O silêncio que fala alto
Se soubéssemos como o silêncio é útil, daríamos mais
tempo a seu uso. O recolhimento cria um ambiente próprio
para a oração e reflexão. Temos também na música a
figura da pausa, onde o instrumentista não toca, bem
como na fermata, que é a parada do compasso musical
sobre uma nota. São momentos em que o silêncio se faz
presente, se impõe.
Quando estamos planejando algo que nos interessa
realizar, ele faz parte desse trabalho. O corpo em
descanso ausenta-se do ambiente externo através do sono
e mergulhamos num silêncio profundo...
Mas há um silêncio que fala alto! É aquele que ecoa ao
fazermos um mergulho interior. Há uma voz que não cala,
muito pelo contrário, de forma impertinente e particular
se faz ouvir: é a voz da nossa consciência. É
esse silêncio tão sutil que queremos enfatizar. Ele nos
leva a uma análise qualitativa daquilo que fomos e
sempre seremos: Espírito.
Essa luz de alerta não nos deixa, não nos abandona! Ela
permanece viva e radiante bastando tão somente
atentarmos para sua presença. É assim que iluminamos a
nossa alma e enxergamos a maneira de ser nessa
existência. Mesmo após o desencarne, ela brilha
além-túmulo fazendo-nos viver uma realidade tão marcante
que sempre esteve conosco de forma imperceptível...
Essa concepção é salutar e necessária para crescermos
espiritualmente. Só poderemos melhorar naquilo que
conhecemos, e se nos ignoramos não teremos condições de
alcançar o aperfeiçoamento colimado.
A importância do silêncio está também expressa nas
frases de Fernando Pessoa e Machado de Assis,
respectivamente: “Existe
no silêncio tão profunda sabedoria que às vezes ele
transforma-se na mais perfeita resposta”; “O olho do
homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido
serve de eco ao silêncio”.
Já nos sábios provérbios chineses encontramos: “A
palavra é prata, o silêncio é ouro”. Assim
temos no “vazio” do silêncio um celeiro repleto de
informações que nos despertarão para a lucidez
necessária para sermos coerentes nos passos que damos na
vida...