Educar uma criança
Mais vale pouco conhecimento de coisas superiores do que
muito conhecimento de coisas inferiores.
(Tomás de Aquino)
É claro que não existe vida perfeita. No entanto, toda
criança depende de um adulto que a eduque de modo
amoroso, honrado, e esteja atento e presente no seu dia
a dia, dela cuidando com afeto, atenção e respeito.
Perto da minha casa há um berçário que atende crianças
de zero a três anos. Num seminário sobre educação
emocional, a diretora desse berçário relatou ao
palestrante que as mães deixam os filhos às 8h e os
buscam às 18h (às vezes às 19h…), e a maioria reclama
porque as crianças são entregues sem banho tomado, pois
em casa elas serão obrigadas a dar banho no próprio
filho: “Ora, que péssimo” – elas reclamam.
O papel do pai, da mãe, não é financiar a instrução,
comprar roupa, ter uma tarde de sábado incrível ao lado
do filho. Passear, jogar bola na casa do avô, tomar
sorvete, tudo isso agrega tão somente o lampejo lúdico
de quem atende uma criança.
Educar é coisa distinta. Porque o desenvolvimento
pessoal não pode ser separado do crescimento emocional,
à medida que educar engloba a totalidade do indivíduo:
corpo, emoções, intelecto e espírito.
Mais e mais crianças (e adolescentes) estão prejudicadas
afetiva e emocionalmente pelo fato de que o mercado de
trabalho está absorvendo os pais que não têm mais
disponibilidade para os filhos. Há muita carência
amorosa e muitos desequilíbrios nas crianças.
A Unesco define educar como ensinar a criança a ser.
Creio então que os pais podem, no propósito de
ensinar a criança a ser, dar preferência a uma
atitude amorosa benevolente, mas cotidiana, que alcança
estreita e diretamente a vida da filha, do filho, uma
vez que saúde e amor são inseparáveis e é dessa
interrelação que brotarão, no futuro, vidas fecundas.
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Esta seção, cuja estreia ocorre na presente edição,
trará sempre textos dedicados à infância, seus cuidados,
sua educação. O título – Cinco-marias – é uma
alusão a um conhecido brinquedo que integra um conjunto
de
brincadeiras e atividades lúdicas conceituadas como
Patrimônio Cultural da Humanidade. (Eugênia Pickina)