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por Altamirando Carneiro

 
As duas portas


A ideia das portas, que Jesus empregou no ensinamento: "Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta, e espaçoso, o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem" Mateus, 7: 13 a 14) não nova, no tempo em que o Mestre pregava as suas lições.

Essa ideia era encontrada em antigas tradições religiosas, para indicar locais de passagem entre dois estados, ou dois mundos distintos um do outro, quando o iniciado era preparado, através de duras provas, para a travessia. Ficava a seu critério a escolha da forma como realizá-las. Eram rituais de passagem e nas tradições judaicas e cristãs, essa passagem transformou-se em acesso à Revelação.

O Evangelho de João (10: 9) registra outro ensinamento de Jesus: "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens". Extraordinária comparação esta: porta larga, conduzindo-nos aos caminhos que levam às ilusões do mundo e a porta estreita, por onde entram os Espíritos amadurecidos conscientes.

Sabiamente, Deus nos concedeu o livre-arbítrio, para que nós mesmos façamos as nossas escolhas. Não podemos nos acomodar, colocando a razão dos nossos erros e acertos na nossa boa ou má sorte ou na nossa boa ou má estrela. O que colhemos hoje é fruto do que plantamos ontem, como o que plantamos hoje, será fruto do que colheremos amanhã.

Mateus (7:24 a 27) e Lucas (6:46 a 49) registram que o homem que segue os ensinamentos de Jesus e observa os preceitos do bom viver, é como o sábio que edificou a sua casa sobre a rocha. E veio a chuva, e transbordaram os rios, e assopraram os ventos, e combateram a casa, e ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. E o que ouve a palavra e não a observa é como o insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E veio a chuva, e transbordaram os rios, e ela caiu, e foi grande a sua ruína.

Compreende-se, assim, o significado do ensinamento: "Nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mateus, 7: 21 a 23).
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita