Incêndios florestais: uma visão espírita
O Espiritismo (ou Doutrina Espírita) não é mais uma
religião nem uma seita. É ciência de observação,
filosofia e moral. Demonstra, experimentalmente, a
imortalidade do Espírito, a reencarnação e a Lei de
Causa e Efeito. Uma porta aberta para um futuro social,
muito melhor…
Portugal estertora, após uma das maiores catástrofes das
últimas décadas: os incêndios florestais que mataram
mais de 100 pessoas em apenas dois episódios.
A quem interessa que existam estes incêndios?
A muita gente, a grupos organizados, cada um com os seus
objetivos diferenciados, todos eles radicados no
egoísmo, no lucro fácil e a qualquer custo, sem qualquer
noção de sociedade e de humanismo.
As leis dos homens são frágeis, parecendo muitas vezes
serem malfeitas, com lacunas, propositadamente, a fim de
ilibar, à posteriori, os amigos de quem faz as referidas
Leis.
Os governantes, os responsáveis institucionais, a banca,
os partidos políticos perderam a noção do coletivo, da
sua verdadeira essência, que é estar ao serviço de um
povo, de uma nação, fortalecendo um Estado.
Os objetivos pessoais e de grupo sobrepõem-se aos
objetivos nacionais, olha-se para o futuro a curto
prazo, procura-se o maior lucro no mínimo espaço de
tempo, dilapida-se tudo e todos, numa destruição
interior e social, tão voraz como a dos incêndios que
assolaram Portugal.
Allan Kardec, o compilador da Doutrina Espírita, em
meados do século XIX, na sequência das inúmeras
comunicações espíritas, um pouco por todo o mundo, lança
os alicerces de um mundo novo, com o lançamento da
monumental obra “O Livro dos Espíritos”, em 18 de
Abril de 1857.
Aqui, ele questiona mais de mil vezes à espiritualidade
superior e esta responde com uma assertividade que se
mantém atual, 160 anos depois.
À questão 791, “Apurar-se-á algum dia a
civilização, de modo a fazer que desapareçam os males
que haja produzido?”, os Espíritos respondem: -
“Sim, quando o moral estiver tão desenvolvido quanto
a inteligência. O fruto não pode surgir antes da flor”.
Na pergunta 793, “Por que indícios se pode reconhecer
uma civilização completa?”, a resposta é
certeira: - “Reconhecê-la-eis pelo
desenvolvimento moral… Até então, sereis apenas povos
esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da
civilização”.
Na pergunta 799, questiona: “De que maneira pode o
Espiritismo contribuir para o progresso?” A
resposta objetiva vem: “Destruindo o materialismo,
que é uma das chagas da sociedade, ele faz com que os
homens compreendam onde se encontram os seus verdadeiros
interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela
dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do
presente, lhe é dado preparar o seu futuro. Abolindo os
prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a
grande solidariedade que os há de unir como irmãos”.
Se eles soubessem que são imortais, que a reencarnação
existe, que colherão os frutos amargos dos seus atos,
não ateariam os fogos.
Urge divulgar a espiritualidade e a imortalidade…
Identificadas as causas, que radicam no desconhecimento
do ser humano como ser espiritual, somente com o
desenvolvimento e evolução moral do Homem, a sociedade
se humaniza, se fortalece na solidariedade, no trabalho,
na fraternidade.
Não adianta dizer “não acredito” na imortalidade, na
reencarnação, na Lei de Causalidade.
Quer queiramos, quer não, a Lei Natural é irrevogável,
por ser divina e, relembrando Galileu Galilei, “no
entanto… somos imortais, reencarnaremos e colheremos o
fruto do que houvermos semeado no nosso íntimo, ao longo
do tempo”.
Os que partiram como vítimas da incúria humana
resgataram aflições trazidas de outras reencarnações,
adentrando agora felizes o mundo espiritual, libertos
dos problemas de consciência de outrora.
Os outros, os algozes, os responsáveis diretos e/ou
indiretos, terão de reparar os lamentáveis crimes, seja
nesta vida, no mundo espiritual ou em dolorosas
expiações em reencarnação futura.
Recordando Jesus de Nazaré, “a cada um de acordo com as
suas obras”.
Tenhamos, pois, a coragem de prosseguir servindo e
amando, sem nos deixarmos enlear nos engodos
imediatistas e torturantes que a sociedade atual nos
oferece.
“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar,
tal é a Lei.”
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