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por Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

 

O Gênio Humano na Sociedade


A sociedade humana, que é uma construção do gênio humano, continua, complexa, apesar de toda a evolução da sua estratégica organização, da proliferação e aplicação de regras, complexa, difícil e conflituosa, gerando situações que já não são compatíveis com o estatuto superior que deveria corresponder à dignidade da pessoa humana, numa organização que tem a obrigação de se conduzir pelos princípios, valores, sentimentos e emoções, referenciais desta superior espécie.

O homem (abrangendo, obviamente, os dois gêneros: feminino e masculino) que ao longo da sua história, a partir do seu mais remoto antepassado, cientificamente denominado por “hominídeo”, considerando, ainda, a sua evolução, nas abordagens filogenética e ontogenética, certamente que tem sido objeto de um progresso, a todos os títulos notável, que nenhuma outra espécie animal terá conseguido.

A incapacidade para o homem alcançar os absolutos não significa, de modo algum, uma situação de total relativismo, porque dentro das limitações humanas, existem situações, valores, princípios, sentimentos, emoções, deveres e direitos que não devem ser relativizados, de contrário, duvidar-se-ia das realizações que a ciência, o conhecimento, a técnica e os resultados concretos têm revelado ao homem; este duvidaria, no limite, da sua própria existência.

O que se pretende alertar é para a precariedade da espécie humana, com o dramatismo que lhe é dado viver, justamente por conhecer as suas próprias insuficiências e limitações concretas. Afigura-se, portanto, difícil, afirmar que uma determinada pessoa é, absolutamente, ética, moral, honesta, perfeita ou qualquer outro atributo sublime.

Descobrir, aplicar e validar a fórmula mágica para pacificar a sociedade humana são tarefas que, decididamente, não se vislumbram com facilidade, e até se pode questionar se alguma vez isso será possível, pelo menos sem a vontade e determinação de todos os indivíduos.

Parece haver todo um longo e relativamente difícil caminho a percorrer, cujo início terá de se estabelecer na base de uma formação inicial, bem cedo na vida, continuando com uma atualização persistente ao longo da existência humana, nos domínios da cidadania.

Lançar as bases para uma “Nova Ordem Internacional Cívica”, elegendo a cidadania como um imperativo universal, no que ela contém de princípios, deveres, direitos, valores e/ou, se se preferir, uma ética comprometida com a sociedade, uma ética exercida com competência por todos os cidadãos, independentemente do seu estatuto.

Vivenciar e usufruir dos benefícios da cidadania, numa sociedade democraticamente livre, será, porventura, a situação que todo cidadão responsável e competente deseja. O cidadão moderno, culto, no sentido antropológico que o conceito de cultura implica, capaz de utilizar, para o bem comum, todas as suas capacidades cognitivas, técnicas e humanas, deverá ser formado, rapidamente, através e pelas diversas instituições da sociedade global: família, escola, Igreja, comunicação social, comunidades, vizinhos, empresas e até pela “Instituição” Natureza que tanto pode ensinar quando o homem lhe presta atenção.

Atitudes de confiança nas capacidades humanas e no desenvolvimento de boas práticas constituem algumas das estratégias possíveis para se erradicarem do indivíduo, da comunidade e do universo, diversas patologias preconceituosas, que impedem o homem de se manifestar pelo seu lado bom, que lhe será inato. O processo que pode, em grande parte, contribuir para uma sociedade melhor, no sentido da justiça, da paz e do bem-estar coletivos, passa, também e necessariamente, pela educação e formação éticas.

Haverá, porventura, alguma falta de sensibilidade para os valores da solidariedade, da caridade e da entreajuda; alguma ausência de ética para o dever de proteger os mais fracos e discriminados. Interiorizar um conjunto de valores, no domínio da ética social, que conduzam às boas práticas da convivência humana, digna entre cidadãos, que deveriam ter todos o mesmo estatuto de cidadania, poderá ser uma outra estratégia que, apoiada em diversos recursos humanos e financeiros, eliminaria esta chaga social, que alastra com o aumento da discriminação e da exclusão social, política, laboral, cívica, religiosa e outras, mais se aproximando de uma “globalização da exclusão”, porque remete milhões de cidadãos, grande parte dos quais deram, enquanto novos, o seu melhor à sociedade que agora os exclui para os guetos da miséria, do esquecimento e do ostracismo.

A comunidade em geral e o indivíduo em particular devem preparar-se para a construção de uma nova Ordem Internacional para a Ética e para a Justiça que imponha a igualdade no respeito pelas diferenças, sem discriminações: sejam privilégios; sejam exclusões negativas, num espírito de solidariedade, cada vez mais abrangente, aceitando, naturalmente, as diferenças entre indivíduos e povos, porque ela é natural e caracteriza cada parte.

A igualdade deve ser estabelecida, precisamente, no que respeita ao relacionamento interpessoal, no acesso às oportunidades e aos bens comuns, porque, no restante, é muito complexo, eventualmente injusto, tratar de forma igual aquilo que é desigual. O conceito de Justiça, a partir do respeito pelas diferenças, pode ser um atributo das democracias modernas.

Uma ética societária que apele para o compromisso do dever e motive para o cumprimento dos deveres sociais de solidariedade, de respeito pela dignidade de toda a pessoa humana e recuperação/integração de todos quantos estão excluídos, constitui, no início deste século XXI, um imperativo universal.

Assuma-se, inclusivamente, a Ética no seu sentido pragmático, de boas práticas, porque o importante e decisivo é que todo o cidadão interiorize o conceito do dever, como uma boa metodologia ao serviço daqueles que mais necessitam. Uma Ética dos valores religiosos, políticos, sociais, econômicos, profissionais e cívicos.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita