Ilusão ou não?
Diz o dicionário que a ilusão é a compreensão de forma
errada por parte da mente.
Quando olhamos para as pessoas a nossa volta, parece-nos
que muitas das vezes estão iludidas com determinada
situação. Jesus Cristo a certa altura diz-nos:
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João,
8:32), deixando claro nessa mensagem que não conhecemos
a verdade.
Sinto-me confuso com estas palavras do Mestre da Vida;
como cristão estudante de suas sábias palavras, não
tenho nenhuma dúvida acerca de sua sabedoria, tenho
muitas duvidas é sobre o meu conhecimento. Se não
compreendo as palavras do Mestre é natural que viva em
ilusão porque não sei a verdade tal como Ele indicou,
mas não consigo perceber isso. Ora, qualquer “boa”
ilusão tem que parecer verdade porque quando vemos a
ilusão como tal ela desfaz-se.
Talvez a causa da ilusão que Jesus fala seja um conjunto
de ilusões ou formas pensamentos com que alicerçamos
nossas mentes e serve como base ao caráter do nosso ser,
ator principal do palco de reencarnação.
Erasto (Espírito) aconselha-nos em O Livro dos
Médiuns: “Melhor
é repelir dez verdades do que admitir uma única
falsidade, uma só teoria errônea. Efetivamente, sobre
essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que
desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um
monumento edificado sobre areia movediça...”.
No caso da formação de caráter do homem, aceitar uma
“mentira”, no sentido de ilusão, que muitas das vezes
são plantadas durante a infância, daí a importância da
educação dos pais, pode ser a criação de um “dogma”
mental que nos levará a ver a vida de forma errada. A
isso chamamos de caráter ou feitio.
Por exemplo: se eu sou educado em uma família que me
ensina que devo ser agressivo perante as situações
difíceis, irei reagir durante a minha vida de forma
violenta ante as situações difíceis ou sentir-me-ei um
“covarde”. Essa situação só irá modificar-se quando eu
perceber através do sofrimento próprio que tal atitude
está errada, que a violência não é resposta a nenhuma
situação na vida.
Por vezes ouço as pessoas a falar e perguntar como podem
ser melhores?
Um doente chega ao consultório médico e diz: – Doutor,
quero ser saudável, como o poderei fazer?
O médico pergunta: – O senhor está doente?
O doente responde: – Não é importante, eu quero é ser
saudável, preocupemo-nos com isso.
Será que isso faz alguma lógica?
Não é isto parecido ao “Quero ser uma pessoa melhor,
quero ser uma boa pessoa”.
A saúde é um Estado Natural do ser humano, ou seja, se
não existisse a doença, que é a alteração ao estado
natural humano (saúde), não haveria a necessidade de
“rotularmos” a inexistência da doença, ou seja, o estado
saudável ou saúde.
Se eu perco a saúde pelo motivo de uma doença a
recuperação desta passa pela cura da moléstia, então
fixar-me no estado de saúde é uma ilusão tremenda,
porque, para voltar ao estado natural, temos
simplesmente que tratar a doença, concentrarmos nossas
forças nela, e o estado de saúde aparecerá de forma
natural. Não há hipótese de sermos saudáveis sem
passarmos pela eliminação da enfermidade, porque a saúde
é a inexistência da doença.
A mesma situação se dá connosco na nossa forma do ser
inteligente. As doenças são as formas “humanizadas”, o
egoísmo, orgulho, vaidade etc., que nascem em nós como
formações mentais para uma contrapartida imediata e
prazerosa do ser. O apego são os sintomas dessa doença;
não podemos curar os sintomas, temos que tratar a
doença, mas servem para vermos o nível da enfermidade. O
nosso estado natural é a nossa essência, o que nos faz
filhos de Deus; todas estas “enfermidades” deturpam
nosso ser, o que somos; para regressarmos ao estado de
nossa “essência” temos que curar as doenças, de nada
vale nos fixarmos na “bondade” do ser ou querermos ser
melhores, porque isso acontecerá durante a “volta” ao
estado natural com a diminuição das “doenças” do
Espírito.
Poderei eu ser uma “boa” pessoa, egoisticamente ou
orgulhosamente?
Lao Tsé diz-nos que uma longa caminhada começa pelo
primeiro passo; no meu ver, o progresso individual do
ser começa bem perto, por trabalharmos aquilo que somos,
os nossos defeitos.
Penso que esta é das maiores ilusões que temos “tenho
que ser bom” porque leva-nos a imaginar um ser bom e a
fixarmos a nossa ideia nessa imagem, copiamos as
qualidades de quem admiramos sem percebermos que seus
atos são uma extensão do seu ser. A realidade é o que
somos, em vez de fugirmos dela ou entrarmos em
frustração, que é pior, temos que a encarar e trabalhar
o que existe, nossos defeitos, a melhoria (a saúde) virá
do tratamento as “enfermidades”, e ai saberemos com toda
a consciência e realidade como é ser um ser melhor.
Agarremos na tesoura da poda, ganhemos coragem para o
duro trabalho e podamos nossos defeitos humanos para nos
aproximarmos da nossa “essência” filial.