Chico Xavier em um encontro com a comunidade de Goiânia
deixou-nos os seguintes esclarecimentos em entrevista
concedida aos confrades da época e transmitida pelas
diversas redes de comunicação locais:
Os espíritos amigos apresentam algum ponto de vista
sobre o divórcio no Brasil?
Allan Kardec, no capítulo XXII de O Evangelho segundo
o Espiritismo, assevera que o divórcio é uma lei
humana que vem consagrar determinada situação já
existente entre os cônjuges. Do ponto de vista humano,
seria crueldade fugirmos à possibilidade do divórcio em
algumas situações lamentáveis da vida, quando estamos
certos de que as próprias organizações bancárias do
mundo nos concedem reformas e nos proporcionam
determinados prazos para o resgate de certas dívidas.
Necessitamos, porém, conscientizar-nos quanto ao assunto
no Brasil, de vez que somos um povo demasiado jovem e
precisamos habilitar a consciência coletiva para uma
conquista de tamanha expressão na vida da criatura e na
vida comunitária.
Qual seria a melhor forma, qual seria a melhor atitude
do cônjuge para a manutenção da harmonia do sistema da
vida a dois?
Esse sistema de harmonia se baseia no amor que se
transforma em crescente compreensão e respeito cada vez
maior de um cônjuge para o outro, entendendo-se que, em
efetuando o casamento, a pessoa não está criando uma
união de anjos e sim um ajuste respeitável de criaturas
humanas, pelo qual um e outro parceiro entremostram
determinadas nuances de incompreensão, às vezes, a se
traduzirem por grandes dificuldades que reclamam
paciência e aceitação de uma parte para outra, no campo
das relações recíprocas.
Como tratar a criança no regime habitual de educação?
Vemos que a natureza não dispensa a disciplina em
momento algum. Se quisermos um jardim ou se esperamos
rendimento mais amplo de um pomar, cogitamos de
geometria, irrigação, apoio e preparação; em vista
disso, acreditamos que a criança não prescinde da
educação através de muito amor, aliado à disciplina,
reconhecendo-se que no período da infância estamos vindo
ou retornando do Mundo Espiritual com as nossas próprias
necessidades de aperfeiçoamento. Este é um ponto de
vista do Espiritismo Cristão. Na condição de criança,
procedemos do Mais Além, com certos obstáculos de ordem
espiritual. Se não encontrarmos criaturas que nos
concedam amor e segurança, paz e ordem, será muito
difícil o proveito da nova reencarnação que estejamos
encetando.
Qual o mecanismo ideal para atingir a paz e a segurança
entre os familiares vinculados à mesma casa e ao mesmo
nome?
Cremos que este problema será perfeitamente solucionado
quando esquecermos a afeição possesiva ou a ideia de que
somos pertencentes uns aos outros. Quando nos
respeitamos profundamente, cada qual procurando
trabalhar e servir, mostrando a própria habilitação e o
rendimento de serviço dentro das melhores tendências com
que nasceu dentro do lar, um respeitando aos outros e os
outros respeitando a cada um, então, com apreço
recíproco e com o amor que sublima e liberta, o problema
da paz em família estará solucionado com a segurança
devida.
Do livro
Chico Xavier em Goiânia.