Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Mundo natural

 

Há o pai biológico, e a mãe biológica, mas eu diria que o pai espiritual do homem que eu sou é a criança que eu fui. (José Saramago)

 

Perdoem-me os moradores desses grandes condomínios residenciais, mas nenhuma criança pode viver de brinquedoteca ou play room.

Criança necessita brincar ao ar livre, desfrutar de praças, parques, jardins, para tomar sol, adquirir resistência, assimilando ainda noções sobre o belo e a diversidade – tudo promovido de modo espontâneo pelo contato com o mundo natural.

Dos adultos desinteressados da natureza, muitos estão a sofrer de tédio, ansiedade, depressão, raivas excessivas. Largamente influenciados pela sociedade de consumo, pela publicidade, pela tecnologia com seu viés de aridez, se examinarmos com minúcia suas histórias particulares, a maioria deles teve infância sem natureza.

O desenvolvimento saudável de um ser humano depende de natureza. Porque a criança necessita pisar na terra, tomar chuva sem medo de resfriado, subir em árvore para apanhar fruta, ficar serena ao ver uma borboleta, compreendendo o porquê da existência de uma abelha, a alegria de um beija-flor no jardim.

Brincar em parques, jardins, é algo sensorial e que estrutura também a intuição. Com isso, através dessas brincadeiras e aventuras, os pais oferecem aos filhos a alegria de compartilhar as coisas simples:

“Hoje de manhã, passei um momento maravilhoso com meu filho em um parque. Descobrimos vários tipos de plantas, árvores de copas, uma palmeira alta, aproveitando a grama, a beleza e o silêncio do lugar. Imagine se em vez disso eu tivesse levado meu filho para fazer compras em um supermercado ou ficar andando nos corredores de um shopping! Certamente isso teria sido bom para o êxito dos mercados, mas não para nossa alegria mais profunda...” (Vítor, 42, pai de João, 4 anos)

Quando deixamos uma criança brincar ao ar livre nas praças, nos parques, subir nas árvores para se deliciar com as frutas, jardinar no fundo de nossa casa, damos a ela uma chance de aprender sobre um mundo provido de deslumbramento, de espírito de camaradagem e de prazeres simples.

Por fim, outro ponto de vista para a reflexão dos pais, porque somos os responsáveis pela educação e bem-estar de nossos filhos: pesquisas e estudos mostraram que um contato maior com a natureza tem um impacto (positivo) importante sobre o desenvolvimento cognitivo da criança.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita