A visita certa
na hora certa
Sabe daqueles amigos ou parentes, ou mesmo daqueles
primos que chegam à sua casa para passar uns dias ou
umas férias? Só que esses dias ou essas férias se
delongam acima do programado, chegando a ultrapassar
meses e meses a fio?
Pois, bem!
Nos primeiros momentos a festividade toma conta do
ambiente, o coloquialismo se deslancha nas novidades e
nas recordações dos instantes felizes de outrora. Tudo é
motivo para comemoração.
No decorrer do tempo, nos ajustes e reajustes da nova
etapa de convivência, os diálogos vão perdendo a força
simpática e se transformando nos solilóquios das
reclamações.
E aí começam os inconvenientes. As piadas e as
brincadeiras, ou até mesmo um agrado, já não têm o
sentido de antes. A presença do amigo ou parente, ou
daquele primo, já não está mais agradando. Mandá-lo
embora... é falta de educação, é deselegante. E agora???
*
Assim também, caro leitor, acontece com uma irmãzinha e
amiga de sempre, que de quando em vez, assim que se faz
necessário, vem nos visitar, alertando-nos de algo ou
condutas que devemos adotar para evitar sofrimentos.
Nos primeiros momentos, acomodamo-nos com a sua
presença. Mas, no decorrer do tempo da convivência, ela
vai se tornando um incômodo, levando-nos às
inconveniências de uma relação cada vez mais complicada.
Mandá-la embora... é falta de educação, é deselegante. E
agora???
Estou me referindo à dor, caro leitor, essa irmãzinha
querida, essa amiga que chega sempre nas horas certas,
no exato momento necessário para nos alertar de que
algo estranho está acontecendo conosco e que é preciso
tomar providências urgentes para evitar mal maior.
E o que acontece???
Na maioria das vezes, assim como procedemos com os
amigos ou parentes, ou mesmo com aquele primo, não os
ouvimos com a devida atenção o motivo de suas presenças
e nos perdemos em festividades, piadas e risos... até
que um dia as suas presenças se tornam um sofrimento.
Quem sabe aquele amigo ou parente, ou mesmo aquele
primo, precisava apenas de uma resposta ou de uma
resolução de nossa parte para prosseguir o seu caminho?
Assim também é a dor. A sua presença será sempre breve,
se soubermos ouvi-la atenciosamente e adotar as
providências necessárias para que ela prossiga os seus
caminhos alhures.
Como exemplos, podemos citar:
a) uma dor de dente avisando-nos quanto à
necessidade urgente e emergente de um tratamento
odontológico;
b) uma dor na coluna vertebral, sinalizando-nos
que devemos ir, o mais rápido possível, ao ortopedista;
c) uma dor de cabeça devido ao aperto financeiro, o
endividamento, as contas não fecham, chamando-nos a
atenção para, com urgência e emergência, cortar gastos
desnecessários, os famosos supérfluos;
d) uma dor devido a um problema de relacionamento
conjugal, propondo-nos a busca do entendimento e da
compreensão das dificuldades um do outro;
e) dentre tantos exemplos...
E assim, a dor, através de suas visitas preventivas de
todo e qualquer sofrimento, com toda a sua simpatia, nem
sempre; mas com toda a sua inquestionável empatia, sim,
prossegue o seu trabalho em favor de todos aqueles que a
ouvem.
As dores, os amigos ou os parentes, ou mesmo aquele
primo, são e serão sempre visitas agradáveis e
bem-vindas, e que possamos ouvi-los e aceitá-los com
sabedoria, entendendo e compreendendo que todos somos
irmãos de caminhada.
É como dizia o poeta: A dor é inevitável. O
sofrimento é opcional.
Nota do autor:
Yé Gonçalves é nome artístico adotado por nosso
colaborador Hyerohydes Gonçalves dos Santos.