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por Bruno Abreu

 
A oportunidade da caridade


A lei de causa e efeito, que regula o movimento dos acontecimentos da vida trazendo de volta a colheita obrigatória de nosso passado, também nos oferece a oportunidade do livre-arbítrio durante a fase de semear.

A oportunidade da caridade situa-se na fase fértil de plantio, não sendo uma obrigação para nós. Costumamos ouvir, e muitos de nós afirmam, que a vida é perfeita, as nossas necessidades e ao que temos que aprender sendo geridas na perfeição através das leis universais criadas por nosso Pai infinito em suas qualidades.

Quando surge um mendigo esfomeado em nosso caminho, estará a fome deste irmão dependente da nossa ação?

Se Deus tudo controla, e nada acontece sem Sua autorização, como poderia estar a fome de um ser ou a sua saúde nas minhas mãos? Serei eu a decidir se hoje dorme de barriga confortada ou não?

Para aquele irmão que busca amparo através de alguma comida, ele não tem em seu poder o exercício de livre-arbítrio em relação à fome; se estiver na hora de comer, passará a pessoa certa para saciar seu estômago. Por outro lado, para mim, que vou a passar, já é diferente, aqui aparece de forma muito clara a oportunidade da utilização do Livre-Arbítrio. Quando passo por alguém com fome, é gerada esta oportunidade em que eu terei o direito de exercê-la ou não, através da caridade.

Como se processa para mim?

“Pedi e obtereis”, palavras do Mestre acerca das Leis Universais Divinas.

Maior parte das vezes vemo-nos na posição de pedir, através da oração em momentos de aflição da vida. Para nosso amparo, muitas das vezes Deus envia-nos familiares e amigos, fazendo cumprir a Sua Lei acima descrita; por outras alturas, cabe-nos a nós colocar em prática este movimento de Amor, servindo como instrumentos de ação. Quando eu ofereço um prato de comida ou meia dúzia de reais, estou a ser utilizado de entreposto à movimentação das Leis Universais, ou seja, quando nos é dada a oportunidade de saciar a fome de alguém, é-nos entregue a capacidade de fazer movimentar a Lei do Amor Universal. Vejam como é grandioso um ato que por vezes nos parece de pouco significado: nós, “pequenos” filhos, a colocar em movimento as Leis de nosso Pai através de nossas ações, “Pedi e obtereis”, sendo hoje o dia de pedir por parte de nosso irmão.

Quando oramos de forma honesta e pura, entramos em contato com uma espiritualidade superior, beneficiando da sua presença e conselhos. Quando faço o bem, muitas vezes já inspirado por Espíritos superiores, além do contato, temos o seu envolvimento; nossos irmãos de corações mais puros que nós buscam companhias desejosas do cumprimento da Lei Divina para que, através delas, se possa dar a ajuda na Terra a quem mais necessita, nas diversas áreas da caridade moral ou material.

O movimento do bem, tal como o Espiritismo nos ensina, é um movimento natural, imparável, de força conjunta entre encarnados e desencarnados, trabalhando no progresso de nosso planeta.

No momento em que penso de forma séria no bem, da mesma forma que a oração, entro em contato com a espiritualidade trabalhadora na Seara do Mestre. Quando ajo com base neste, amplio uma energia benéfica nascida no pensamento positivo, fazendo de mim o primeiro beneficiário deste movimento de energias do Amor.

A contrapartida desta energia, e como todos podemos constatar, bastando nos inclinarmos às ações benéficas, é uma paz interior que não conseguimos encontrar mais de forma nenhuma no universo senão no ato do bem, trazendo como “consequência” o equilíbrio espiritual, psíquico e biológico, ou seja, o mais completo dos remédios terrenos e veículo obrigatório da felicidade geral e individual.

É claro que se negarmos a ajuda àquele irmão ele irá comer na mesma, talvez apenas um pouco mais tarde, nós é que perdemos a oportunidade de ajudar a colocar em prática as Leis Divinas Universais, trabalhando como filho dedicado ao lado de nosso Pai, abraçando o lugar que nos pertence por vontade própria.

Se fomos inspirados a fazer o bem, perguntemos a nós próprios se para a próxima também o queremos ser? Pois isso depende de nossa resposta de agora… Ocupemos o lugar de forma consciente em que as nossas ações nos colocam… com as companhias desejadas.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita