Deus me
esqueceu?
Vamos a duas perguntas básicas para podermos prosseguir
raciocinando sobre o assunto.
Você concorda que Deus
é infinitamente melhor e mais misericordioso do que
qualquer criatura?
Você concorda que Deus é infinitamente mais inteligente
do que qualquer ser humano?
Se estivermos de acordo,
então vamos prosseguir em direção à resposta da pergunta
título desse artigo.
Quando os pais estão mais próximos de um filho: quando
ele está doente ou quando está gozando de saúde
perfeita?
Quando é que os pais estão mais próximos de um filho:
quando ele está em boa companhia ou quando se encontra
envolvido com pessoas não recomendáveis?
Quando é que os pais estão mais próximos de um filho:
quando esse filho está indo bem em seus estudos ou
quando está sob a ameaça de uma reprovação?
Quando os pais estão mais próximos de um filho: quando
ele está seguindo por um bom caminho ou comprometido
pelos descaminhos da existência?
Creio que a sua resposta é óbvia e não preciso
transcrevê-la para o papel. Ora, se como pais
extremamente imperfeitos como somos estamos mais
próximos de um filho exatamente nos momentos em que o
identificamos em dificuldades e perigos maiores, como
temos a ousadia de julgar que Deus de nós se afaste no
momento de nossos problemas mais inquietantes?
Novamente, deixemos que Emmanuel nos esclareça com a sua
página Provação e Fé, do livro Amigo:
Tenhas talvez alcançado o apogeu de semelhantes
tribulações. Encontraste esse topo do sofrimento na
enfermidade que provavelmente se demora contigo,
flagelando-te a vida orgânica.
Criaturas queridas se desvincularam de ti,
violentamente, arrojando-te à inquietação e ao desânimo.
Sofreste a perda de entes amados nas brumas da morte e
trazes o coração encharcado de lágrimas.
Empenhaste
as melhores forças na causa do bem de todos e
situaram-te num cipoal de incompreensões e desafetos
gratuitos que te prendem à dor.
É possível hajas atingido esses dias de conflitos e
aflições, tumultuando-te o ser.
Seja qual seja a espécie de provação que te visita, não
te rebeles, nem desanimes.
Ama e serve mais.
Por mais dolorosa a crise em que te vejas, permanece
firme na coragem da fé, porquanto no momento em que a
criatura se imagina esquecida do Céu, o ápice do
sofrimento significa que o socorro de Deus se encontra a
caminho.
Baseado em nossa atitude em relação aos nossos filhos
aqui na Terra, outra não seria de se esperar da atitude
de um Pai de perfeição como é Deus!
Por que, então, nos sentimos abandonados por Ele quando
somos atingidos pelos problemas da existência?
Por um motivo muito simples de explicar e de entender se
deixarmos o orgulho de lado.
Somos crianças no sentido espiritual de nossa evolução
acostumadas a ter a nossa vontade satisfeita. Sabe
aquela criança que na loja de brinquedo sapateia, se
joga no chão para que a mãe compre o brinquedo que
deseja, não importando o alto preço?
Pois é. Procedemos com Deus da mesma maneira. Apesar de
semearmos os obstáculos que nos visitam no mecanismo do
acerto de contas, queremos reencarnar para uma viagem de
turismo hospedando-nos em um hotel de cinco estrelas!
Quando a dificuldade aparece, ao invés de entendermos
que somos os responsáveis por elas porque temos o
livre-arbítrio, julgamos mais fácil alegar que Deus nos
esqueceu. Que Deus nos abandonou. Transferimos, ou pelo
menos tentamos como gostamos de fazer, a culpa e a
responsabilidade que é nossa para Ele. E o que ganhamos
com essa atitude? Passamos a imagem de coitadinhos que
não resolve problema algum, mas, muito pelo contrário,
complica a nossa vida, porque abrimos a porta para a
revolta e dificultamos o socorro do Pai que está sempre
a caminho, como enfatiza Emmanuel linhas atrás.
Retornando à pergunta do título: Deus nos esqueceu? A
resposta é muito fácil: não, nós é que nos esquecemos
Dele ou de quem Ele seja. Não fosse assim, jamais
levantaríamos essa hipótese para Aquele a quem Jesus nos
ensinou chamar de Pai e que na definição do Apóstolo
João é a expressão máxima do Amor.
Permitam-me a mesma pergunta desse artigo, mas em
sentido contrário: e nós, temo-nos esquecido dos filhos
de Deus que se hospedam em nossos lares para serem
conduzidos de maneira segura por um mundo de provas e
expiações, retornando para o Lar do Criador melhores do
que foram em existências anteriores?