Espiritismo
para crianças

por Célia Xavier de Camargo

Ingratidão 

Quando a pequena Lívia chegou a casa, vindo da escola, estava bastante triste.

Nas orações que faziam em família, ela aprendera que temos sempre que fazer o bem. Então, sempre que tinha uma oportunidade de ser útil, Lívia não deixava passar em branco.

Às vezes era uma senhora vergada ao peso das compras, que ela se oferecia para ajudar. Outras vezes era um deficiente visual que desejava atravessar a rua, e a menina prontamente o pegava pelo braço e o deixava em segurança do outro lado. E assim, ela agia sempre de boa vontade: quando uma criança caía, ela corria para socorrer; soltava uma pipa que ficara presa num galho de árvore, conversava com alguém triste, ensinava a tarefa aos colegas que não tinham entendido a matéria e muito mais. E por suas qualidades, todos a amavam.

Certo dia, Lívia viu um cachorrinho que, pulando de saco em saco de lixo, havia caído num grande vasilhame de lixo. Ela não teve

dúvidas! Correu e socorreu o cachorrinho.

A dona dele, uma garota que vinha um pouco atrás, não gostou da atitude de Lívia.

— Mas por quê? — indagou Lívia. — Seu cãozinho poderia machucar-se no lixo, sempre repleto de cacos de vidro e outras coisas.

— Ele tinha que aprender a lição! Assim, de outra vez, não enfiaria o focinho no lixo! Não pense que lhe vou ficar agradecida.

Agarrando o cãozinho, apertou-o no peito e foi embora, de nariz empinado.

Chegando a sua casa, Lívia estava triste. Pela primeira vez, alguém não gostara da sua atitude de boa vontade.

— O que aconteceu, minha filha? — perguntou a mãe.

— Nada, mamãe.

Lívia não queria nem tocar no assunto. Porém, não conseguia esquecer o que acontecera. Naquela noite estava muito triste e, ao deitar-se, como a mãe insistisse, Lívia acabou contando o fato.

— Uma menina foi ingrata comigo, mamãe! — disse ela em lágrimas.

A mãe deitou-se com ela e, abraçando-a, pediu-lhe:
 

— Conte-me o que aconteceu, filhinha. Repartir nossa dor faz com que ela fique menor. Além disso, quem sabe poderei ajudá-la?

Então, Lívia contou à mãezinha o que tinha acontecido e concluiu afirmando:

— Foi isso o que aconteceu.

— Só isso? Mas onde está o problema?

— O problema, mamãe, é que eu fiz o que pude para ajudar e ela foi ingrata comigo! Estou pensando seriamente em não ajudar mais ninguém!

A mãe abraçou a filha ainda com mais carinho, e considerou:

— Lívia, se ela demonstrou ingratidão, o problema é dela, querida, não seu. Você ajudou o cachorrinho para receber o agradecimento da sua dona?  

— Claro que não, mamãe!

— Você fez o que achava que devia fazer, não é?

— É.

— Todas as vezes que você ajudou alguém, ficou esperando para receber gratidão?

— Não!...

— Então, você fez o melhor ao seu alcance em todas as situações. Se essa garota não reconheceu isso, o problema é dela! Quando fazemos o bem, não podemos esperar reconhecimento das pessoas, senão vai parecer que há orgulho e egoísmo da nossa parte; que fizemos aquela boa ação para receber gratidão, para sermos vistos. Entendeu? É como se disséssemos: Vejam como sou generosa!...

— Entendi, mamãe. Tem toda razão. Amanhã vou sair de casa e fazer como sempre fiz, porque me sinto bem, porque gosto de ajudar ao meu próximo. 

A mãezinha deu um grande abraço na filha e, após a oração, Lívia  adormeceu contente.                       

MEIMEI 

(Mensagem recebida por Célia Xavier de Camargo, em 9/8/2010.)

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita