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por Gebaldo José de Sousa

Equipe mediúnica e o estudo


“Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.”
1

Nem todos atendemos a esses apelos! Estudamos muito pouco e, do pouco que aprendemos aplicamos menos ainda, além de nos descurarmos da melhoria íntima. Daí erros clamorosos, nas diversas tarefas que desenvolvemos em nome da Doutrina Espírita, especialmente em Reuniões Mediúnicas. Falhas que retardam nossa evolução espiritual, inobstante as instruções claras dos Espíritos!

Nestas reuniões são fundamentais a harmonia e o entendimento fraternal – a ausência do estudo nos impede de oferecer estes dois valores.

 Devemos estudar e nos aperfeiçoarmos sempre!

É privilégio imenso participar dessas reuniões; o que implica em responsabilidade maior. Sejamos dignos dessa nobre tarefa.

A porta hoje ali, sempre aberta para nos acolher, estará da mesma forma quando voltarmos ao plano espiritual, se não mudarmos de conduta?

*

A Doutrina é dos Espíritos. Devemos seguir as orientações deles (André Luiz, entre outros – Desobsessão) e de experientes autores encarnados, tais como, Hermínio C. de Miranda – Diálogo com as Sombras; Suely C. Schubert – Obsessão/Desobsessão, sobretudo a Terceira Parte. Para isso, cumpre-nos estudar!

O livro Desobsessão parece singelo, mas é precioso! Sugere avaliações, ao final de cada reunião (cap. 60) e prevê reuniões de esclarecedores, para o ‘entendimento recíproco’, ‘absolutamente necessárias para que se aparem determinadas arestas’ (cap. 65).

Nesse sentido, Suely C. Schubert2 orienta:

“O dirigente pede a um por um dos presentes que em breves e sucintas palavras analise e opine sobre os trabalhos. Este é um momento de muita importância para o aperfeiçoamento da equipe. Cada participante tem assim o ensejo de comentar como se sentiu durante a sessão, e os médiuns videntes dirão o que presenciaram.

Essa troca de ideias e comentários coloca o grupo bem mais entrosado e à vontade, pois o próprio médium ou doutrinador tem liberdade de avaliar a própria atuação, (...). Com o tempo, o sentido de autocrítica se desenvolve e cada um é capaz de dizer quando e por que teve dificuldades na sua atividade. Como também afasta todo e qualquer resquício de melindre, já que todos se colocam em posição de se autoanalisar e ser analisado. O grupo cresce em produtividade com esta prática”. 

Efigênio S. Vítor3, Espírito – quando encarnado dirigiu Reuniões Mediúnicas –, diz-nos que há nelas equipes de Espíritos – médicos, religiosos, magnetizadores, enfermeiros, guardas e padioleiros – e descreve sua distribuição pelo ambiente:

– Há três faixas magnéticas protetoras; e informa como se compõem;

– Existe rede eletrônica de contenção;

– Numa delas há leitos de socorro;

– Vigilância na terceira.

“Meus amigos, para o espírita, a surpresa da desencarnação pode ser muito grande (...)

(...) o maior trabalho que nos compete efetuar é o de nosso próprio burilamento interior, para que não estejamos vagueando nas trevas das horas inúteis, (...).

(...) poucos padres aqui continuam padres, poucos pastores prosseguem pastores e raros médiuns de nossas formações doutrinárias continuam médiuns, porquanto os títulos de serviço na Terra envolvem deveres de realização dos quais quase sempre vivemos em fuga pelo vício de pretender a santificação do vizinho, antes de nossa própria melhoria (...).”

Em outra mensagem3, indica que há “(...) vasto reservatório de plasma sutilíssimo, de que se servem os trabalhadores a que nos referimos, na extração dos recursos imprescindíveis à criação de formas-pensamento, constituindo entidades e paisagens, telas e coisas semi-inteligentes, com vistas à transformação dos companheiros dementados que intentamos socorrer.

(...) Para isso, porém, para que a nossa ação se caracterize pela eficiência, é necessário oferecer-lhes o melhor material de nossos pensamentos, palavras, atitudes e concepções”.

A doutrinação requer diálogos, mas o sentimento – importantíssimo e melhor do que palavras! – deve unir-se a eles. É o que pode tocar o Espírito manifestante. Mas a boa técnica é indispensável!

André Luiz4 preceitua:

“Desobsessão não se realiza sem a luz do raciocínio, mas não atinge os fins a que se propõe, sem as fontes profundas do sentimento”.

Não para aí: envolve a conduta daquele que esclarece Espíritos e seus atos e pensamentos na vida comum, no dia a dia! Muitas Entidades nos acompanham, para ver se vivemos o que pregamos. Temos que nos esforçar para viver como se estivéssemos no ambiente das reuniões de que participamos, na Casa Espírita – mediúnicas, ou não.

Os médiuns devem ter lugares fixos em torno da mesa de Reuniões:

“(...) dispositivos especiais (...)” são ligados “(...) às cadeiras dos médiuns e demais assistentes (...) Ao tomarmos as posições em torno da mesa, todos foram ligados àqueles dispositivos, sendo que a pessoa incumbida do trabalho de dialogar com os Espíritos recebeu tais conexões na cabeça, partindo os fios fluídicos na direção do alto”. 5

O trabalho é de equipe. Médiuns videntes e audientes devem repassar ao(s) esclarecedor(es) informações do que veem, sobretudo a presença de Espíritos sofredores, ou rebeldes, em qualquer fase da reunião. O (a) coordenador(a), sobretudo se não possui vidência, necessita desse suporte, para que se prepare para recebê-los, ou que não encerre a reunião sem socorrê-los.6

Em André Luiz7 vemos que a doutrinação é para nosso aprendizado, daí porque os Espíritos nos permitem participar dessas Reuniões.

Ajudando as entidades em desequilíbrio, ajudarão a si mesmos; doutrinando, acabarão igualmente doutrinados.”

É para aprendermos! Não alimentemos a ilusão de que nossa contribuição é extraordinária! Ou que devamos adotar técnicas alheias aos ensinos dos Espíritos. A Doutrina dispensa enxertias humanas.

Devemos ser breves com Espíritos muito sofridos ou muito rebeldes, porque penalizam o(a) médium e quase sempre não nos ouvem, tal a perturbação em que se encontram!

Hermínio C. Miranda8 afirma que, no início, os Espíritos em estado de perturbação não estão em condições psicológicas adequadas à pregação doutrinária. Necessitam, então, de primeiros socorros, de quem os ouça com paciência e tolerância. “A doutrinação virá no momento oportuno, e, antes que o doutrinador possa dedicar-se a este aspecto específico, ele deve estar preparado para discutir o problema pessoal do Espírito, a fim de obter dele a informação de que necessita.”

André Luiz9 vai além: “(...) o diretor ou o auxiliar em serviço (...) poderá pedir aos Mentores que afastem os rebeldes.

Nesse caso, usar a sonoterapia, que ele chama de ‘hipnose benéfica’.

Muitos outros Espíritos são levados pelos Mentores a rever o passado. É quando percebemos que há diálogos entre eles e, em muitos casos, recusam-se a aceitar o que se lhes mostra.

De nossa parte, podemos também adotar essa providência, conforme sugere Hermínio C. Miranda.10

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Este mesmo autor (Hermínio) 11, no artigo O Dr. Wickland e os seusmortos – Revista Reformador (FEB, edição de jan/72, p. 9), refere-se ao livro Thirty Years Among the DeadTrinta anos entre os mortos –, de autoria desse médico. Livro que, lamentavelmente, não foi traduzido para nosso idioma!

Há, do mesmo autor, no livro A Reinvenção da Morte 12 (Lachâtre, 1997), artigo sob o título ‘A Mediunidade da Princesa Católica’. Nele, refere-se ao diário dessa princesa, com o título “Minhas conversas com as pobres almas”. (Gráfica Editora São Lourenço Ltda., sem data.)

Nesse diário ela dá notícia dos contatos com Espíritos sofredores que via e ouvia e de como os amparava, não obstante o pavor que a ela inspiravam!

Sua generosidade e compaixão aliviava-lhes as angústias. À medida que um se transformava e não mais aparecia, outro se apresentava.

Outra edição desse diário acha-se na Internet, sob o título: Conversando com as almas do purgatório (Diário de ‘Eugênia, princesa Von der Leyen’) – AM Edições – São Paulo – 1994.

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Cito esses dois notáveis trabalhos para salientar que a Espiritualidade estimula o intercâmbio entre os dois planos da vida – até entre os que desconhecem nossa Doutrina –, para nos informar sobre as condições de Espíritos sofredores e que podemos e devemos colaborar para que haja para eles o amparo dos bons Espíritos!

Servindo-se apenas da compaixão, o médico e a esposa, Anna Wickland, tal como a princesa Eugênia, socorreram inúmeros Espíritos.

É nosso dever aliar conhecimento e amor nessas Reuniões, procurando compreender o quanto nos favorecem (a eles e a nós).

Há, no site www.oconsolador.com.br, de autoria de Astolfo O. de Oliveira Filho, Diretor de Redação desta Revista, o livro 20 Lições sobre Mediunidade, divulgado pela Editora Virtual EVOC. Pode-se baixá-lo no referido site. Merece ser lido e estudado!

[Os destaques, em negrito, são nossos.]

 

Referências:

1.           KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1ª. impr. Brasília: FEB, 2013. Cap. VI, it. 5 a 7 , p. 101 a 103.

2.           SCHUBERT, Suely C. Obsessão/Desobsessão. Rio de Janeiro: FEB, 1981. Cap. 11, p. 170.

3.            XAVIER, F. Cândido. Instruções Psicofônicas. Espíritos diversos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991. Cap. 31 e 44, p. 145/149 e 203/206.

4.           XAVIER, Francisco C. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. 36, p. 140.

5.           MIRANDA, H. Corrêa. Estudos e crônicas. Brasília: FEB, 2013. Cap. 4.5 (A Doutrinação: variações sobre um tema complexo), p. 148/149.

6.           MIRANDA, H. Corrêa. Diálogo com as sombras. 25. ed. Brasília: FEB, 2014. Cap. 2.1, p. 65.

7.           XAVIER, Francisco C. Missionários da Luz. Pelo Espírito André Luiz. 21. ed. FEB: Rio de Janeiro (RJ), 1988. Cap. 17, p. 280.

8.           MIRANDA, H. Corrêa. Diálogo com as sombras. 25. ed. Brasília: FEB, 2014. Cap. 2.1.2, p. 73.

9.           XAVIER, Francisco C. Desobsessão. Pelo Espírito André Luiz. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. Cap. 37, p. 144.

10.       MIRANDA, H. Corrêa. Diálogo com as sombras. 25. ed. Brasília: FEB, 2014. Cap. 4, item 4.5, p. 311.

11.       MIRANDA, H. Corrêa. O Dr. Wickland e os seusmortos”. Reformador, FEB, edição de jan/72, p. 9.

12.        MIRANDA, Hermínio C. A Reinvenção da Morte. Niterói: Lachâtre, 1997. P. 15.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita