Hoaxes
e comunicação mediúnica
A internet mudou a nossa relação com a informação, e com
a sua credibilidade, de forma que se multiplicaram os
problemas de conteúdo e, consequentemente, diminuiu o
tempo de consumi-los e criticá-los.
Nesse sentido, a cada dia, nas redes sociais, matam uma
celebridade que está vivinha da silva, viralizam
montagem fotográficas, e se espalham versões sem fatos,
movidos por interesses por vezes claramente
identificados, ou simplesmente pelo desejo de se obter
cinco minutos de fama a todo custo.
O boato, ou hoaxes, é um fenômeno inevitável da
internet e das suas redes sociais, sediado na natureza
humana, e que pela sua expansão tem como frutos
dissabores, crimes, trazendo insegurança e medo por uma
gama de notícias bombásticas e catastróficas, que inibem
a credibilidade desses meios de comunicação, com as
verdades perdidas nesse mar de invencionices.
E os estudiosos do assunto nos prescrevem medidas
simples para que, como usuários das redes sociais e
também como produtores de conteúdo, não sejamos
propagadores de inverdades ou que não sejamos
ludibriados em nossas opiniões e decisões pela boataria
infundada.
Assim, verificar o teor do que é dito à luz da razão, do
bom senso, cotejando a informação com outras fontes de
outros lugares e tempos, certificando-se da sua origem e
base documental, é o cerne de todas as medidas
preventivas nesse assunto.
Ah, mas dá um trabalhão isso, nesse mar de informações
em que estamos imersos. É verdade, e, por isso, a
prudência e a paciência devem estar em nossa cabeça
quando o dedo coça para apertar o botão de compartilhar.
Essa lógica de verificação do teor do que é recebido
também se aplica à prática mediúnica. Harmonizado aos
métodos de Allan Kardec, em especial ao Livro dos
Médiuns, pode-se, em uma comparação grosseira, dizer
que a internet é o plano espiritual e que os sites
produtores de conteúdos são os médiuns e deles recebemos
cotidianamente informações, muitas delas replicadas na
internet de verdade.
E assim, como o internauta incauto, que em tudo acredita
e compartilha, nós, como espíritas, por vezes
recepcionamos ingenuamente tudo que vem do mais além,
esquecidos da necessidade de usar a razão como guia para
a verificação daqueles conceitos, servindo-nos também
das múltiplas fontes preconizadas por Kardec.
Aceitam-se, assim, coisas estapafúrdias, absurdas,
incoerentes com os pilares da doutrina e a boa lógica,
por vezes confiando simplesmente na idoneidade dos
médiuns e do suposto emissor desencarnado, sem atentar
para a mensagem.
O professor Rivail, quando lançou as obras básicas,
assumiu um pseudônimo e ainda, das diversas comunicações
mediúnicas utilizadas, pouco se sabe da identidade dos
espíritos e nada das dos médiuns. Há um grande
aprendizado nessa postura.
Quanto mais informação circulando na internet (ou no
circuito mediúnico de livros, psicografias e palestras),
maior o risco de se levar um gato por lebre, o que
enseja cuidados ao ler, aceitar ou replicar verdades
oriundas da comunicação mediúnica, independente do
médium ou espírito comunicante.
Os hoaxes, boatos da internet, como fenômeno da
comunicação de massa, têm muito a nos ensinar no que
tange à comunicação mediúnica, não só pelos remedinhos
preventivos, mas pelos prejuízos que causam à
coletividade informações inverídicas. Podemos citar
vários casos, seja nos casos da internet, mas também
pelas informações mediúnicas que afrontam a razão.
A solução é antiga. Kardec já dizia... e esta que
manteve até hoje a sua obra com credibilidade e
sustentabilidade. Utilizar-se da razão, de múltiplas
fontes, com o bom senso que nos permite navegar não só
pela rede, mas pela vida e seus mares revoltos.