A devoção do Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum
Reportando-nos ao termo devoto, entendemos um indivíduo
totalmente introspecto e recolhido ao mais completo
colóquio com sua divindade... Não é este tipo de devoção
que desejamos abordar.
Emmanuel nos assevera que “um trabalhador poderá
demonstrar altas características de inteligência e
habilidade, mas, se não possui devoção para com o
serviço, será sempre um aparelho consciente de repetição1”.
A seguir, o Benfeitor irá se concentrar no exemplo do
Mestre crucificado: só Ele marcou o madeiro da cruz como
sinal de abnegação, luz e redenção. Antes dele,
homens e mulheres de Jerusalém e de toda a Palestina
foram sentenciados a cruzes, mas, movido pela devoção à
Sua causa, somente a Dele, a do Iesus Nazarenus Rex
Iudaeorum (Jesus de Nazaré Rei dos Judeus – INRI),
ficou conhecida como símbolo de Salvação; o grande farol
luminoso a influenciar, salvaguardar e direcionar a
humanidade; ou o Império indestrutível, em contraponto a
todos os terrenos que tiveram início, apogeu e ruína.
Convém explicarmos que, doutrinariamente, esse Rei
abnegado indicou-nos, em todos os tempos, o ‘rumo’ da
salvação. Salvamo-nos individualmente ‘com’ a vontade de
perseguir esse sagrado rumo.
O Apóstolo dos Gentios, Paulo de Tarso, exorta as
comunidades de Éfeso – e a todos nós – que precisamos
“renovar sem cessar o sentimento da nossa alma2”.
Ou que não basta sermos inspirados diuturnamente, mas
que precisamos elevar tal inspiração à categoria de
zelo, cuidado, amor e serviço. Será importar-nos e,
dessa forma, alçarmos nossa sensibilidade ao expoente
máximo. E isso é devoção; embora que muito aquém daquela
evidenciada nos feitos de nosso Rei.
Renovarmos sem cessar o sentimento da nossa alma
significa o uso e o abuso das decisões do nosso coração
em detrimento da razão: paradoxalmente – pois estudamos,
vivemos e respiramos uma doutrina baseada em pensamentos
claros e fé raciocinada –, tal renovação significa o
nosso coração tomar atitudes que surpreendam nossa
própria razão.
É o que sucede todas as vezes que analisamos a
“necessidade da caridade, segundo São Paulo”, aquela
que, com muita dificuldade desejamos colocar em prática,
e que verificamos não ser “temerária, nem
precipitada; que não é desdenhosa e não suspeita mal3”.
*
É possível que o caminho de nossa devoção, embora um
arremedo à de Nosso Senhor Jesus Cristo, passe,
necessariamente, pelo ‘exagero’ do sentimento com
prejuízo da razão. Haverá situações, as bem
compreendidas pelo apóstolo Paulo e acima citadas, que
ficaremos sem saída, pois somente o coração nos
iluminará e salvará!...
Bibliografia:
1. Xavier, Francisco Cândido, Fonte viva, ditado
por Emmanuel, em seu Cap. 67, Modo de sentir; 1ª
edição da FEB;
2. Efésios, 4:23; e
3. I Coríntios, 13, 1 a 7.