“A Medicina não é de nossa
alçada.”1
Existem artigos – e também autores espíritas
conceituados – que afirmam que Allan Kardec foi médico;
e isso sem indicar a fonte em que se apoiam seus
autores! Circunstância a nosso ver gravíssima, por
desinformar os interessados e apoiar-se em fato não
comprovado.
Não sabemos a que atribuir tal conduta. Talvez o façam
para valorizar ainda mais quem é, por si mesmo,
grandioso, como foi – e é – Allan Kardec!
Grandioso pela clareza de seus textos, sem rebuscamentos,
sem complexidades de difícil entendimento; pelo trabalho
incansável que realizou em apenas quinze anos; pela
coragem de arrostar ásperas críticas; pela perseverança
demonstrada e por seus incontáveis sacrifícios de
variada natureza – sem os quais não teria chegado a bom
termo.
Mas, sobretudo, pela inteligência de perceber em fatos
aparentemente insignificantes, a grandeza da Doutrina
Espírita, a partir do seguinte raciocínio:
“Diz a razão que um efeito
inteligente deve ter como causa uma força inteligente
(...)”.2
A Revista Espírita acima indicada publica texto
de Kardec, sob o título O Magnetismo Perante a
Academia.
Nele afirma que, com um disfarce, o Magnetismo entrou
pela janela para a Academia das Ciências, sob o novo
rótulo de Hipnotismo!
E também transcreve parcialmente “artigo que o Sr.
Victor Meunier”, publicou em revista científica, em
16.12.1859, onde informa que o magnetismo animal foi
levado à Academia pelo Sr. Broca. Indica também que ele
e outros cirurgiões experimentaram o magnetismo em
cirurgias, em substituição a anestésicos.
Nesse artigo é o próprio Codificador quem afirma não ser
médico:
“Esperemos tenha o hipnotismo, como meio de provocar a
insensibilidade, todas as vantagens dos agentes
anestésicos, sem deles guardar os inconvenientes. Mas
a Medicina não é de nossa alçada e, para não sair de
suas atribuições, nossa Revista não deve considerar o
fato senão sob o ponto de vista fisiológico.”
(*)
Na Internet, colhemos o registro de que o
Codificador
“Possuía vasta cultura humanística e conhecia o alemão,
o inglês, o italiano, o grego, o latim, todavia não
foi médico, como às vezes se ouve dizer.” 3
(*)
Localizado o artigo em que o próprio Kardec informa que
não era médico, cremos ociosa a busca de outras
comprovações desse fato.
Não nos move outro interesse senão o de buscar
fidelidade à história da relevante encarnação desse
nobre Espírito, de quem somos todos devedores!
Aqui registramos nossa reverência e gratidão a ele, por
nos haver favorecido com a Codificação Espírita que,
qual almenara de luz, ilumina nossos caminhos em direção
a Deus, nosso Pai!
Revela-nos a existência do mundo espiritual, de onde
viemos e para o qual retornaremos, após inúmeros
estágios reencarnatórios com o fim de evoluirmos.
Foram os próprios Espíritos que relataram a ele esses
fatos, comprovando as relações entre ‘vivos’ e ‘mortos’.
Conhecer a Codificação Espírita e estudá-la é o meio
mais adequado para evoluirmos conscientemente, evitando
erros que retardam, dolorosamente, essa marcha que nos
levará à conquista dessa meta à qual estamos todos
destinados pelos desígnios generosos de Deus, nosso Pai!
Não há como fugir à evolução! Podemos retardá-la, com as
quedas provocadas por nossa ignorância das Leis Divinas,
mas jamais impedi-la.
(*) – Os grifos são nossos.
Referências:
1. KARDEC, Allan. Revista Espírita. Ano terceiro
– 1860.
Trad. Evandro Noleto
Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
O Magnetismo perante a academia, p. 27.
2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad.
Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.impr. Rio de Janeiro:
FEB, 2011, Prolegômenos, p. 69.