Unificação: uma reflexão
Quem quiser ser o maior, que seja o menor entre os
servos.
(Jesus)
Em todos os tempos da evolução da humanidade, o homem
para melhor viver e alcançar seus objetivos necessitou
de seus semelhantes;
verificou através do ensaio e das experiências, meios de
como alcançar o sucesso nos seus projetos;
percebeu que o auxílio do outro e sua colaboração
tornavam mais fácil a vida e a convivência.
No entanto, antes que esta aglomeração de pessoas
diferentes venha a se constituir um grupo unido e
cooperativo, o sentimento de fraternidade
deveria embasar as
atitudes, para tal, a
liberdade de pensamentos e de opiniões surgiria como
ponto de partida para a convivência saudável.
“A união é a força soberana que baixa a Terra, a
fraternidade é a simpatia da união...; Precisais ser
unidos para serdes fortes e serdes fortes para fundar
uma instituição que não repousa senão sobre a verdade,
tornada tão tocante e admirável, tão simples e tão
sublime...” -Allan Kardec
Para obter tal unidade
de pensamento, foi preciso entender que divergir em
ideias, não representa desunião, e
sim,
com indulgência e solidariedade, compreender que
são através das divergências que se aprimoram as ideias,
e é através de opiniões individuais que se conclui a
ideia principal, sendo que união fortalecida entre
pessoas, é convergir no interesse e no bem de todos.
“União,
desse modo, para nós, não significa imposição do recurso
interpretativo, mas, acima de tudo, entendimento mútuo
de nossas necessidades, com o serviço da cooperação
atuante, a partir do respeito que devemos uns aos
outros.”. Emmanuel
Verificamos que o apelo dos grandes emissários do alto,
começando por Jesus, chegando aos dias de hoje por
Bezerra de Menezes e outros - só será possível se a
União estiver instalada no seio de um grupo de pessoas;
entre eles deve imperar respeito, consideração,
companheirismo, confiança e honestidade.
“Sem caridade não há salvação – sem fraternidade
não pode haver União.” Allan Kardec
A Doutrina Espírita, neste momento decisivo
de evolução da Terra
possui, em grande parte, adeptos conscientes dos
conhecimentos já adquiridos. Em contrapartida, os vícios
morais ainda presentes são significativos, mas deverão
ceder lugar em beneficio da ideia
de União e Unificação do
Espiritismo, evitando desta forma, que estas
imperfeições venham a interferir nos objetivos do
movimento espírita, produzindo interpretações
desalinhadas com a Doutrina.
O poder, o ter, a disputa, a imposição de ideias e
diretrizes materialistas e
sofistas, constituem-se entraves infelizes e
danosos do processo evolutivo da Unificação; muitas
vezes passam desapercebidos, sem análise,
e corroem os
sentimentos dos mais simples.
Em decorrência dos diversos níveis de consciência,
o entendimento dos
objetivos unificadores, nem sempre são compreendidos
pelos espíritas engajados nas instituições, onde na
maioria vemos
a triste imposição de ideias
individualizadas e disciplinadoras... “...não
nos é lícito impor a proposta espírita libertadora ou
não nos compete violentar consciência alguma”,
correndo o risco de cercear ações nobres, com o objetivo
de obter resultados positivos, dizendo-se assim, com um
entendimento equivocado, estar cumprindo a ideia de
Unificação.
Companheiros “...que se elegeram ou foram eleitos
lideres por si mesmos, ...vêm-se desviando dos conteúdos
insofismáveis da Doutrina Espírita, ... A presunção e a
soberba elegem delineamento e condutas que recordam
aqueles formulados pelos antigos sacerdotes, e que ora
pretendem se encarreguem de definir os rumos que devem
ser tomados pelo movimento... Apegam-se ao poder, como
se fossem insubstituíveis... ...ameaçam a unidade do
corpo doutrinário, olvidando-se daqueles que não possuem
títulos terrestres, mas que são, pobres de espírito,
simples e puros de coração, em elitismo
injustificável. Escasseiam o amor, a compaixão e a
caridade. Críticas sórdidas, perseguições públicas,
malquerenças grassam...”
Assim a Unificação só será
concretizada, se a união dos diversos grupos de
pessoas, tenham por base virtudes indispensáveis que
atendam ao coletivo, e o bem de todos. Conforme Allan
Kardec “ um
dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação
da Doutrina seria a falta de unidade"
e que “somente do conjunto e da comparação de todos os
resultados parciais podiam resultar a Unidade.”
Lembremos que o Codificador alerta que, para que
houvesse a homogeneidade na Unidade de ideias seria
preciso a existência de grupos distintos, mas com os
mesmos ideais.
“...a
União dos Grupos, Centros ou Sociedades Espíritas que,
preservando a sua autonomia e liberdade de ação,
conjugam esforços e somam experiências, objetivando o
mesmo fim."
Kardec reafirmando a importância de vivenciar a doutrina
espírita em todas as instâncias da vida, indica o
caminho da fraternidade para superar os entraves e
construir a união e a unificação espírita:
“...
os centros que se acharem penetrados do verdadeiro
espírito do Espiritismo deverão estender as mãos uns aos
outros, fraternalmente, e unir-se para combater os
inimigos comuns: a incredulidade e o fanatismo.”
Para que possam se desvencilhar das ideias equivocados e
distorcidas, aos que
professam os ideais da Codificação, Bezerra de
Menezes
ensina que “ - É indispensável manter o Espiritismo,
qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a Allan
Kardec, ...sem personalismos deprimentes, sem pruridos
de conquista a poderes terrestres transitórios” , corrigindo
posturas, tendo o entendimento e a compreensão do que é
difundido, estando harmônico
com as diretrizes de Unificação de Kardec.
Estamos na Nova Era e
neste momento
“ ...essa adesão, comprovando a unidade dos princípios,
será, além do mais, o laço que unirá os adeptos numa
grande família, sem distinção de nacionalidades, sob o
império de uma mesma fé, de uma comunhão de pensamentos,
de modos de ver e de aspirações. ” (Kardec, Allan)
Conclusão -
Assim atendendo à
programação evolutiva de nossa Terra, auxiliando com o
esforço autoiluminativo, já
consciente da Filosofia Espírita, razão e amor,
Jesus e Kardec, sentindo-nos trabalhadores da Última
Hora, com o dever de difundir a Doutrina Espírita –
Consolador Prometido – faculta-nos procurar manter a
Unidade e a Unificação Doutrinária.
Para tal, todos os
trabalhadores da Seara do Mestre devem ter em mente a
necessidade de acolher, e entender o outro em seus
diferentes pensares. Que as ideias não sejam impeditivos
da fraternidade e do amor que deve vigir em nossas
células espíritas, bem como no nosso movimento. Que
seja o nosso pensamento Unir em um mesmo objetivo,
abdicando a postura do “eu” e multiplicar o “nosso”,
para que a prática da “fraternidade”, seja a
principal virtude, elo fortalecedor da sociedade.
Se esta “virtude” não estiver
implantada
entre os espíritas, seguidores dos ensinamentos de
Jesus, a ideia de União e de Unificação da Doutrina
Espírita, será uma simples ideia utópica.
Nesta perspectiva a unificação dos espíritas deve se
concretizar pela fraternidade, indo além do patamar das
ideias e do conhecimento, mas principalmente pela
vivência
do amor incondicional.
“... temos que lograr a Unificação, mas essa
Unificação dependerá muito da nossa União de uns com os
outros como pessoas que somos. Se não formos capazes de
nos tolerar uns aos outros, as Instituições que
dirigimos não se vincularão uma às outras, por que as
instituições, de alguma forma, são as pessoas que as
dirige...”
“Quem quiser ser o maior, que seja o menor entre os
servos”. (Jesus)
Kardec, Allan – A Prece Segundo o Evangelho, pag.
11 a 23 - FEB
Carvalho, Vianna de – Divaldo Franco,
Espiritismo e Vida-Cap. 11
(Kardec, Obras Póstumas, Projeto 1868)
FRANCO, Divaldo P.
Mensagem de Bezerra de Menezes, - “Unificação”,
R. Ref. dez/1975-ago/2001
Encontro com Divaldo Franco – Reformador-
Revista de Espiritismo Cristão. Maio, 2005 n°
2114-A Anexo III.
Nota da Redação:
Este artigo foi elaborado por Paulo Salerno e
seus companheiros do Grupo de Estudo da Doutrina
Espírita-GEDE, da
Sociedade Espírita Luz, Paz e Caridade, de Porto
Alegre (RS).