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por Orson Peter Carrara

 

Decisão que vamos optar


A clareza e objetividade de Kardec impressionam, seja pela sua atualidade, seja pela lucidez com que apresenta o pensamento espírita e seus desdobramentos, nas variadas situações do cotidiano ou nas conquistas intelecto-morais que vamos alcançando pelo amadurecimento natural da própria evolução.

Frases curtas, expressões compactas, parágrafos altamente esclarecedores, raciocínios lógicos, todos embasados numa construção perfeita que une o texto, o raciocínio, o alto senso de justiça e bondade, aspectos históricos sempre envolvidos e, claro, direcionados para aspectos que construam a mentalidade humanitária e cristã, à luz da Revelação Espírita.

Isso está em toda a obra da Codificação, nas obras complementares e na Revista Espírita. Interessante porque cada pensamento, texto, frase ou raciocínio do Codificador tornam-se facilmente fonte inesgotável para abordagens verbais ou escritas, temas para estudo ou pesquisa. É realmente o fruto de um espírito genial, comprometido com as causas de progresso da Humanidade. Não é ao acaso que organizou a Revelação dos Espíritos.

Uso um exemplo simples, para indicar essa grandeza de conteúdo.

No capítulo XXVIII – Coletânea de Preces Espíritas, em O Evangelho segundo o Espiritismo, item 20 – Para pedir força de resistir a uma tentação, informa Kardec*: “(...) Devemos, ao mesmo tempo, imaginar o nosso anjo da guarda, ou Espírito protetor, que, de sua parte, combate em nós a má influência, e espera com ansiedade a decisão que vamos tomar. Nossa hesitação em fazer o mal é a voz do bom Espírito que se faz ouvir pela consciência. (...)”.

O destaque na frase foi dado pelo próprio Kardec. O tema aborda a questão dos maus pensamentos, da influência malévola de alguns Espíritos perturbados ou perturbadores e mesmo de nossas próprias más tendências, mas também da presença do anjo guardião que nos ampara e a quem podemos recorrer. Como se sabe, no capítulo em referência, Kardec apresenta comentários compactos e extraordinários a diversas situações em que a prece pode ser usada, complementando com pequenos modelos de prece para auxiliar o raciocínio na questão. Mas seus comentários pessoais são de beleza inquestionável. Inclusive, o referido item encontra-se no subtítulo Preces por si mesmo, iniciando-se com a citação dos anjos guardiães e Espíritos protetores, daí a indicação aqui constante.

Convido, portanto, o leitor, a refletir sobre o exemplo simples da transcrição constante da já citada obra básica: a da espera do Espírito protetor, com ansiedade, pela decisão que vamos tomar.

Sim, isso é abrangente, notável. Afinal, apesar da assistência que todos recebemos, continuamente, os benfeitores respeitam nossas decisões e esperam que escolhamos os caminhos do equilíbrio e do acerto. Mas respeitam, se optarmos por caminhos desastrosos, daí a ansiedade citada pelo Codificador, porque sabem que é por meio desses equívocos das decisões e opções, durante a vida, que amadurecemos e aprendemos a viver, nos relacionamentos e nas decisões próprias do cotidiano. Apesar de nos assistirem, eles aguardam os caminhos que optamos por seguir. Percebemos, com clareza, a abrangência que o assunto propicia. Convido o leitor a buscar o item em referência e estudá-lo na íntegra.

É assim a Doutrina Espírita: inesgotável nas possibilidades de aprendizado.
 

 

*308ª. edição IDE - Instituto de Difusão Espírita, Araras (SP), de fevereiro de 2005, tradução de Salvador Gentile. 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita