Decisão que vamos optar
A clareza e objetividade de Kardec impressionam, seja
pela sua atualidade, seja pela lucidez com que apresenta
o pensamento espírita e seus desdobramentos, nas
variadas situações do cotidiano ou nas conquistas
intelecto-morais que vamos alcançando pelo
amadurecimento natural da própria evolução.
Frases curtas, expressões compactas, parágrafos
altamente esclarecedores, raciocínios lógicos, todos
embasados numa construção perfeita que une o texto, o
raciocínio, o alto senso de justiça e bondade, aspectos
históricos sempre envolvidos e, claro, direcionados para
aspectos que construam a mentalidade humanitária e
cristã, à luz da Revelação Espírita.
Isso está em toda a obra da Codificação, nas obras
complementares e na Revista Espírita.
Interessante porque cada pensamento, texto, frase ou
raciocínio do Codificador tornam-se facilmente fonte
inesgotável para abordagens verbais ou escritas, temas
para estudo ou pesquisa. É realmente o fruto de um
espírito genial, comprometido com as causas de progresso
da Humanidade. Não é ao acaso que organizou a
Revelação dos Espíritos.
Uso um exemplo simples, para indicar essa grandeza de
conteúdo.
No capítulo XXVIII – Coletânea de Preces Espíritas,
em O Evangelho segundo o Espiritismo, item 20 –
Para pedir força de resistir a uma tentação,
informa Kardec*: “(...) Devemos, ao mesmo tempo,
imaginar o nosso anjo da guarda, ou Espírito protetor,
que, de sua parte, combate em nós a má influência, e
espera com ansiedade a decisão que vamos tomar.
Nossa hesitação em fazer o mal é a voz do bom Espírito
que se faz ouvir pela consciência. (...)”.
O destaque na frase foi dado pelo próprio Kardec. O tema
aborda a questão dos maus pensamentos, da influência
malévola de alguns Espíritos perturbados ou
perturbadores e mesmo de nossas próprias más tendências,
mas também da presença do anjo guardião que nos ampara e
a quem podemos recorrer. Como se sabe, no capítulo em
referência, Kardec apresenta comentários compactos e
extraordinários a diversas situações em que a prece pode
ser usada, complementando com pequenos modelos de prece
para auxiliar o raciocínio na questão. Mas seus
comentários pessoais são de beleza inquestionável.
Inclusive, o referido item encontra-se no subtítulo
Preces por si mesmo, iniciando-se com a citação dos
anjos guardiães e Espíritos protetores, daí a
indicação aqui constante.
Convido, portanto, o leitor, a refletir sobre o exemplo
simples da transcrição constante da já citada obra
básica: a da espera do Espírito protetor, com ansiedade,
pela decisão que vamos tomar.
Sim, isso é abrangente, notável. Afinal, apesar da
assistência que todos recebemos, continuamente, os
benfeitores respeitam nossas decisões e esperam que
escolhamos os caminhos do equilíbrio e do acerto. Mas
respeitam, se optarmos por caminhos desastrosos, daí a
ansiedade citada pelo Codificador, porque sabem que é
por meio desses equívocos das decisões e opções, durante
a vida, que amadurecemos e aprendemos a viver, nos
relacionamentos e nas decisões próprias do cotidiano.
Apesar de nos assistirem, eles aguardam os caminhos que
optamos por seguir. Percebemos, com clareza, a
abrangência que o assunto propicia. Convido o leitor a
buscar o item em referência e estudá-lo na íntegra.
É assim a Doutrina Espírita: inesgotável nas
possibilidades de aprendizado.
*308ª. edição IDE - Instituto de Difusão Espírita,
Araras (SP), de fevereiro de 2005, tradução de Salvador
Gentile.