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Prova ou expiação?
Eis a questão! |
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Considerando a nossa Terra como uma grande
escola, com bem mais de sete bilhões de alunos
matriculados – os encarnados, e, segundo dizem
os Espíritos, mais de vinte bilhões de alunos em
regime de espera aguardando matrícula – os
desencarnados, pode-se apontar dois mecanismos
básicos divinos de aferição do aprendizado
possível de ser obtido neste colégio,
verificando os estudantes do educandário Terra,
ao longo dos anos letivos, ou seja, no decorrer
da própria vida: provas e expiações.
Estes são os métodos criados por Deus para
impulsionar e alavancar a nossa evolução, e, na
posição de coordenador deste particular
instituto de ensino do Universo, pois existem
milhões de outros, ocupando a cátedra maior,
sabe-se também estar Jesus, o Bondoso Diretor.
É da Lei celestial a obrigatoriedade de se
passar por muitas vidas visando ao nosso próprio
aprimoramento, tantas vidas quantas forem
necessárias de modo a nos conduzir ao alvo
derradeiro: a absoluta perfeição moral.
O número de provas é imenso, porquanto há muitas
virtudes a conquistar e incontáveis matérias a
dominar, de forma a construir o sólido
equilíbrio desejado entre as asas do sentimento
e da inteligência, garantindo dessa forma uma
evolução constante.
Basta observar, no primeiro caso, como é difícil
viver na plenitude apenas uma particular virtude
ao longo da existência. De fato, cremos, não há
Espíritos encarnados que podem alegar domínio
completo das muitas virtudes, de que sabemos só
o Administrador deste estabelecimento de ensino
as conquistou na totalidade.
No segundo caso, reflitamos em quantas
especialidades de engenharia ou mesmo na área de
medicina existem hoje em dia? No passado eram
pouquíssimas, entretanto o número vem crescendo
continuamente, isso só para citar duas áreas do
conhecimento humano. Todas estas matérias também
deverão ser por nós apreendidas, dominadas.
À primeira vista, acredita-se ser esse progresso
infinito, mas este entendimento não corresponde
à realidade, pois o desenvolvimento moral e
intelectual tem um termo1:
169. O número de encarnações é o mesmo para
todos os Espíritos? “Não; aquele que caminha
depressa se poupa a muitas provas. Todavia,
essas encarnações sucessivas são sempre muito
numerosas, porque o progresso é quase
infinito.”
(Negritamos)
Enquanto não incorporamos todo este aprendizado,
passamos por variadas provas e expiações, com
uma especial observação: só expiamos devido a
nossa escolha de evolução não ter contemplado
apenas o caminho do bem, possibilidade esta
prevista plenamente na ordem divina2:
262. Como pode o Espírito, que, em sua origem, é
simples, ignorante e sem experiência, escolher
uma existência com conhecimento de causa e ser
responsável por essa escolha?
“Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o
caminho que deve seguir, como fazes com uma
criança, desde o berço. Contudo, pouco a pouco,
à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve,
Ele o deixa livre para escolher e só então é
que muitas vezes o Espírito se extravia, tomando
o mau caminho, por não ouvir os conselhos
dos bons Espíritos. É a isso é que se pode
chamar a queda do homem.”
(Negritamos)
Observe-se este trecho na resposta dos
Espíritos: muitas vezes lhe acontece
extraviar-se; se é assim, em outras tantas
vezes, acontece de não extraviar-se, seguindo
desde o início apenas o caminho correto. Essa
esclarecedora razão explica o fato de haver
tantas mazelas nesta escola, pois no colégio
Terra estão reunidos alunos que optaram por não
seguir decididamente, no exercício livre do uso
de seu livre-arbítrio, apenas o caminho do bem.
São em média estudantes rebeldes e repetentes
das lições ministradas pelo Diretor Jesus dois
mil anos atrás. Em consequência, como já
cometemos muitos deslizes, a conhecida expressão
“multidão de pecados”, a contar desde a nossa
origem, com prejuízo ao próximo e nós mesmos,
devemos expiar, ou resgatar, essas situações
indesejadas de passado – enfatize-se sempre –
criadas por nós mesmos.
Sendo assim a mecânica divina da vida, uma
pergunta poderia ser suscitada: Como posso
saber, ou distinguir, quando estou passando por
uma prova ou uma expiação e qual a diferença
entre elas, de modo a melhor me conduzir nos
diversos desafios existentes no desenrolar da
vida?
Analisando a dúvida sob o ponto de vista da
Doutrina, sabemos ser de fato uma questão a
expressar apenas a nossa vã curiosidade em saber
especificamente sob quais condições se sucedem
os muitos fatos da vida, se são verificações ou
resgates, consequentemente irrelevante, segundo
a visão doutrinária.
Nós, Espíritos ainda imperfeitos, não precisamos
necessariamente saber se estamos passando por
uma prova escolhida na erraticidade3
ou, do outro lado, se vivenciamos uma expiação,
pois o que precisamos com certeza é simplesmente
superar as dificuldades, não importa se estas
têm sua origem em uma prova ou em uma expiação;
o objetivo é vencer, ou vencermo-nos diante dos
quadros agudos e nem sempre agradáveis que
caracterizam as nossas existências, situações
comuns em um típico mundo de provas e expiações,
em via de se regenerar.
A propósito, e sempre oportuno, podemos lembrar,
por exemplo, este registro em outra obra do
Codificador4: “Não
há crer, no entanto, que todo sofrimento
suportado neste mundo denote a existência de uma
determinada falta. Muitas vezes são simples
provas buscadas pelo Espírito para concluir a
sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a
expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a
prova é uma expiação.”
Ou seja, estamos sempre sendo testados, seja
pela prova propriamente dita escolhida
anteriormente, seja pela expiação, solicitada ou
imposta; esta última servirá em todo o tempo
também de prova, e se bem suportada conferirá ao
aluno a nota de aprovação.
Muitas vezes cremos terem as provas superado as
nossas forças, nos reconhecemos despreparados e
nos sentimos incapazes de carregá-las. Esta
conclusão, aparentemente acertada, não é
verdadeira, não encontra respaldo nas leis
divinas, porquanto, observando bem o quadro
presente, com imparcialidade, pode-se facilmente
concluir termos aumentado as nossas provas,
tornando-as desta maneira insuportáveis do nosso
ponto de vista, porém isso se deu como resultado
de condutas impróprias e atitudes intempestivas
tomadas frequentemente por todos nós.
Variados sofrimentos e amarguras enfrentadas ao
longo desta existência se originam em condutas e
ações adotadas distanciadas do bom caminho, ou
seja, das diretrizes divinas, nesta própria
vida; têm, pois, origem no presente e não no
passado longínquo. Em consequência, a vida
responde com novos dissabores e contratempos
ainda durante a vida atual. E se não houver
repercussão ainda nesta existência, estas faltas
do presente se apresentarão como expiações de
passado, em nossas vidas futuras; é tudo muito
simples. Dessa forma, se almejamos um futuro
melhor, oremos e vigiemos agora. Esta máxima, se
bem aplicada, pode-nos forrar de muitos
percalços e atribulações no porvir.
Outro importante aspecto a considerar é a
certeza de que, se vivenciarmos as provas e
expiações com rebeldia, contragosto, murmúrios
ou reclamações, duvidando da justiça do Criador,
a verificação ou o resgate perdem a função e o
sentido; por conseguinte, a vida nos convidará
ou nos obrigará, em futuro próximo, a passar por
novas aferições, até sairmos plenamente
vitoriosos. Este sistema de ensino é perfeito,
pois perfeito é o Pai.
Diante destas esclarecedoras explicações
oferecidas pela Doutrina, cabe-nos aceitar as
vicissitudes da vida como oportunidades de
aprendizado, em nosso próprio favor, visto que
Deus age sempre com bondade e misericórdia, não
nos solicitando esforços maiores do que podemos
suportar; disso não tenhamos a menor sombra de
dúvida.
E como Deus é Pai, e não feitor, não considera
qualquer falta como irremissível, ou seja,
imperdoável. Sendo ela qual for, Ele nos
concederá incontáveis oportunidades para
alcançarmos o sucesso não obtido nesta
existência, contudo tenhamos em mente que muitas
vezes essas novas verificações acontecerão em
situações menos favoráveis do que aquelas
experimentadas agora, caso contrário não se
realiza o processo de educação do Espírito.
Tudo depende de nós mesmos, está em nossas mãos.
Ajamos agora, não posterguemos, aceleremos o
processo em curso de regeneração do planeta,
pois somos os artífices desta mudança.
Referências: