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por Bruno Abreu

  
Amo por mim ou amo a ti?!


O Amor!

Aquele sentimento que nos leva a suspirar pela pessoa que elegemos como a cara-metade, que nos faz sentir que os filhos são as pessoas mais importantes do universo, que nos leva a amar a família de forma dedicada e os amigos de forma carinhosa; se é para com alguém que não conhecemos e nos chama a atenção pelo seu sofrimento, apelidamo-lo de compaixão.       

Será O AMOR este sentimento maravilhoso que desperta em nós à medida que adentramos a paz mental ou o progresso espiritual, dependente das relações terrenas, tal como as “rotulamos”, pelos graus de aproximação familiar ou de amizade?

Se assim é, a compaixão despertada em nós por alguém que não conhecemos é mais altruísta que o amor dependente da relação categorizada pelos graus de ligação da família humana. A primeira pertence a mim, sou eu, não está dependente de nenhuma categoria relacional; a segunda é suportada pela “etiqueta” da relação terrena.

Algumas vezes questiono àqueles que têm a bondade de me ouvir: - Quem são as pessoas que mais amas na vida?

É óbvio que a resposta é: – Os filhos.

Volto a indagar: – E se tiverem mais algum filho, amarão como amam os que já têm?

Todos sabemos a resposta, por ser generalizada: – Claro que sim!!!

Isto deixa uma questão, será este enorme Amor aquele que Emmanuel nos diz que é mais próximo dos Anjos, alicerçado na figura mental terrena, nas imagens que temos sobre as relações parentais e de amizade, tal como a relação familiar de Mãe e Filhos ou Pai e Filhos?

Isto parece-me muito vazio, o Amor ser florescido em imagens mentais, mesmo sendo estas sobre as relações mais próximas que temos na vida.

Se eu sei que vou amar o filho que ainda não nasceu, e por vezes nem concebido está, pelo menos isto prova que esse amor não está dependente do outro, e isso explica como ele se torna incondicional. Para se darem as condições no afeto de um relacionamento, há que se levar em consideração quem é o outro,  e, na verdade, acontece em maior parte das relações, tal como: eu amo a minha amiga, porque é minha amiga. O que é a amiga senão aquela pessoa que nos oferece a sua amizade, então, será o nosso amor em troca da sua amizade? Se ela não fosse minha amiga, amaria da mesma forma?

Tudo isto se torna uma confusão. Por esta forma de ver,  eu amo o meu filho por ser meu filho, então, amo a pessoa ou a figura relacional?

Vamos tentar desenrolar este novelo complicado, utilizemos os conselhos daquele que temos a certeza de sua sabedoria, Jesus Cristo:

- Dar sem pedir nada em troca;

- Amar os inimigos.

No caso da amizade, eu amo porque é minha amiga, então, segundo a lógica, posso dizer que o meu amor, condicionado ao grau de amizade, está a ser trocado pela afeição da outra pessoa.

No caso dos filhos, este amor diz-se que é incondicional, ou seja, não está dependente do que vier da outra parte, os filhos. Realmente conheço muitos filhos que por vezes maltratam psicologicamente os pais, tomam caminhos atribulados, trazendo complicações em vez de amor. Seus pais, em vez de se afastarem, como aconteceria com outro tipo de relação, embrenham-se em ações de amor e dedicação, tentando ajudar desesperadamente seus descendentes, desenvolvendo doenças graves de saúde física e psicológica no desespero de amparar quem tanto amam.

Este amor é, na generalidade, sem qualquer dúvida, independente da outra pessoa, é  nosso, vive em nós, uma energia que reside em nosso ser, no meu ponto de vista, despontada e impulsionada pela maior tarefa existente em nosso planeta, a tarefa de Maternidade e Paternidade.

Ele pode despontar pela forma-imagem-relação, levar-nos a pensar que amaremos todos os filhos, mesmo sem estarem concebidos, apenas pela imagem da filiação, mas é tão independente dela que não se sujeita às regras da deterioração das imagens relacionais humanas, como a amizade e os amigos, ou até as familiares, que diminuem e por vezes se extinguem quando nos sentimos ofendidos por determinado parente.

Este amor filial, por ser verdadeiramente nosso, sem condições a quem amamos, será ele o exemplo a seguir para compreendermos os ensinamentos do Cristo?

Se amarmos pelo que somos, o que o outro é, será  apenas um acréscimo, caracterizando o amor às diversas pessoas. Desta forma, não amaremos todos?

Aos inimigos amaremos pelo que somos, aos amigos e à família somemos o que eles são, aos filhos… pela aproximação da imagem a que fomos feitos…

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita