A Revue
Spirite de
1859
Parte 8
Damos continuidade
nesta edição ao estudo da Revue Spirite de 1859, mensário de divulgação espírita fundado e dirigido por Allan Kardec. Este estudo é baseado na tradução para o idioma português efetuada por Júlio Abreu Filho e publicada pela EDICEL. As respostas às questões propostas estão no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
A. Há diferença entre médium mecânico e médium intuitivo?
B. São
Luís era consultado por Kardec nas evocações?
C. Devemos
publicar tudo quanto os Espíritos dizem?
D. Qual
foi, segundo Kardec, o equívoco cometido pelo precursor
Swedenborg?
Texto para leitura
170.
Concluindo essa notícia, Kardec diz que a classe médica
está dividida relativamente ao magnetismo e à
homeopatia, ao tratamento do cólera, à frenologia, bem
como sobre uma porção de outras coisas. (P. 290)
171. Se o
magnetismo fosse uma utopia – afirma Kardec –, há muito
dele não mais cogitariam, enquanto que, como o seu
irmão, o Espiritismo, lança raízes por todos os lados.
(P. 290)
172. O Sr.
Brasseur, escrevendo no "Jornal dos Salões", diz que
Kardec errou ao não admitir a existência dos médiuns
inertes, como as caixas, as pranchetas, os cartões. (P.
291)
173.
Kardec refutou as ideias do Sr. Brasseur, esclarecendo
que as caixas, as pranchetas e os cartões são apenas
apêndices da mão, e que a faculdade mediúnica reside na
pessoa, não no objeto. (P. 292)
174. Se ao
Espírito bastasse dispor de um instrumento qualquer –
diz Kardec – veríamos cestas e pranchetas escrevendo
sozinhas, o que jamais aconteceu, porque é preciso um
indivíduo como médium. (P. 292)
175. O
médium pode ser mecânico ou intuitivo. No médium
mecânico, o Espírito age sobre a mão, que recebe o
impulso inteiramente involuntário e desempenha o papel
daquilo que o Sr. Brasseur chama médium inerte. (P. 293)
176. No
médium intuitivo, o Espírito age sobre o cérebro,
transmitindo pela corrente do sistema nervoso o
movimento ao braço. (P. 293)
177. São
Luís aconselhou não fosse feita evocação em dois casos:
o primeiro concernente à sepultura do chanceler Pasquier,
na Igreja de Saint-Leu, onde acharam mais de 15
esqueletos em diferentes posições. Houve crime ali. No
segundo caso, o Espírito se encontrava encarnado. (PP.
298 e 299)
178. Um
artigo da Illustration de 1853 demonstra que o
fenômeno das mesas girantes é conhecido e praticado
desde tempos imemoriais na China, na Sibéria e entre os
Kalmouks da Rússia meridional. Entre estes últimos,
valiam-se da mesa para a descoberta de objetos perdidos.
(PP. 299 e 310)
179. Um
fato curioso de aparição é narrado pelo Sr. D., doutor
em Medicina, de Paris. Havendo tratado durante algum
tempo uma senhora que sofria de uma moléstia incurável,
quinze dias atrás ele foi despertado por pancadas à
porta de seu quarto. Era a senhora, que lhe disse
claramente: "Venho dizer que morri". Ela morrera, de
fato, naquela noite. (P. 302)
180. O Sr.
Det., membro da Sociedade Espírita de Paris, lembra que
existiu uma sociedade como esta no século passado,
conforme relata Mercier, em seu Tableau de Paris,
de 1788, volume 12. (P. 303)
181. Em
nota abaixo da notícia, Kardec lembra que no ano de 1800
o célebre Abade Faria ocupava-se da evocação e obtinha
comunicações escritas, muito antes que se cogitasse dos
Espíritos na América. (P. 304)
182.
Evocado por Kardec, o milionário de Lião conhecido pela
alcunha de Pai Crépin diz ter saudades da vida terrena e
confessa ter ainda prazer ao ver seu ouro, que não pode
mais apalpar. Sua vida terrena foi-lhe inteiramente
inútil, diz Pai Crépin. (PP. 305 e 306)
183. São
Luís, comentando esse caso, diz que o avarento mais
culpado é aquele que só é avarento para os outros. (P.
307)
184. Um
correspondente perguntou se devemos publicar tudo quanto
os Espíritos dizem. Kardec respondeu que publicar sem
exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte, é
dar prova de pouco discernimento. O exame criterioso é,
pois, fundamental antes de publicar qualquer coisa. (P.
316)
185.
Falando sobre a inspiração, Kardec diz que o cérebro
pode produzir aquilo que está dentro dele; mas as ideias
que não são nossas, são-nos sugeridas. Quando a
inspiração não vem é porque o inspirador não está
presente ou julga conveniente não inspirar; muitos
poetas, compositores e escritores são, assim, médiuns
sem o saber. (PP. 317, 318 e 378)
186. A
Revue transcreve o poema "Urânia", do Sr. De Porry,
de Marselha, em que o autor diz que a Terra "é uma
região de prova em que o justo a sofrer em prantos se
renova". E acrescenta: "Se manténs neste mundo um
coração virtuoso, irás para esses globos de aspecto
suntuoso, onde há alegria e paz, onde a sabedoria mora e
a felicidade eterna se irradia". (P. 324)
187.
Kardec escreve sobre o precursor Emmanuel Swedenborg
(1688-1772) e sua obra, asseverando que o equívoco do
sensitivo sueco, para ele imperdoável, foi ter aceitado
cegamente tudo quanto lhe fora ditado pelos Espíritos.
(P. 335)
188.
Apesar disso, Swedenborg ficará sempre ligado à
História do Espiritismo, do qual foi um dos primeiros
e mais zelosos pioneiros. (P. 337)
189. Em
comunicação na Sociedade Espírita de Paris, Swedenborg
admite que sua doutrina não está isenta de grandes
erros e declara que a Doutrina Espírita segue um caminho
mais seguro que o dele. (PP. 338 e 339)
190. Simon
M..., correspondente da Revue, lembra que o homem
deve vigiar os seus menores pensamentos malévolos, até
os seus maus sentimentos, visto que estes podem atrair
Espíritos maus e corrompidos. (P. 343)
191.
Comentando um fato ocorrido durante a guerra da Crimeia,
em que um jovem oficial foi avisado mediunicamente da
morte da Srta. de T., Kardec não autentica o relato, mas
considera-o possível, acrescentando que os exemplos,
antigos e recentes, de advertências de além-túmulo são
tão numerosos, que esse nada tem mais de extraordinário
do que outros. (P. 345)
192. Outro
fato de advertência de além-túmulo, referido pela
Gazette d'Ard (Hungria), de novembro de 1858, é
relatado pela Revue. (P. 345)
Respostas às questões
A. Há diferença entre médium mecânico e médium intuitivo?
Sim. No
médium mecânico, o Espírito age sobre a mão, que recebe
o impulso inteiramente involuntário e desempenha o papel
daquilo que o Sr. Brasseur chama médium inerte. No
médium intuitivo, o Espírito age sobre o cérebro,
transmitindo pela corrente do sistema nervoso o
movimento ao braço. (Revue Spirite, p. 293.)
B. São
Luís era consultado por Kardec nas evocações?
A consulta
a São Luís em tais situações era coisa comum, como
mostram os casos do chanceler Pasquier e o de um
Espírito que se encontrava encarnado, nos quais o
instrutor espiritual desaconselhou a evocação. (Obra
citada, pp. 298 e 299.)
C. Devemos
publicar tudo quanto os Espíritos dizem?
A um
correspondente da Revue que lhe fez esta
pergunta, Kardec respondeu que publicar sem exame, ou
sem correção, tudo quanto vem dessa fonte é dar prova de
pouco discernimento. O exame criterioso é, segundo ele,
fundamental antes de publicar qualquer coisa. (Obra
citada, p. 316.)
D. Qual
foi, segundo Kardec, o equívoco cometido pelo precursor
Swedenborg?
O equívoco
do grande sensitivo sueco foi ter aceitado cegamente
tudo quanto lhe fora ditado pelos Espíritos, fato
admitido pelo próprio Swedenborg em comunicação dada na
Sociedade Espírita de Paris, na qual ele reconheceu que
sua doutrina não está isenta de grandes erros e
declarou que a Doutrina Espírita seguia um caminho mais
seguro que o dele. (Obra citada, pp. 335 a 339.)