Amo por mim ou amo a ti?!
O Amor!
Aquele sentimento que nos leva a suspirar pela pessoa
que elegemos como a cara-metade, que nos faz sentir que
os filhos são as pessoas mais importantes do universo,
que nos leva a amar a família de forma dedicada e os
amigos de forma carinhosa; se é para com alguém que não
conhecemos e nos chama a atenção pelo seu sofrimento,
apelidamo-lo de compaixão.
Será O AMOR este sentimento maravilhoso que desperta em
nós à medida que adentramos a paz mental ou o progresso
espiritual, dependente das relações terrenas, tal como
as “rotulamos”, pelos graus de aproximação familiar ou
de amizade?
Se assim é, a compaixão despertada em nós por alguém que
não conhecemos é mais altruísta que o amor dependente da
relação categorizada pelos graus de ligação da família
humana. A primeira pertence a mim, sou eu, não está
dependente de nenhuma categoria relacional; a segunda é
suportada pela “etiqueta” da relação terrena.
Algumas vezes questiono àqueles que têm a bondade de me
ouvir: - Quem são as pessoas que mais amas na vida?
É óbvio que a resposta é: – Os filhos.
Volto a indagar: – E se tiverem mais algum filho, amarão
como amam os que já têm?
Todos sabemos a resposta, por ser generalizada: – Claro
que sim!!!
Isto deixa uma questão, será este enorme Amor aquele que
Emmanuel nos diz que é mais próximo dos Anjos,
alicerçado na figura mental terrena, nas imagens que
temos sobre as relações parentais e de amizade, tal como
a relação familiar de Mãe e Filhos ou Pai e Filhos?
Isto parece-me muito vazio, o Amor ser florescido em
imagens mentais, mesmo sendo estas sobre as relações
mais próximas que temos na vida.
Se eu sei que vou amar o filho que ainda não nasceu, e
por vezes nem concebido está, pelo menos isto prova que
esse amor não está dependente do outro, e isso explica
como ele se torna incondicional. Para se darem as
condições no afeto de um relacionamento, há que se levar
em consideração quem é o outro, e, na verdade, acontece
em maior parte das relações, tal como: eu amo a minha
amiga, porque é minha amiga. O que é a amiga senão
aquela pessoa que nos oferece a sua amizade, então, será
o nosso amor em troca da sua amizade? Se ela não fosse
minha amiga, amaria da mesma forma?
Tudo isto se torna uma confusão. Por esta forma de ver,
eu amo o meu filho por ser meu filho, então, amo a
pessoa ou a figura relacional?
Vamos tentar desenrolar este novelo complicado,
utilizemos os conselhos daquele que temos a certeza de
sua sabedoria, Jesus Cristo:
- Dar sem pedir nada em troca;
- Amar os inimigos.
No caso da amizade, eu amo porque é minha amiga, então,
segundo a lógica, posso dizer que o meu amor,
condicionado ao grau de amizade, está a ser trocado pela
afeição da outra pessoa.
No caso dos filhos, este amor diz-se que é
incondicional, ou seja, não está dependente do que vier
da outra parte, os filhos. Realmente conheço muitos
filhos que por vezes maltratam psicologicamente os pais,
tomam caminhos atribulados, trazendo complicações em vez
de amor. Seus pais, em vez de se afastarem, como
aconteceria com outro tipo de relação, embrenham-se em
ações de amor e dedicação, tentando ajudar
desesperadamente seus descendentes, desenvolvendo
doenças graves de saúde física e psicológica no
desespero de amparar quem tanto amam.
Este amor é, na generalidade, sem qualquer dúvida,
independente da outra pessoa, é nosso, vive em nós, uma
energia que reside em nosso ser, no meu ponto de vista,
despontada e impulsionada pela maior tarefa existente em
nosso planeta, a tarefa de Maternidade e Paternidade.
Ele pode despontar pela forma-imagem-relação, levar-nos
a pensar que amaremos todos os filhos, mesmo sem estarem
concebidos, apenas pela imagem da filiação, mas é tão
independente dela que não se sujeita às regras da
deterioração das imagens relacionais humanas, como a
amizade e os amigos, ou até as familiares, que diminuem
e por vezes se extinguem quando nos sentimos ofendidos
por determinado parente.
Este amor filial, por ser verdadeiramente nosso, sem
condições a quem amamos, será ele o exemplo a seguir
para compreendermos os ensinamentos do Cristo?
Se amarmos pelo que somos, o que o outro é, será apenas
um acréscimo, caracterizando o amor às diversas pessoas.
Desta forma, não amaremos todos?
Aos inimigos amaremos pelo que somos, aos amigos e à
família somemos o que eles são, aos filhos… pela
aproximação da imagem a que fomos feitos…