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por Temi Mary Faccio Simionato

 
Reflexões sobre a busca pela fé


“E, com toda a certeza eu vos asseguro, que se qualquer pessoa ordenar a este monte
: Levanta-te e lança-te no mar, e não houver dúvida em seu coração, mas crer que se realizará o que pede, assim lhe será feito.” (Marcos, 11:23.)


Em nossa condição de enclausurados no vale sombrio das próprias dívidas, não nos detenhamos na forma exterior do ensinamento do Mestre, e sim, apliquemos a sua beleza ao nosso próprio mundo interno.

Encontramos na fé a força que nasce da própria alma, a certeza instintiva na sabedoria de Deus palpitando em nós, vibrando em todas as coisas, transformando-a em instrumento de renovação do nosso caminho, utilizando-a na obra paciente do amor e construindo nova senda a elevar-nos para os cimos da vida. Nela recuperamos a força que irradia como energia operante e, por isso, conseguiremos remover as montanhas das dificuldades, aplainando as arestas dos conflitos e minando as resistências que se opõem à marcha do progresso. Para que possamos movimentá-la no plano exterior, é imprescindível possuí-la mesmo que, na diminuta proporção de uma semente de mostarda, tenhamos de lavrar a terra seca e empedrada do nosso mundo interior, para ambientar em nosso coração essa planta divina.

Jesus, o meigo Rabi, em Seu ensinamento, toma a semente minúscula da mostarda para nos dizer que sem reconhecimento de nossa própria pequenez à frente do eterno amor e da sabedoria, não conseguiremos juntar o tesouro do entendimento e da confiança que a fé consolida em si mesma.  Assim, é necessário alterarmos a paisagem da nossa vida íntima, para que a fé viva nasça e se desenvolva em nossos destinos, para não sermos vítimas das serpentes traiçoeiras e vermes daninhos que ameaçam a sementeira da elevação por todos os lados, tentando sufocar os pequenos impulsos no bem.

Disse o Mestre: “Se tiverdes a fé do tamanho de um grão de mostarda, podereis transportar montanhas.” (Mateus, 17: 20.). Deste modo, aproveitemos a luta e as dificuldades que a experiência nos oferece a cada dia, habilitando-nos a converter as sombras de nossa animalidade em divina luz da espiritualidade, para a ascensão à vida imortal.

O aviso do “Siga-me” é indiscutível. Entretanto, oscilamos em matéria de fé por não Lhe acatarmos o conselho. Buscamos Jesus em cultos, sinagogas, templos... No entanto, é em nós, em nosso templo íntimo, que precisamos encontrá-lo. Mesmo quando amargurados nos embaraços da existência, é necessário relembrarmos da mensagem dEle: “Quem quiser caminhar nos Meus passos, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.” (Mateus, 16: 24).

De acordo com O Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo XIX, Item 8, Allan Kardec esclarece: “a fé necessita de uma base, que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer e, para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender”. Podemos, então, perceber que a fé sincera é contagiosa, enquanto que a fé aparente apenas usa palavras que deixam o frio e a indiferença quem as ouve.

Na atualidade dolorosa que vivenciamos, invocamos a cooperação do Cristo e o socorro sempre vem, porque Sua misericórdia é infinita e, assim, vencida a dificuldade, encontramos a oportunidade de fortalecer a fé, pois novos obstáculos virão para o nosso crescimento.  E será através desses desafios que poderemos nos educar, permanecendo confiantes, sustentando a fé, a esperança e a caridade, porque a esperança reside em um coração que crê e confia em Jesus e a caridade somente poderá ser praticada quando tivermos o verdadeiro sentimento de amor ao próximo, formando assim, uma trindade inseparável. Em vista disso, se tivermos fé e com ela buscarmos ultrapassar as dificuldades, triunfaremos, porque o amor coopera com ela para demolir barreiras, destruir domínios, aniquilar empecilhos e retirar obstáculos.

A missão de Jesus foi reviver nos corações esse sentimento, para que as almas cheguem às alturas do amor de Deus, alcancem o tesouro da fraternidade.

No livro O Consolador, o benfeitor espiritual Emmanuel elucida na pergunta 354: “ter fé, é aguardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassa o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade. Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento... traduzindo a certeza na assistência de Deus, exprimindo a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz Divina no coração, significando a humildade redentora que edifica no íntimo do Espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor.”

Que nossos corações, no solo das experiências da Terra, possam copiar-lhe o impulso da simplicidade e serviço, e a nossa existência será testemunho claro da grandeza Divina, cuja sublimidade passaremos a refletir com a humildade viva do grão de mostarda que, atirado à solidão da terra, saberá vencer, desabrochar, florir e cooperar na extensão da glória de Deus. Fé não é privilégio de alguns, mas, dom precioso concedido a todos pelo Pai.

 

Bibliografia:


SCHUTEL, Cairbar – Parábolas e Ensinos de Jesus – 13ª edição – Matão /SP –Editora O Clarim- 1993 – Fé e Amor.

RIBEIRO, Cesar Saulo - coordenação – O Evangelho por Emmanuel Segundo Lucas – 1ª edição – Brasília/DF – Editora FEB – 2015 – páginas 94 e 104.

Ribeiro, Cesar Saulo – coordenação – O Evangelho por Emmanuel Segundo Mateus – 1ª edição – Brasília/DF – Editora FEB – 2016 – páginas 426 e 428.   

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita