Entre os Dois
Mundos
(Parte 11)
Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do
livro Entre os Dois Mundos, obra de autoria de
Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P.
Franco no ano de 2004.
Questões preliminares
A. Preocupada com seus filhos, que ficariam órfãos de
mãe, D. Lucinda ouviu do mentor espiritual palavras que
pacificaram sua alma. Que lhe disse ele?
Sobre os filhos, dr.
Arquimedes disse: “Os filhos são sempre de Deus, que os
empresta aos pais biológicos, temporariamente, a fim de
poderem crescer no rumo da felicidade, que nem sempre
valorizam”. E acrescentou: “É certo que somente poucos
se aproveitam da feliz oportunidade, seguindo as trilhas
luminosas traçadas pelos genitores. Expressivo número,
no entanto, logo identifica as facilidades terrestres,
as comodidades, as dissoluções, dominado ainda pelas más
inclinações que remanescem das experiências transatas,
e opta pelos deslizes...”. Quanto a ela, prestes a
retornar ao plano espiritual, o mentor recomendou: “Fixa
a mente na tua libertação, porquanto a prova a que foste
submetida por necessidade de evolução alcança o seu
clímax, avançando para o inevitável término”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 9: Libertação de D. Lucinda.)
B. Que efeito tiveram sobre D. Lucinda as palavras ditas
pelo mentor espiritual?
Com as palavras carinhosas
ditas por ele, a paciente mudou o aspecto facial, assim
como suas emoções, irisadas agora pela esperança e pelo
reconforto moral de que se via objeto. Como imediata
consequência da especial vibração que assimilava, ela
entrou em relaxamento, adormecendo em seguida no
invólucro carnal.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 9: Libertação de D. Lucinda.)
C. Dr. Marco Aurélio estava ciente das consequências de
sua leviandade para com a esposa?
Não naquele momento,
porque se encontrava em estado de coma. Padecendo a
injunção obsessiva do adversário desencarnado que o
exauria em vampirização cruel, mas que ele acolhera
espontaneamente no psiquismo, em face dos desalinhos
que se permitira, prosseguiria na investidura carnal por
mais tempo, de modo que se beneficiasse moral e
espiritualmente do processo reparador.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 9: Libertação de D. Lucinda.)
Texto para leitura
110. Libertação de D. Lucinda –
Dona
Lucinda encontrava-se, em espírito, parcialmente
desprendida, ainda muito angustiada. Embora no uso de
alguma lucidez e pouco discernimento, debatia-se em
aflição, especialmente em face do temor em torno do que
estava acontecendo e do que iria suceder, porquanto
aqueles últimos foram dias terríveis para as suas
debilitadas resistências orgânicas. Haviam sido tão
graves as emoções experimentadas que o coração
acelerado, sob o efeito da hipertensão arterial, deu
origem aos severos comprometimentos cerebrais ou
vice-versa. Dr. Arquimedes fixou-a com infinito amor,
auxiliando-a mediante induções mentais para que se
tranquilizasse. Na situação em que ela se detinha,
eliminava fluidos perturbadores que a intoxicavam
espiritualmente. Ao influxo, porém, das vibrações bem
direcionadas pelo Mentor, que a alcançavam, balsâmicas,
ele falou-lhe, enternecido: “Tem ânimo, filha querida!
Preserva a serenidade ante os acontecimentos em curso. O
teu calvário, que te parece longo e doloroso,
encontra-se em fase terminal. Confia em Deus e deixa-te
por Ele conduzir sem opores resistências às Suas
determinações... Após os testemunhos necessários à
iluminação surge a liberdade generosa e enriquecedora”.
Lágrimas contínuas, expressando o seu sofrimento de
longo curso, escorreram-lhe pelas faces marcadas pelas
garras fortes da aflição. Podíamos identificar as
preocupações que a atormentavam, em relação à família
rebelde, mas que não podia verbalizar. O sentimento
materno, em toda e qualquer situação, é sempre
assinalado pela ternura e pela necessidade de auxiliar a
prole, especialmente quando essa se encontra em perigo.
(Entre os dois
mundos. Capítulo 9: Libertação de D. Lucinda.)
111. Captando-lhe os
pensamentos afligentes, o psiquiatra espiritual
esclareceu-a com bondade: “Os filhos são sempre de Deus,
que os empresta aos pais biológicos, temporariamente, a
fim de poderem crescer no rumo da felicidade, que nem
sempre valorizam. É certo que somente poucos se
aproveitam da feliz oportunidade, seguindo as trilhas
luminosas traçadas pelos genitores. Expressivo número,
no entanto, logo identifica as facilidades terrestres,
as comodidades, as dissoluções, dominado ainda pelas más
inclinações que remanescem das experiências transatas,
e opta pelos deslizes... Apesar disso, sempre armazena
conhecimentos e experiências que um dia lhe serão
valiosos”. O mentor fez interrupção temporária, a fim de
facilitar-lhe a absorção das suas palavras, e
continuou: “A respeito do esposo enfermo, igualmente
mantém-te em paz interior, porquanto também ele vem
recebendo a competente ajuda que se lhe torna
indispensável. Havendo preferido avançar pela via
tortuosa, é natural que os passos que o conduziram às
escarpas perigosas imponham-lhe o retorno tão difícil
quanto perigoso. Mas ele conseguirá triunfar, amanhã ou
mais tarde, conforme a Providência Divina lhe faculte.
Dispondo de recursos inestimáveis, que desperdiçou por
loucura e ambição, refaz o caminho com dificuldade, a
fim de recompor-se e reconquistar tudo quanto
malbaratou. Fixa a mente na tua libertação, porquanto a
prova a que foste submetida por necessidade de evolução
alcança o seu clímax, avançando para o inevitável
término”. (Entre
os dois mundos. Capítulo 9: Libertação de D. Lucinda.)
112. Com as palavras
carinhosas ditas pelo mentor, a paciente mudou o aspecto
facial e suas emoções, agora irisadas pela esperança e o
reconforto moral de que se via objeto. Como imediata
consequência da especial vibração que assimilava, ela
entrou em relaxamento, adormecendo em seguida no
invólucro carnal. O mentor aplicou-lhe então em todo o
cérebro, especialmente no chakra coronário, energias
vigorosas, mediante movimentos rítmicos, deslindando os
fios de manutenção das faculdades do espírito junto à
usina cerebral. O dedicado médico explicou aos colegas
de trabalho: “A nossa intervenção tem por objeto
providenciar a morte das funções cerebrais, o que irá
contribuir para a ocorrência da morte encefálica, que
dá origem a sucessivos distúrbios autonômicos,
metabólicos e hemodinâmicos. Esses processos de
desarticulação dos mecanismos vitais promoverão a
deterioração da estabilidade cardiocirculatória e da
perfusão tissular, que produzirão a parada cardíaca.
Trabalhando-se em favor da hipertensão intracraniana,
logra-se a ocorrência de alterações neuropatológicas
conhecidas como tempestade adrenérgica, que no momento
nos serão muito úteis”.
(Entre os dois mundos. Capítulo 9: Libertação de D.
Lucinda.)
113. Pôde-se, então,
observar que o cérebro apresentava hemorragias
macroscópicas e diversos graus de isquemia aguda
espalhada por ambos os hemisférios, alongando-se até o
cerebelo e alcançando o tronco encefálico. Logo mais,
teria sido atingida a meta. Na continuidade do
processo, Manoel Philomeno notou que uma peculiar
luminosidade adentrava-se pelo órgão quase totalmente
amortecido, diluindo as antes vigorosas conexões do
espírito com o corpo. Ato contínuo, o mentor passou a
aplicar a mesma energia na área cardíaca, realizando
movimentos especiais, como que desatarraxando matrizes
vibratórias que se fixavam ao órgão e a todo o campo em
volta. Em face disso, o órgão passou a pulsar
desordenadamente. Enquanto operava, o mentor explicou
aos seus colegas, aos quais chamou atenção para o
músculo cardíaco: “A notável bomba injetora de sangue
para todo o organismo encontra-se desgastada. As
sucessivas alterações da pressão arterial foram
demasiadamente fortes para os tecidos que a constituem.
À semelhança de uma borracha muito esticada, que é
liberada abruptamente, agora se apresenta com a
tessitura distendida, sem a mesma plasticidade que lhe
faculta as pulsações. A fibrilação auricular produz
extrassístoles e, em consequência, irrigação irregular
do sangue no organismo. Por outro lado, os impulsos
estão perdendo o seu ritmo, em decorrência da
interrupção elétrica nos ventrículos e na aurícula, que
estamos produzindo propositalmente, propiciando a
próxima e inevitável parada cardíaca. Logo que essa
ocorra, a falta de oxigênio no cérebro, já danificado,
irá completar-lhe a morte, portanto, a cessação da vida
física de nossa paciente”.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 9: Libertação de D. Lucinda.)
114. A operação teve curso
prolongado, ensejando à equipe acompanhar o esforço dos
diversos órgãos para prosseguirem nas suas funções,
cada vez mais deficientes, até a cessação, uma após a
outra, por completo. Quando ocorreu a parada cardíaca, o
monitor disparou, atraindo um enfermeiro e, logo
depois, a cardiologista, que deram início ao processo de
ressuscitamento por massagens, prosseguindo com os
aparelhos específicos, aplicando choque e respirador
automático. Tudo em vão, naturalmente, porque o fenômeno
era desencadeado da esfera espiritual para o mundo
físico, antecipando um pouco a ocorrência normal.
Ocorre, porém, que, apesar da ocorrência da morte
fisiológica, a desencarnação total ainda não houvera
acontecido. Os vínculos perispirituais permaneciam e
começavam a afrouxar-se. Dando continuidade ao
processo, o hábil médico trabalhava os laços fluídicos,
de forma que os dissociasse com muito cuidado. À medida
que dava continuidade, podia-se ver a exteriorização
das energias físicas, a princípio muito escuras e
densas, tornando-se mais etéreas e sutis e avolumando-se
exteriormente, enquanto o perispírito era liberado das
artérias, veias e vasos cuja corrente sanguínea, que lhe
servia de suporte, decompunha-se. Um símile perfeito do
corpo somático foi-se formando diante do grupo,
ensejando-lhe acompanhar a constituição espiritual da
senhora desencarnada, que apresentava as mesmas
características da organização fisiológica, inclusive
quanto ao aspecto de desgaste e de sofrimento.
(Entre os dois mundos.
Capítulo 9: Libertação de D. Lucinda.)
115. Algumas emanações
continuavam sendo liberadas pelo corpo de D. Lucinda,
que ainda retinha o espírito junto ao invólucro
material. Petitinga, percebendo as interrogações
silenciosas de Manoel Philomeno, aproximou-se, vindo em
seu auxílio, e esclareceu: “Trata-se do fluido vital que
se vai exteriorizando e desaparece a pouco e pouco,
facultando a decomposição cadavérica. Quando se trata
de espíritos sensualistas, perversos, utilitaristas,
cujos interesses sempre estiveram vinculados à matéria,
essas energias continuam atando o desencarnado aos
despojos orgânicos, proporcionando-lhe sofrimentos, que
são assimilados pelo perispírito, o que lhe dá a
impressão de que a morte não ocorreu. Noutros casos,
como neste, a diluição dá-se lentamente até a total
liberação, não produzindo danos de natureza alguma no
ser desencarnado”. Enquanto isso, ante o insucesso da
operação de ressuscitamento promovida pela equipe
cardiológica, o especialista declarou-a morta, propondo
as providências para a remoção do cadáver para o local
do velório, ao tempo em que o serviço social do
nosocômio comunicou à família da senhora a infausta
ocorrência. Os filhos, bruscamente despertados para a
realidade dos últimos acontecimentos, que culminavam na
irreparável perda da mãezinha, foram acometidos de
sincero sofrimento, pela primeira vez, percebendo a
grandeza daquela que a tudo renunciara em favor da
harmonia doméstica e da felicidade deles. Sentiam-se
agora inseguros em torno do futuro, em face das difíceis
conjunturas que se lhes apresentavam de uma só vez.
Afinal, a vida física é impermanente, e tudo nela está
sujeito a fenômenos inesperados, por mais se lhe
programe de forma otimista e tranquila o transcurso.
(Entre os dois
mundos. Capítulo 9: Libertação de D. Lucinda.)
116. O Dr. Marco Aurélio, porque em estado de coma, não
tomou conhecimento das nefastas consequências da sua
leviandade e dos seus disparates que, por pouco, não o
comprometeram mais gravemente. Padecendo a injunção
obsessiva do adversário desencarnado que o exauria em
vampirização cruel, mas que ele acolhera espontaneamente
no psiquismo, em face dos desalinhos que se permitira,
prosseguiria na investidura carnal por mais tempo, de
modo que se beneficiasse moral e espiritualmente do
processo reparador. Sua veneranda genitora espiritual,
que viera especialmente para as terapias aplicadas em
seu favor e da sua esposa, auxiliando-a na libertação
do invólucro carnal, acercou-se de dona Lucinda, agora
liberada do corpo e entorpecida, solicitando ajuda de
dois membros do nosso grupo para conduzi-la ao nosso
acampamento, onde ficaria internada em pavilhão
apropriado, para posterior remoção à
esfera espiritual,
após o sepultamento cadavérico. Os restantes fluidos que
uniam o corpo ao espírito foram destrinçados
delicadamente e, agora, o restante que se evaporava dos
despojos carnais não mantinha amarra alguma com o ser
propriamente dito.
(Entre os dois mundos. Capítulo 9: Libertação de D.
Lucinda.)
117. A bulha terrível diminuíra nas ruas da cidade
tumultuada, com a chegada do amanhecer, no seu
fulgurante carro de luz. Aquele era o último dia do
espetáculo de perversão e loucura a que se entregaram os
foliões, agora cansados, que iriam, logo mais,
contabilizar os prejuízos emocionais, financeiros e
morais dos descalabros que se permitiam. Naturalmente,
esse despertar não influenciaria muito nas suas decisões
para uma vida morigerada, antes, em razão do vício que
se facultavam, sentiam mais ainda o açular dos desejos
para o prosseguimento da bacanal. Como não pudessem ser
úteis naquela unidade hospitalar, após o trabalho a que
se dedicaram, o bondoso Mentor convidou os colegas da
equipe socorrista a retornar ao seu local de repouso e
reflexões, a fim de darem prosseguimento aos futuros
compromissos que os aguardavam. O grupo havia estado em
atividade junto ao Dr. Marco Aurélio e sua família
durante os últimos quase três dias.
(Entre os dois mundos. Capítulo 9: Libertação de D.
Lucinda.)
(Continua no próximo número.)