Ante a Dor
“O meu jugo é leve...” (Jesus)
Quando a Dor aparece no caminho,
Constrangendo e ferindo o coração,
Clama o Ser contra torturante espinho,
Rebelando-se ante o aguilhão.
Tristes lágrimas de insatisfação,
Encharcando-lhe a alma em torvelinho,
Amenizam o fogo da paixão
E despertam a Fé devagarinho.
Revolvendo-lhe o solo interior
Enseja-lhe a mudança, de mansinho,
Na conquista do vero e puro Amor.
Eis a amiga de imenso valor,
Cujo guante(1)
onusto(2)
faz-se arminho(3),
Dando ao Ser o laurel de vencedor!
Glossário:
(1)
Guante: luva de ferro; (fig.) lugar de
sofrimento, local de expiação e prova, com obstáculos a
vencer a todo instante.
(2)
Onusto: carregado, sobrecarregado,
repleto.
(3)
Arminho: macio, mimoso, fofo.
Do livro Ceifa, com poemas de
autoria de Elizabeth Montenari, de Leopoldina (MG)