Nova era, novos rumos
“Para que na Terra os homens sejam felizes, é necessário
que ela seja povoada, apenas, por bons Espíritos
encarnados e desencarnados que se dediquem ao bem. Tendo
chegado tal tempo, uma grande emigração se verifica dos
que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda
não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não
sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos,
porque, senão, lhe ocasionariam, de novo, perturbações e
confusão; seriam obstáculo ao progresso. Serão
substituídos por Espíritos melhores, que farão reinar
entre si a Justiça, a paz e a fraternidade.”¹
No cumprimento das leis da natureza na Terra, é o
momento da grande transição de mundo de provas e
expiações, para mundo de regeneração. “Antes, porém,
de chegar-se esse momento, a violência, a sensualidade,
a abjeção, os escândalos, a corrupção atingirão níveis
dantes jamais pensados, alcançando o fundo do poço,
enquanto as enfermidades degenerativas, os transtornos
bipolares de conduta, os cardiopatas, os cânceres, os
vícios e os desvarios sexuais clamarão por paz, pelo
retorno à ética, à moral, ao equilíbrio... frutos das
paixões das criaturas que lhes sofrerão os efeitos em
forma de consumpção libertadora, e lentamente surgirão
os valores da saúde integral, da alegria sem jaça, da
harmonia pessoal, da integração no espírito cósmico da
vida.”²
As alterações que se observam são de natureza
essencialmente moral, convidando o ser humano à mudança
de comportamento para melhor, transformando os hábitos
viciosos, enfermiços, para que aqui se instalem os
paradigmas do dever, da ordem, da justiça e do amor.
Anunciada essa transformação que se encontra inserida no
processo da evolução, desde o Sermão Profético, anotado
pelo Evangelista Marcos, no capítulo XIII do seu livro,
quando o Divino Mestre apresentou os sinais dos futuros
tempos, após as ocorrências dolorosas que assinalariam
os diferentes períodos da evolução do Planeta Terra.
Felizmente, o fim do mundo de que falam as profecias
refere-se à moralidade, sem dúvida, com a ocorrência
inevitável de sucessos trágicos, que arrebatarão
comunidades, propiciando a renovação social; que a
ausência do amor ensinado por Jesus não consegue
alcançar, como seria de desejar. Esses momentos difíceis
surgirão exigindo equilíbrio e oração fortalecedora.
Um sinal característico desse período em que entramos, é
a reação evidente que se opera na aceitação das ideias
espiritualistas. Supondo-se que a maioria dos homens são
imbuídos de tais sentimentos, as modificações que os
mesmos trarão para as relações sociais como: caridade,
fraternidade, benevolência para com todos, tolerância
para com todas as crenças serão a divisa. Isso só será
possível com a prática do Evangelho que trará o reinado
do bem e resultará na queda do reinado do mal. É o fim
do velho mundo e de todas as más paixões a que o Cristo
alude ao dizer: “Quando o Evangelho for pregado por
toda a Terra, é então que o fim chegará”. É aí, que
se dará a era da renovação das ideias, a regeneração do
planeta. É o objetivo pelo qual se orientará a
humanidade, apesar das forças refratárias.
Essa obra transformadora caberá à nova geração que
marchará para a realização de todas as ideias
humanitárias, compatíveis com o grau de adiantamento a
que houver atingido, aptos a secundar o movimento
regenerador. Os homens de progresso encontrarão nas
ideias espíritas uma possante alavanca, e o Espiritismo
encontrará nos homens novos Espíritos predispostos a
acolhê-los.
Esta fase se revela por ideias grandiosas e altruístas e
começam a encontrar eco no Espiritismo que cria a
renovação; é a madureza da humanidade que faz de tal
renovação uma necessidade, pela potência moralizadora,
por suas tendências progressivas, pela amplitude de suas
vistas e generalidade das questões que abraça.
O homem, em face das situações críticas experienciadas
nas várias encarnações, gerando complicações afetivas,
porque distante das emoções sublimes do amor, agindo
mais pelos instintos, especialmente, aqueles que dizem
respeito à preservação da vida, à sua reprodução, à
violência, para a defesa sistemática da existência
corporal, agride, quando deveria dialogar, acusa no
momento em que lhe seria lícito silenciar a ofensa ou
agressão, dando lugar aos embates infelizes, geradores
do ressentimento, do ódio, do desejo de vingança, esses
filhos inconsequentes do egoísmo dominador.
As pessoas parecem anestesiadas em relação aos tesouros
da alma, à vivência do amor, conforme ensinado e vivido
por Jesus. Mesmo entre alguns daqueles que abraçam a
revelação espírita, os conflitos de várias ordens
permanecem na condição de mecanismos de defesa contra a
abnegação, a aceitação e a entrega total ao Messias de
Nazaré.
As mudanças, os fenômenos não se encontram programados
para tal ou qual período, num fatalismo aterrador, mas
para um largo período de transformações, adaptações,
acontecimentos favoráveis à vigência da ordem e da
solidariedade entre todos os seres.
É compreensível que a ocorrência mais grave esteja, de
certo modo, a depender do livre-arbítrio das próprias
criaturas humanas, cuja conduta poderá apressar ou
retardar, ou mesmo modificar a sua constituição,
suavizando-a ou agravando-a. Se as mentes humanas, em
vez do cultivo do egoísmo, da insensatez, da
perversidade, emitirem ondas de bondade e de compaixão,
de amor e de misericórdia, certamente alterar-se-ão os
fenômenos programados para a grande mudança que já vem
ocorrendo.
O amor de nosso Pai e a ternura de Jesus para com o seu
rebanho diminuirão a gravidade dos acontecimentos
mediante, também, a compaixão e a misericórdia, embora
exista a severidade da Lei de Progresso. Todos
encarnados e desencarnados estão comprometidos com o
programa de renovação planetária para melhor. Por isso,
todos devem se empenhar no trabalho de transformação
moral interior para auxiliar a marcha evolutiva, pois o
impositivo do progresso é inadiável.
Infelizmente, o despertar da criatura humana tem-se
feito muito lentamente, dando lugar aos desmandos que se
repetem a todo momento, às lutas sangrentas terríveis.
Predominam, desse modo, as condutas arbitrárias e
perversas na sociedade atual, em contraste chocante com
as aquisições tecnológicas e científicas, alcançadas na
sucessão dos tempos. Observam-se, amiúde, os
preliminares dos sentimentos bons, quando alguém é
vítima de uma circunstância infeliz, movimentando grupos
de socorro, ao mesmo tempo que outras criaturas se
transformam em seres bomba, assassinando fanática e
covardemente outros que nada têm a ver com as tragédias
que pretendem remediar, por meios mais funestos e
inadequados do que aquelas que pretendem combater.
Movimentos de proteção aos animais sensibilizam muitos
segmentos da sociedade, no entanto, incontáveis pessoas
permanecem indiferentes a milhões de crianças, anciãos e
enfermos que morrem de fome, cada ano, não por falta de
alimento que o planeta fornece, mas por total ausência
de compaixão e solidariedade. São esses e outros
paradoxos da vida em sociedade que serão alterados.
As criaturas que persistirem na acomodação perversa da
indiferença pela dor do seu irmão, que assinalarem a
existência pela criminalidade, conhecida ou ignorada,
que firmarem pacto de adesão à extorsão, ao suborno, aos
diversos comportamentos delituosos do denominado crime
do “colarinho branco”, mantendo conduta egoísta,
tripudiando sobre as aflições do próximo, comprazendo-se
na luxúria e na drogadição, na exploração indébita de
outras vidas, por um largo período, não disporão de
meios de permanecer na Terra. Serão exilados para mundos
inferiores, onde irão ser úteis, limando as arestas das
imperfeições morais, a fim de retornarem mais tarde, ao
seio generoso da mãe-Terra que, hoje, não quiseram
respeitar.
Outros partem para retemperar numa fonte mais pura, pois
uma permanência no mundo dos Espíritos basta para
descerrar os olhos, porque, ali, veem o que não podiam
ver sobre a Terra. O incrédulo, o fanático, o
absolutista poderão, pois, voltar com ideias inatas de
fé, de tolerância e de liberdade, em vez de fazer
oposição às novas ideias, pois serão seus auxiliares.
Em O Livro dos Espíritos, Cap. VI e VIII, o
insigne mestre de Lyon estuda as causas e razões dos
desequilíbrios produzidos pelo ser humano e constata que
é realmente necessário que tudo se destrua a fim de
poder renovar-se física e moralmente, observando a
importância e o respeito às Leis de Deus.
Para auxiliar nessa transformação, Espíritos de outras
dimensões, ao lado dos nobres missionários do amor, da
caridade, da inteligência, do sentimento do bem,
trabalham nas sombras terrestres ensejando o
estabelecimento do Reino Divino nos corações dos homens.
Equipes de Apóstolos da caridade no Plano Espiritual
descem, também, ao Planeta, a fim de contribuir em favor
das mudanças que vêm operando, atendendo aqueles que se
encontram martirizados pela desencarnação violenta,
inesperada, padecendo o jugo de obsessões cruéis ou
fixados em revolta injustificável, considerando-se
adversários da luz, facilitando, assim, o trabalho dos
mensageiros de Jesus, esses que vêm trabalhando desde há
algum tempo.
Em todos os momentos, nota-se providencial misericórdia
divina, através de Cristo, sempre atento às ocorrências
planetárias, minimizando as aflições humanas e abrindo
espaço ao dia radioso do amanhã que se aproxima, rico de
bênçãos e de plenitude, em todo seu esplendor.
O Evangelho está aí, como presente dos céus, para que o
ser humano se replete com suas bênçãos, se inunde de
suas luzes, se revigore com as suas energias, se
enriqueça com os seus ensinos eternos.
Bibliografia:
1 - KARDEC, Allan – A Gênese – Capítulo VXIII –
17ª edição – 1990 – LAKE – São Paulo – Brasil.
2 - FRANCO, Divaldo Pereira – Transição Planetária
- pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda – 2ª edição
– 2010 – Livraria Espírita Editora – Salvador, Bahia –
Brasil.
3 - FRANCO, Divaldo Pereira – Amanhecer de uma Nova
Era, - Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda –
2ª edição – 2016 – Livraria Espírita Alvorada Editora –
Salvador, Bahia – Brasil.
4 - KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo
– Capítulo I – Instruções dos Espíritos, e Capítulo III
– Mundos Regeneradores – 3ª edição – 1991 – FEESP – São
Paulo, SP – Brasil.