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por Waldenir A. Cuin

A ingratidão


“- As decepções causadas pela ingratidão não podem endurecer o coração e torná-lo insensível?

- Seria um erro pensar assim, porque o homem de coração, como dizes, será sempre feliz pelo bem que praticar...” (Questão 938, de “O Livro dos Espíritos” - Allan Kardec.)

Equivocamo-nos, quando esperamos a compreensão alheia para os nossos atos no campo do bem, pois que a criatura humana, com raras exceções, ainda segue seus dias revestida de orgulho e de egoísmo, e essas terríveis chagas obscurecem sua visão, impossibilitando observar as intenções benéficas que circulam ao seu redor.

Em realidade, a ingratidão significa a falta de reconhecimento por alguém, de um bem, um favor, ou de qualquer gesto de atenção que lhe fora dedicado. Isso é muito frequente no contexto social em que vivemos, ante a pequena evolução espiritual que conseguimos na Terra.

Mas o verdadeiro homem de bem, aquele que já identificou a necessidade de praticar as inquestionáveis lições do Cristo, precisa urgentemente ignorar tal comportamento social e continuar servindo, a exemplo do próprio Jesus, que em circunstância alguma esperou pela compreensão, entendimento e gratidão dos homens, uma vez que, após trazer a Boa Nova ao mundo, como recompensa ganhou uma coroa de espinhos, o sarcasmo e a morte afrontosa na cruz.

Ao discípulo compete seguir o mestre. Assim, se somos cristãos devemos seguir o Cristo, portanto, o serviço nos aguarda e a exemplificação de uma vida digna, honesta e sublime deve ser a nossa meta, para que nos coloquemos também como servidores da causa do bem, não somente como beneficiário dela.

Importante, então, que vasculhemos nossa intimidade para localizar onde estão os nossos talentos, visando colocá-los em prática, em favor da humanidade. De alguma forma, incontestavelmente, todos temos algo a oferecer àqueles que caminham conosco pelas entradas do mundo. É claro que, por necessidade, muito recebemos, e por gratidão temos também que oferecer alguma coisa de nós pela implantação do reino de Deus na Terra.

Assim, podemos escrever sobre o bem, endereçando um bilhete amigo a quem estiver passando por necessidade; falar sobre a beleza da vida aos que seguem tristes; ouvir o lamento desesperado daqueles que agonizam em situações aflitivas; fazer uma prece ao doente acamado cujas dores lhe roubam a tranquilidade; estender um gesto de carinho a uma criança abandonada; servir um prato de alimento ou um copo de leite ao irmão que perambula pelas ruas, sem exigir-lhe nada; oferecer remédios aos necessitados que não podem adquiri-los; movimentar campanhas de alimentos para distribuição às famílias em penúria; aconselhar o jovem desorientado que tende a cair no abismo dos tóxicos; amparar pais inconformados que viram partir seus filhinhos para o mundo espiritual, enfim, serviço e oportunidades de fazer o bem não faltam. Façamos a nossa parte, sem esperar nada de ninguém.

Deixemos o nosso coração ser embalado pela musicalidade do amor, da fraternidade, da sensibilidade e saiamos a servir, a cooperar e a construir o mundo dos nossos sonhos, pois, se não tomarmos iniciativas, a paz, a felicidade e o bem-estar ficarão somente nos sonhos mesmo.

Se o mundo vai ou não reconhecer o nosso serviço, isso, decididamente, não importa. Se as pessoas serão gratas ou não, também não importa. Realmente o que vai importar será a paz da nossa consciência... isso, sim, realmente importa.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita