Espiritismo
para crianças

por Célia Xavier de Camargo

A oncinha pintada
 
Certo dia, ao voltar da escola, caminhando por uma rua deserta, Flávio viu um pequeno filhote de onça pintada.

— Meu Deus! — pensou — De onde veio esta oncinha tão simpática?

E pôs-se a observá-la.

Manteve certa distância com medo de que ela o atacasse, porém a oncinha inclinou a cabeça, miando como um gatinho, e Flávio sentiu pena daquele bichinho que devia estar com fome, pois procurava no chão algo que pudesse comer.

Então, Flávio lembrou-se de que não havia comido todo o seu lanche no recreio, pois estava sem fome. Abriu a bolsa e retirou o pedaço de sanduíche que restara, colocando-o na grama, e a oncinha, sentindo cheiro de comida, veio buscá-lo. Cheirou-o, depois o devorou num instante.

Satisfeito, Flávio agachou-se e ficou a observar o animalzinho; depois, achando que ele deveria estar com sede, pegou seu copinho e foi até uma torneira enchendo-o de água. Colocou o copinho cheio no chão e se afastou dois passos, sentando-se nas raízes de uma árvore, para que a oncinha não tivesse medo de vir beber a água.

A oncinha, satisfeita, lambeu-se e ficou quietinha olhando seu amigo Flávio. Vendo-a tão serena, o garoto lhe fez um sinal, como se a estivesse chamando e ela veio acomodar-se perto dele.

Flávio, já sem medo, tocou-lhe o lindo pelo, fazendo um agrado. Logo, a oncinha estava sentada no seu colo, como se fosse um animalzinho qualquer. Feliz, Flávio abraçou-a e resolveu levá-la para sua casa. Afinal, ela era tão boazinha!...

Chegando a casa, mostrou à sua mãe o bichinho que trouxera. A mãe ficou apavorada!

— Mas é um filhote de onça, meu filho!... E certamente tem um dono que deve estar a procurá-la!...

— Mamãe, mas ela é tão boazinha! Tão amorosa! Tão simpática!... — desconsolado, Flávio começou a chorar.

— Mas esse animal não é seu, Flávio!... Deve ser de algum circo! Você sabe se há algum circo na cidade? Vá até o centro e veja se chegou algum circo.   

Flávio, com os olhos cheios de lágrimas, saiu para se informar, como a mãe pedira. Procurou e encontrou. Era um belo circo todo colorido, com muitos animais e ele voltou para contar à mãe a descoberta que fizera.

— Então, meu filho, viu como esse bichinho tem dono? Com certeza é do circo!... Agora, vá devolvê-lo! É seu dever!...

Com o coração apertado, Flávio pegou a oncinha e voltou ao circo, procurando o dono e entregando-lhe a oncinha. O homem agradeceu com belo sorriso, afirmando que a mãe da oncinha estava muito triste e disse:

— Quer conhecê-la? Venha comigo! — E levou Flávio para ver a grande onça pintada, mãe da oncinha, que estava muito triste por perder sua cria.

— Viu como ela estava triste? Veja a alegria dela agora que a sua filha voltou!

— É verdade!... — concordou Flávio, vendo a onça se levantar para agarrar a oncinha que voltara para perto dela, lambendo-a satisfeita.

O dono do circo o abraçou, contente, e convidou-o para vir assistir ao espetáculo que teriam mais à noite, afirmando que poderia trazer sua família toda. Flávio aceitou, cheio de alegria, e voltou contente para casa.

Mais à noite, ele e sua família foram assistir à função do circo, e foram recebidos com alegria pelo dono do circo, Gedeão. Acomodaram-se e esperaram o início da função.

Tudo para eles era novidade! O grande circo armado estava todo cheio e não havia mais lugares vagos. Quando começou o espetáculo, Gedeão, vestido com roupas especiais, apresentou seus artistas, seus animais e, depois, contou a história da Oncinha Pintada:

— A Oncinha Pintada, que fugira do circo e fora encontrada por Flávio, um garoto que voltava da escola, estava ali no colo dele, e agradecia ao Flávio por ter cuidado dela e por devolvê-la ao Circo.

Gedeão chamou Flávio, que foi para o meio do picadeiro, sendo apresentado a todos que ali estavam e depois, abraçou-o com afeto, agradecendo-lhe por ter-lhe devolvido a sua Oncinha Pintada.

Todos os presentes bateram palmas de pé!...

E naquela noite, após a função do circo, Flávio e sua família voltaram para casa muito felizes. Ao chegarem a casa, após o trajeto em que só comentaram sobre a apresentação dos artistas e dos animais, Flávio disse:

— Mamãe, agradeço-lhe por ter-me feito levar a Oncinha Pintada de volta ao circo. Agora vejo como é importante fazermos o que é correto. Obrigado, mamãe! Nunca mais pensarei em ficar com nada que seja de outras pessoas.

E eles se abraçaram, felizes e realizados. Alguns dias depois, Flávio foi despedir-se da sua amiga, a Oncinha Pintada, que pulou feliz, no colo dele, lambendo seu rosto. 

                                               MEIMEI

 

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 19/06/2017.)

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita