Spirits e chegou às lojas com o
selo da respeitada Philosophycal Library. Chico ficou
eufórico. A viagem era um sucesso. Mrs. Phillis Haddad
contribuiu para o otimismo do espírita. Inspirada, ela
deu provas de estar em sintonia com o outro mundo e
tocou num dos pontos mais sensíveis de Chico: colocou no
papel recados assinados por uma certa Maria João de
Deus.
Aos espíritas já irritados com a badalação da dupla no
exterior, a FEB apresentou, em sua revista Reformador,
um artigo assinado por Salim Salomão intitulado: "Por
que Estados Unidos". Era quase um pedido de desculpas
pelo sumiço dos dois: Os guias espirituais dos
infatigáveis médiuns apontaram-lhes a necessidade de
aprendizado da língua inglesa a fim de que as recepções
de mensagens nesse idioma se tornassem menos difíceis e
mais rápidas. Daí também a necessidade de suas ausências
do Brasil e do seu treinamento intensivo em estudos do
inglês, o que vinham fazendo com admirável progresso,
pontualidade e dedicação.
A viagem renderia. Livros como Agenda Cristã e
Nosso Lar seriam vertidos para o inglês, japonês e
tcheco. O kardecismo começaria a engatinhar nos Estados
Unidos. Um Centro de Sheilla seria inaugurado em Miami,
ao lado de outros dois centros. Nova York sediaria três
casas espíritas, a Califórnia ficaria com duas e
Filadélfia com outra nos trinta anos seguintes. Nada
muito estimulante. The World of The Spirits
venderia, no primeiro ano, 216 exemplares. Chico achou
ótimo.
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel
Souto Maior.
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