O
banquete dos publicanos
Jesus penetrava com facilidade na problemática de cada
ser, pois conhecia as causas que dificultam a existência
terrena. Conseguia ver além do que a pessoa procurava
mostrar, vislumbrando os seus conflitos; conhecia a
origem dos desequilíbrios emocionais, porque sabia que
cada homem é a soma de múltiplas existências vividas.
Não ignorava que a causa dos acontecimentos, na vida
física e social, está pautada nas escolhas que o homem
fez e faz, em cada instante da sua vida. Jesus entendia
que os humildes e conflituosos necessitavam dele muito
mais que os poderosos que, por sua arrogância e empáfia,
não necessitavam, como não necessitam, ainda hoje, do
alimento espiritual que vinha nos trazer. Até porque
não entenderiam o significado das Suas mensagens, pois
se movimentam num mundo de ilusões.
Na verdade, o Mestre agia como psicoterapeuta na
preservação de doenças do corpo e da alma, ensinando ao
homem a vivência da saúde integral, oferecendo, também,
a cura com o objetivo de levar ao usufruto das bênçãos
que estão ao alcance dos homens que as queiram
vivenciar. A mensagem de Jesus dirigia-se, assim, como
ainda hoje acontece, aos enfermos da alma cujos corpos,
por consequência, permanecem doentes.
E o mais importante nos ensinamentos é que eles vieram
curar a alma de forma permanente, pois, ao praticá-los,
superamos, eliminamos os elementos causadores dos distúrbios físicos, emocionais e morais que nos
assombram a existência.
Passamos, assim, de pacientes a médicos de nós mesmos na
cura definitiva das nossas mazelas, provocadas pela
preguiça, ociosidade, maledicência, queixumes
constan-tes, crueldade, prepotência e tantas outras
imperfeições e viciações que alimentamos e reforçamos
durante a nossa vida terrena. “Trazendo a toda
Humanidade a proposta psicoterapeuta preventiva,
através da qual seria possível a vivência da saúde
integral, oferecia também a curadora, de modo que todos
pudessem desfrutar das bênçãos que estão ao alcance de
quem as queira vivenciar.”
Jesus nunca usou de hipocrisia ou de atitudes de medo e,
por isso, convidou-nos a não reter a luz do
esclarecimento somente para nós. Proclamou a necessidade
de sermos sinceros e autênticos mediante uma proposta de
escolha moral, convidando-nos, através dessas balizas,
a uma postura sem subterfúgios, diante das quais a
coragem da fé se torna patente porque temos segurança
dos objetivos a serem alcançados. Passamos a agir sem
titubeios, sem incertezas, atitudes tão comuns nas
atividades imediatistas de consumo, não importando época
ou local em que se viva.
A passagem evangélica que serve de reflexão para nós, na
qual Jesus se reúne aos publicanos – homens que
coletavam os impostos e que eram considerados pecadores
pelos sacerdotes – para um banquete, mostra-nos o
Mestre preocupado em abraçar a todos aqueles que
necessitavam de auxílio.
De forma elucidativa, Emmanuel coloca a importância
desse banquete com os publicanos, lembrando que esse
fato não foi percebido em toda sua significação, de
maneira geral, pela comunidade cristã em seus diversos
setores.
Diz-nos o respeitável orientador espiritual que a
última ceia com os discípulos íntimos revestiu-se de
singular importância, por ter sido um momento de
despedida afetuosa dos amigos de apostolado e de
sublimes lições. Entretanto, “é necessário recordar
que o Mestre atendia a esse círculo em derradeiro lugar,
porquanto já se havia banqueteado carinhosamente com os
publicanos e pecadores. Partilhava a ceia com os
discípulos, num dia de alta vibração religiosa, mas
comungara o júbilo daqueles que viviam à distância da
fé, reunindo-os, generoso, e conferindo-lhes os bens
nascidos de seu amor”.
Por isso, quando os grandes, aqueles que se achavam
isentos de pecados, como eles próprios afirmavam,
perguntaram aos discípulos por que Jesus comia com os
pecadores, o Divino Amigo respondeu que “os sãos não
precisam de médicos”, confirmando, com isso, sua
condição de médico das almas.
Bibliografia:
1 – KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o
Espiritismo.
2 – XAVIER, F. C. – Caminho Verdade e Vida,
ditado pelo Espírito Emmanuel – FEB Editora.
3 - Fonte Viva, ditado pelo
Espírito Emmanuel – FEB Editora.
4 – MATEUS, 9: 10-12.
5 – FRANCO, Divaldo Pereira – Jesus e o Evangelho à
luz da psicologia profunda, ditado pelo Espírito
Joanna de Ângelis – Editora Leal – Salvador/BA, p. 202.