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por Orson Peter Carrara

 

Disciplina é dever


A disciplina (em todos os sentidos: dieta, caminhadas, responsabilidades, compromissos, vigilância sobre o próprio comportamento etc.) normalmente é encarada como algo difícil e desagradável. Afinal é difícil resistir a um sorvete ou a uma torta, à tentação de permanecer mais na cama, a faltar num compromisso numa noite de chuva e mesmo atender à necessidade dos cuidados com a saúde. Isso sem falar nos que não resistem às oportunidades da desonestidade, da esperteza que prejudica outras pessoas, ao “jeitinho” brasileiro, aos deslizes morais de toda espécie.

Resistir, todavia, é grande virtude. Não é fácil disciplinar-se. A primeira providência é não mentirmos para nós mesmos. De que adianta dizer que esse ou aquele compromisso é bom, agradável, quando não sentimos prazer. Então, o oposto é dizer a verdade: não é bom, mas é necessário. Ou, em outras palavras: preciso fazer isso. Preciso estudar, preciso caminhar, preciso resistir, preciso disciplinar-me, mesmo adiando o prazer. Sim, porque segurar-se em várias questões provoca adiamento do prazer que buscamos.

Adiar o prazer momentâneo, ao invés de trazer sofrimento, o potencializa. O prazer momentâneo da indisciplina alimentar criará problemas para a saúde. Adiar esse prazer significa mais qualidade de vida, mais saúde. Da mesma forma um estudante que adia o prazer de passear, namorar etc., potencializa o prazer futuro de se ver aprovado no vestibular. O prazer efêmero da aventura sexual muitas vezes trará muitas “dores de cabeça” no futuro.

Por isso, pensando na disciplina que precisamos aplicar a nós mesmos, busco a inspiração do poeta Cornélio Pires no poema Assuntos de disciplina, que transcrevemos parcialmente:

 

Tema difícil — meu caro —

Pois disciplina é dever,

Mas isso, enquanto entre os homens,

Não é fácil de saber.

 

Se vivermos descuidados,

Deixando as horas em vão,

Surgem testes retardados

E lutas de revisão.

 

A prova que se recusa

É caminho a desamparo,

Ensinamento esquecido,

Mais à frente, custa caro.

 

Todo aquele que se esquece

Do que lhe cabe fazer,

Descamba no prejuízo,

Tem sempre muito a perder.

 

Lembre: nos quadros da Terra

Que recordamos a dois:

Onde surge a indisciplina,

Tribulação vem depois…

 

Discipline, caro amigo,

Seu tempo, corpo e função…

Quanto mais ordem na vida,

Mais vida de elevação.
 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita