Como a ti mesmo,
um desafio
Estabeleceu Jesus dois mandamentos: “Ama a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Proposta
feita há mais de dois mil anos, para análise sugiro, por
enquanto, dedicarmos nossa atenção à última parte do
segundo mandamento, o “como a ti mesmo”, o autoamor.
Não se trata de egoísmo; o egoísta deseja tudo abarcar.
Trata-se de amor, que é a virtude que nos leva a desejar
o bem, a felicidade, o progresso do ser amado. Aplicar o
autoamor conscientemente é um desafio altruísta. Assim
sendo, sem egoísmo e com altruísmo, “como a ti mesmo”
servirá como parâmetro do amor que se dedica ao próximo.
Poderíamos dizer desta forma: amar ao próximo do mesmo
jeito, do mesmo modo, na mesma medida em que nos amamos.
Portanto, é imperioso refletir: estamos nos amando?
Nesse diapasão, teríamos três maneiras de nos amarmos.
A primeira é o cuidado e dedicação com o corpo material.
O templo dado em depósito por Deus do qual um dia nós
teremos de prestar contas. Consta n’ O Livro dos
Espíritos que devemos prover as necessidades do
corpo, mas para o fim do trabalho, na frase frisemos a
conjunção, mas.
As dificuldades nos cuidados com a saúde do corpo nos
seus vários aspectos servirão para compreender nossos
irmãos que se descuidam. Ajudará também, para medirmos a
luta alheia em abandonar certos vícios materiais como o
tabagismo e o alcoolismo, e também o esforço que é para
perder “alguns quilinhos”. Em O Evangelho segundo o
Espiritismo, o Espírito Georges inicia sua instrução
com esta frase: “começo por demonstrar a necessidade de
cuidar do corpo, que, segundo as alternativas de saúde e
doença, influi sobre a alma de maneira muito
importante”.
O segundo aspecto do autoamor é cuidarmos da
inteligência. Não me refiro ao estudo formal, acadêmico,
pois isso depende de condições econômicas, refiro-me ao
desenvolver do raciocínio, se inteirar das novidades no
seu ramo de trabalho, no hábito da leitura, na
observação atenta, no assistir palestras etc., tudo
enfim que nos enriquece culturalmente. O Espiritismo é
pródigo em oferecer meios de desenvolvimento cultural.
Temos cursos variados, reuniões de estudos em grupo.
Palestras sobre temas edificantes. Tudo colaborando com
nosso desenvolvimento intelectual.
O progresso intelectual ocorre antes do moral, é fato;
em O Livro dos Espíritos, os mentores espirituais
afirmam que “o fruto não pode surgir antes da flor”.
E por fim, na análise do autoamor temos a considerar a
mais difícil forma, que é o nosso progresso moral. Fazer
ao próximo o que gostaríamos que nos fosse feito.
Somente quando prestarmos atenção no nosso lento
progresso moral é que compreenderemos as dificuldades
dos nossos irmãos de jornada.
Não é fácil o autoamor. Vivemos desatentos, física,
intelectual e moralmente. A sugestão proposta foi para
refletirmos sobre o autoamor, suas dificuldades em
relação a nós e aos outros, já o amor ao próximo é tema
para outra oportunidade.