A conversa da senhora Cleide
“Vigia, pois, o teu mundo íntimo e faze o bem
que puderes...” (Emmanuel, no Livro “Fonte
Viva”, item 154, psicografia de Francisco C.
Xavier.)
A senhora Cleide desenvolvia suas funções
profissionais normalmente, em um estabelecimento
de ensino da cidade, quando fora chamada ao
telefone, por uma das funcionárias do
educandário.
- Pronto, Cleide às suas ordens.
- Por favor, senhora Cleide, quem está falando é
Ana, não nos conhecemos pessoalmente, mas
gostaria que me falasse sobre a instituição
assistencial onde atua como voluntária.
Surpresa, a interrogada passou a descrever, com
detalhes, as atividades da entidade que acolhia
aproximadamente cem crianças, em regime de
semi-internato, de segunda a sexta-feira e
atendia a inúmeras famílias que viviam em
penúria, todos os sábados à tarde.
Ao longo do diálogo, a senhora Ana informou que
sua filha, estando próxima a Cleide, a observava
enquanto ela comentava sobre a citada
instituição, falando dos trabalhos lá
desenvolvidos com tanto entusiasmo e empenho,
que sentiu vontade de também fazer alguma coisa,
para minorar o sofrimento de tantas criaturas.
Ao chegar à sua casa, narrou à mãe o que tinha
observado, e ambas se propuseram a também
movimentar recursos na direção dos necessitados.
Assim, tomando iniciativa, estava procurando
mais informações para saber como poderia
contribuir.
A conversa prosseguiu, e aquela senhora, após
solicitar o endereço da instituição, afirmou que
tão logo tivesse uma oportunidade visitaria as
suas dependências, para conhecer “in loco”, o
programa de trabalho ali desenvolvido.
Dias depois, num sábado à tarde, quando a
entidade regurgitava de crianças e adultos que
lá aportavam, semanalmente, em busca de alimento
ou alguma outra forma de socorro, a senhora Ana
e sua filha compareceram levando consigo uma
farta doação de alimentos, enquanto admiradas
conheciam, um a um cada cômodo ali erguido e
cada atividade desenvolvida, vislumbrando a
dedicação de um grupo de voluntários, que se
esforçava por viver os ensinamentos do Cristo:
“ama teu próximo como a ti mesmo”.
*
Sem dúvida, fato que merece não só o registro,
como também acurada reflexão, pois a vida, com
toda a sua beleza é sempre farta em lições.
A senhora Cleide, sem que percebesse, estava
sendo observada por uma jovem. Em realidade, ela
nem se recordava quando e em que local essa
conversa se deu, mas alguém a observada, ouvindo
o que ela dizia.
Como ocupava seu tempo em elogiar e enaltecer o
trabalho que era feito pela instituição, em
favor dos menos favorecidos pela sorte,
despertou o interesse de uma jovem, que em
contato com sua mãe manifestou o forte desejo de
vivenciar as lições de Jesus, que solicita a
feitura do bem em todas as circunstâncias. Com
isso, aquela entidade assistencial ganhou novas
colaboradoras, e os necessitados, mais
solidariedade.
E se a senhora Cleide estivesse denegrindo a
imagem da instituição? Falando mal dos seus
membros, criticando seus frequentadores? Ou
mesmo se estivesse a destilar o fel da
maledicência a qualquer direção? Qual seria a
reação da jovem que a observou?
Como afirmou Paulo, o apóstolo, em carta aos
Romanos: “Porque nenhum de nós vive para si”.
Tenhamos sempre o maior zelo e atenção pelo que
falamos, fazemos e exemplificamos, pois que
somos frequentemente observados, e, muitas
vezes, imitados.