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por Leda Maria Flaborea

O banquete dos publicanos

Jesus penetrava com facilidade na problemática de cada ser, pois conhecia as causas que dificultam a existência terrena. Conseguia ver além do que a pessoa procurava mostrar, vislumbrando os seus conflitos; conhecia a origem dos desequilíbrios emocionais, porque sabia que cada homem é a soma de múltiplas existências vividas.
Não ignorava que a causa dos acontecimentos, na vida física e social, está pautada nas escolhas que o homem fez e faz, em cada instante da sua vida. Jesus entendia que os humildes e conflituosos necessitavam dele muito mais que os poderosos que, por sua arrogância e empáfia, não necessitavam, como não necessitam, ainda hoje, do alimento espiritual que vinha nos trazer. Até porque não entenderiam o significado das Suas mensagens, pois se movimentam num mundo de ilusões.
Na verdade, o Mestre agia como psicoterapeuta na preservação de doenças do corpo e da alma, ensinando ao homem a vivência da saúde integral, oferecendo, também, a cura com o objetivo de levar ao usufruto das bênçãos que estão ao alcance dos homens que as queiram vivenciar. A mensagem de Jesus dirigia-se, assim, como ainda hoje acontece, aos enfermos da alma cujos corpos, por consequência, permanecem doentes.
E o mais importante nos ensinamentos é que eles vieram curar a alma de forma permanente, pois, ao praticá-los, superamos, eliminamos os elementos causadores dos distúrbios físicos, emocionais e morais que nos assombram a existência.
Passamos, assim, de pacientes a médicos de nós mesmos na cura definitiva das nossas mazelas, provocadas pela preguiça, ociosidade, maledicência, queixumes constan-tes, crueldade, prepotência e tantas outras imperfeições e viciações que alimentamos e reforçamos durante a nossa vida terrena. “Trazendo a toda Humanidade a proposta psicoterapeuta preventiva, através da qual seria possível a vivência da saúde integral, oferecia também a curadora, de modo que todos pudessem desfrutar das bênçãos que estão ao alcance de quem as queira vivenciar.”
Jesus nunca usou de hipocrisia ou de atitudes de medo e, por isso, convidou-nos a não reter a luz do esclarecimento somente para nós. Proclamou a necessidade de sermos sinceros e autênticos mediante uma proposta de escolha moral, convidando-nos, através dessas balizas, a uma postura sem subterfúgios, diante das quais a coragem da fé se torna patente porque temos segurança dos objetivos a serem alcançados. Passamos a agir sem titubeios, sem incertezas, atitudes tão comuns nas atividades imediatistas de consumo, não importando época ou local em que se viva.
A passagem evangélica que serve de reflexão para nós, na qual Jesus se reúne aos publicanos – homens que coletavam os impostos e que eram considerados pecadores pelos sacerdotes – para um banquete, mostra-nos o Mestre preocupado em abraçar a todos aqueles que necessitavam de auxílio.
De forma elucidativa, Emmanuel coloca a importância desse banquete com os publicanos, lembrando que esse fato não foi percebido em toda sua significação, de maneira geral, pela comunidade cristã em seus diversos setores.
Diz-nos o respeitável orientador espiritual que a última ceia com os discípulos íntimos revestiu-se de singular importância, por ter sido um momento de despedida afetuosa dos amigos de apostolado e de sublimes lições. Entretanto, “é necessário recordar que o Mestre atendia a esse círculo em derradeiro lugar, porquanto já se havia banqueteado carinhosamente com os publicanos e pecadores. Partilhava a ceia com os discípulos, num dia de alta vibração religiosa, mas comungara o júbilo daqueles que viviam à distância da fé, reunindo-os, generoso, e conferindo-lhes os bens nascidos de seu amor”.
Por isso, quando os grandes, aqueles que se achavam isentos de pecados, como eles próprios afirmavam, perguntaram aos discípulos por que Jesus comia com os pecadores, o Divino Amigo respondeu que “os sãos não precisam de médicos”, confirmando, com isso, sua condição de médico das almas.

Bibliografia:

1 – KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo.
2 – XAVIER, F. C. – Caminho Verdade e Vida, ditado pelo Espírito Emmanuel – FEB Editora.
3 - Fonte Viva, ditado pelo Espírito Emmanuel – FEB Editora.
4 – MATEUS, 9: 10-12.
5 – FRANCO, Divaldo Pereira – Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis – Editora Leal – Salvador/BA, p. 202.


 

 

     
     

O Consolador
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