Equipe mediúnica
e o estudo
“Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento;
instruí-vos, este o segundo.”
1
Nem todos atendemos a esses apelos! Estudamos muito
pouco e, do pouco que aprendemos aplicamos menos ainda,
além de nos descurarmos da melhoria íntima. Daí erros
clamorosos, nas diversas tarefas que desenvolvemos em
nome da Doutrina Espírita, especialmente em Reuniões
Mediúnicas. Falhas que retardam nossa evolução
espiritual, inobstante as instruções claras dos
Espíritos!
Nestas reuniões são fundamentais a harmonia e o
entendimento fraternal – a ausência do estudo nos impede
de oferecer estes dois valores.
Devemos estudar e nos aperfeiçoarmos sempre!
É privilégio imenso participar dessas reuniões; o que
implica em responsabilidade maior. Sejamos dignos dessa
nobre tarefa.
A porta hoje ali, sempre aberta para nos acolher, estará
da mesma forma quando voltarmos ao plano espiritual, se
não mudarmos de conduta?
*
A Doutrina é dos Espíritos. Devemos seguir as
orientações deles (André Luiz, entre outros –
Desobsessão) e de experientes autores encarnados,
tais como, Hermínio C. de Miranda – Diálogo com as
Sombras; Suely C. Schubert – Obsessão/Desobsessão,
sobretudo a Terceira Parte. Para isso, cumpre-nos
estudar!
O livro Desobsessão parece singelo, mas é
precioso! Sugere avaliações, ao final de cada reunião
(cap. 60) e prevê reuniões de esclarecedores, para o
‘entendimento recíproco’, ‘absolutamente necessárias
para que se aparem determinadas arestas’ (cap. 65).
Nesse sentido, Suely C. Schubert2 orienta:
“O dirigente pede a um por um dos presentes que em
breves e sucintas palavras analise e opine sobre os
trabalhos. Este é um momento de muita importância para o
aperfeiçoamento da equipe. Cada participante tem assim o
ensejo de comentar como se sentiu durante a sessão, e os
médiuns videntes dirão o que presenciaram.
Essa troca de ideias e comentários coloca o grupo bem
mais entrosado
e à vontade, pois o próprio médium ou doutrinador tem
liberdade de avaliar a própria atuação, (...). Com o
tempo, o sentido de autocrítica se desenvolve e cada um
é capaz de dizer quando e por que teve dificuldades na
sua atividade. Como também afasta todo e qualquer
resquício de melindre, já que todos se colocam em
posição de se autoanalisar e ser analisado. O grupo
cresce em produtividade com esta prática”.
Efigênio S. Vítor3, Espírito – quando
encarnado dirigiu Reuniões Mediúnicas –, diz-nos que há
nelas equipes de Espíritos – médicos, religiosos,
magnetizadores, enfermeiros, guardas e padioleiros – e
descreve sua distribuição pelo ambiente:
– Há três faixas magnéticas protetoras; e informa como
se compõem;
– Existe rede eletrônica de contenção;
– Numa delas há leitos de socorro;
– Vigilância na terceira.
“Meus amigos, para o espírita, a surpresa da
desencarnação pode ser muito grande (...)
(...) o maior trabalho que nos compete efetuar é o de
nosso próprio burilamento interior, para que não
estejamos vagueando nas trevas das horas inúteis, (...).
(...) poucos padres aqui continuam padres, poucos
pastores prosseguem pastores e raros médiuns de nossas
formações doutrinárias continuam médiuns, porquanto
os títulos de serviço na Terra envolvem deveres de
realização dos quais quase sempre vivemos em fuga pelo
vício de pretender a santificação do vizinho, antes
de nossa própria melhoria (...).”
Em outra mensagem3, indica que há “(...)
vasto reservatório de plasma sutilíssimo, de que se
servem os trabalhadores a que nos referimos, na extração
dos recursos imprescindíveis à criação de
formas-pensamento, constituindo entidades e paisagens,
telas e coisas semi-inteligentes, com vistas à
transformação dos companheiros dementados que intentamos
socorrer.
(...) Para isso, porém, para que a nossa ação se
caracterize pela eficiência, é necessário oferecer-lhes
o melhor material de nossos pensamentos, palavras,
atitudes e concepções”.
A doutrinação requer diálogos, mas o sentimento –
importantíssimo e melhor do que palavras! – deve unir-se
a eles. É o que pode tocar o Espírito manifestante. Mas
a boa técnica é indispensável!
André Luiz4 preceitua:
“Desobsessão não se realiza sem a luz do raciocínio,
mas não atinge os fins a que se propõe, sem as fontes
profundas do sentimento”.
Não para aí: envolve a conduta daquele que esclarece
Espíritos e seus atos e pensamentos na vida comum, no
dia a dia! Muitas Entidades nos acompanham, para ver se
vivemos o que pregamos. Temos que nos esforçar para
viver como se estivéssemos no ambiente das reuniões de
que participamos, na Casa Espírita – mediúnicas, ou não.
Os médiuns devem ter lugares fixos em torno da mesa de
Reuniões:
“(...) dispositivos especiais (...)” são ligados “(...)
às cadeiras dos médiuns e demais assistentes (...) Ao
tomarmos as posições em torno da mesa, todos foram
ligados àqueles dispositivos, sendo que a pessoa
incumbida do trabalho de dialogar com os Espíritos
recebeu tais conexões na cabeça, partindo os fios
fluídicos na direção do alto”. 5
O trabalho é de equipe. Médiuns videntes e audientes
devem repassar ao(s) esclarecedor(es) informações do que
veem, sobretudo a presença de Espíritos sofredores, ou
rebeldes, em qualquer fase da reunião. O (a)
coordenador(a), sobretudo se não possui vidência,
necessita desse suporte, para que se prepare para
recebê-los, ou que não encerre a reunião sem
socorrê-los.6
Em André Luiz7 vemos que a doutrinação é para
nosso aprendizado, daí porque os Espíritos nos permitem
participar dessas Reuniões.
“Ajudando as entidades em desequilíbrio, ajudarão
a si mesmos; doutrinando, acabarão igualmente
doutrinados.”
É para aprendermos! Não alimentemos a ilusão de que
nossa
contribuição é extraordinária!
Ou que devamos adotar técnicas alheias aos ensinos dos Espíritos. A Doutrina dispensa enxertias humanas.
Devemos ser breves com Espíritos muito sofridos ou muito
rebeldes, porque penalizam o(a) médium e quase sempre
não nos ouvem, tal a perturbação em que se encontram!
Hermínio C. Miranda8 afirma que, no início,
os Espíritos em estado de perturbação não estão em
condições psicológicas adequadas à pregação doutrinária.
Necessitam, então, de primeiros socorros, de quem os
ouça com paciência e tolerância. “A doutrinação virá no
momento oportuno, e, antes que o doutrinador possa
dedicar-se a este aspecto específico, ele deve estar
preparado para discutir o problema pessoal do Espírito,
a fim de obter dele a informação de que necessita.”
André Luiz9 vai além: “(...) o diretor ou o
auxiliar em serviço (...) poderá pedir aos Mentores que
afastem os rebeldes.
Nesse caso, usar a sonoterapia, que ele chama de
‘hipnose benéfica’.
Muitos outros Espíritos são levados pelos Mentores a
rever o passado. É quando percebemos que há diálogos
entre eles e, em muitos casos, recusam-se a aceitar o
que se lhes mostra.
De nossa parte, podemos também adotar essa providência,
conforme sugere Hermínio C. Miranda.10
*
Este mesmo autor (Hermínio) 11, no artigo
O Dr. Wickland e os seus
“mortos”
– Revista Reformador (FEB, edição de jan/72, p. 9),
refere-se ao livro Thirty Years Among the Dead –
Trinta anos entre os mortos –, de autoria desse
médico. Livro que, lamentavelmente, não foi traduzido
para nosso idioma!
Há, do mesmo autor, no livro A Reinvenção da Morte
12 (Lachâtre, 1997), artigo sob o título
‘A Mediunidade da Princesa Católica’. Nele, refere-se ao
diário dessa princesa, com o título “Minhas
conversas com as pobres almas”. (Gráfica
Editora São Lourenço Ltda., sem data.)
Nesse diário ela dá notícia dos contatos com Espíritos
sofredores que via e ouvia e de como os amparava, não
obstante o pavor que a ela inspiravam!
Sua generosidade e compaixão aliviava-lhes as angústias.
À medida que um se transformava e não mais aparecia,
outro se apresentava.
Outra edição desse diário acha-se na Internet, sob o
título: Conversando com
as almas do purgatório
(Diário de ‘Eugênia, princesa Von der Leyen’) – AM
Edições – São Paulo – 1994.
*
Cito esses dois notáveis trabalhos para salientar que a
Espiritualidade estimula o intercâmbio entre os dois
planos da vida – até entre os que desconhecem nossa
Doutrina –, para nos informar sobre as condições de
Espíritos sofredores e que podemos e devemos colaborar
para que haja para eles o amparo dos bons Espíritos!
Servindo-se apenas da compaixão, o médico e a esposa,
Anna Wickland, tal como a princesa Eugênia, socorreram
inúmeros Espíritos.
É nosso dever aliar conhecimento e amor nessas Reuniões,
procurando compreender o quanto nos favorecem (a eles e
a nós).
Há, no site
www.oconsolador.com.br,
de autoria de Astolfo O. de Oliveira Filho, Diretor de
Redação desta Revista, o livro 20 Lições sobre
Mediunidade, divulgado pela Editora Virtual EVOC.
Pode-se baixá-lo no referido site. Merece ser lido e
estudado!
[Os destaques, em negrito, são nossos.]
Referências:
1.
KARDEC, Allan.
O
Evangelho segundo o Espiritismo.
Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1ª. impr. Brasília:
FEB, 2013.
Cap. VI, it. 5 a 7 , p. 101 a 103.
2.
SCHUBERT, Suely C.
Obsessão/Desobsessão. Rio de Janeiro: FEB, 1981.
Cap.
11, p. 170.
3.
XAVIER, F. Cândido. Instruções Psicofônicas.
Espíritos diversos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991.
Cap. 31 e 44, p. 145/149 e 203/206.
4.
XAVIER, Francisco C.
Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 4. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1979. Cap. 36, p.
140.
5.
MIRANDA, H.
Corrêa. Estudos e crônicas. Brasília: FEB, 2013.
Cap. 4.5 (A Doutrinação: variações sobre um tema
complexo), p. 148/149.
6.
MIRANDA, H.
Corrêa. Diálogo com as sombras. 25. ed. Brasília:
FEB, 2014. Cap. 2.1, p. 65.
7.
XAVIER, Francisco C. Missionários da Luz. Pelo
Espírito André Luiz. 21. ed. FEB: Rio de Janeiro (RJ),
1988. Cap. 17, p. 280.
8.
MIRANDA, H.
Corrêa. Diálogo com as sombras. 25. ed. Brasília:
FEB, 2014. Cap. 2.1.2, p. 73.
9.
XAVIER, Francisco C.
Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 4. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1979. Cap. 37, p.
144.
10.
MIRANDA, H.
Corrêa. Diálogo com as sombras. 25. ed. Brasília:
FEB, 2014. Cap. 4, item 4.5, p. 311.
11.
MIRANDA, H. Corrêa. O Dr. Wickland e os
seus “mortos”.
Reformador, FEB, edição de jan/72, p. 9.
12.
MIRANDA, Hermínio C. A Reinvenção da Morte.
Niterói: Lachâtre, 1997. P. 15.