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por José Lucas

 

Incêndios florestais: uma visão espírita

 

O Espiritismo (ou Doutrina Espírita) não é mais uma religião nem uma seita. É ciência de observação, filosofia e moral. Demonstra, experimentalmente, a imortalidade do Espírito, a reencarnação e a Lei de Causa e Efeito. Uma porta aberta para um futuro social, muito melhor…

 

Portugal estertora, após uma das maiores catástrofes das últimas décadas: os incêndios florestais que mataram mais de 100 pessoas em apenas dois episódios.

A quem interessa que existam estes incêndios?

A muita gente, a grupos organizados, cada um com os seus objetivos diferenciados, todos eles radicados no egoísmo, no lucro fácil e a qualquer custo, sem qualquer noção de sociedade e de humanismo.

As leis dos homens são frágeis, parecendo muitas vezes serem malfeitas, com lacunas, propositadamente, a fim de ilibar, à posteriori, os amigos de quem faz as referidas Leis.

Os governantes, os responsáveis institucionais, a banca, os partidos políticos perderam a noção do coletivo, da sua verdadeira essência, que é estar ao serviço de um povo, de uma nação, fortalecendo um Estado.

Os objetivos pessoais e de grupo sobrepõem-se aos objetivos nacionais, olha-se para o futuro a curto prazo, procura-se o maior lucro no mínimo espaço de tempo, dilapida-se tudo e todos, numa destruição interior e social, tão voraz como a dos incêndios que assolaram Portugal.

Allan Kardec, o compilador da Doutrina Espírita, em meados do século XIX, na sequência das inúmeras comunicações espíritas, um pouco por todo o mundo, lança os alicerces de um mundo novo, com o lançamento da monumental obra “O Livro dos Espíritos”, em 18 de Abril de 1857.

Aqui, ele questiona mais de mil vezes à espiritualidade superior e esta responde com uma assertividade que se mantém atual, 160 anos depois.

À questão 791, “Apurar-se-á algum dia a civilização, de modo a fazer que desapareçam os males que haja produzido?”, os Espíritos respondem: - “Sim, quando o moral estiver tão desenvolvido quanto a inteligência. O fruto não pode surgir antes da flor”.

Na pergunta 793, “Por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa?”, a resposta é certeira: - Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral… Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização”.

Na pergunta 799, questiona: “De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?” A resposta objetiva vem: “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz com que os homens compreendam onde se encontram os seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos”.


Se eles soubessem que são imortais, que a reencarnação existe, que colherão os frutos amargos dos seus atos, não ateariam os fogos.

Urge divulgar a espiritualidade e a imortalidade…


Identificadas as causas, que radicam no desconhecimento do ser humano como ser espiritual, somente com o desenvolvimento e evolução moral do Homem, a sociedade se humaniza, se fortalece na solidariedade, no trabalho, na fraternidade.

Não adianta dizer “não acredito” na imortalidade, na reencarnação, na Lei de Causalidade.

Quer queiramos, quer não, a Lei Natural é irrevogável, por ser divina e, relembrando Galileu Galilei, “no entanto… somos imortais, reencarnaremos e colheremos o fruto do que houvermos semeado no nosso íntimo, ao longo do tempo”.

Os que partiram como vítimas da incúria humana resgataram aflições trazidas de outras reencarnações, adentrando agora felizes o mundo espiritual, libertos dos problemas de consciência de outrora.

Os outros, os algozes, os responsáveis diretos e/ou indiretos, terão de reparar os lamentáveis crimes, seja nesta vida, no mundo espiritual ou em dolorosas expiações em reencarnação futura.

Recordando Jesus de Nazaré, “a cada um de acordo com as suas obras”.

Tenhamos, pois, a coragem de prosseguir servindo e amando, sem nos deixarmos enlear nos engodos imediatistas e torturantes que a sociedade atual nos oferece.

“Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei.”


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita