Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Oferenda de amor


No fim da tarde nossa mãe aparecia nos fundos do quintal: meus filhos o dia já envelheceu, entrem pra dentro
. Manoel de Barros


Muitas pessoas me perguntam: a maternidade é uma opção?

Mulheres que escolhem a maternidade necessitam ser capazes de amor. Pois o filho que é amado, educado, de acordo com sua subjetividade e circunstâncias, realiza com mais amor altruísta sua biografia, servindo à sociedade sem temor.

Quando nos dispomos a criar uma família, abrimo-nos ao fato de que toda criança precisa sentir-se amada, à medida que ela depende integralmente de cuidado cotidiano para crescer bem e segura. E isso nunca é coisa automática.

Antes de ter um filho, seria importante que as mulheres reservassem um tempo para refletirem a respeito disso. Avaliar com realidade, espiando o profundo de si mesmas, se de fato estarão dispostas a abrigar uma criança, assumindo com benevolência tudo o que isso implica. Porque trazer uma nova vida a este mundo é coisa séria, que gera trabalho, depende de árdua construção de vínculo, reivindica ações responsáveis …

Às vezes imaginamos que a função da mãe está associada somente à nutrição do corpo e, por isso, o gestar, o amamentar, a luta com papinhas. Mas isso é só um aspecto primário da nutrição e, com exceção do leite materno, tudo pode (e deve) ser compartilhado com o pai. O desenvolvimento da criança exigirá, através de diversas etapas, outros níveis de alimento: físico, emocional, mental, espiritual...

Maternidade estende-se além do vasto começo. Engloba muitos anos, implica habilidade de suportar a mulher a própria imperfeição, sem abrir mão de educar auscultando os potenciais do filho, ajudando-o a crescer alegre, ético e tolerante.

Sem receio, às mulheres que me procuram dizendo que estão mais focadas na carreira do que no ideário materno, por exemplo, explico que não faz sentido pensar em ter um filho quando estamos movidas por objetivos que escapam à meta de criar uma família. Não é porque nascemos mulheres que precisamos necessariamente ser mães. Porque ser mãe é missão, compromisso que exige alterar nossa vida, nosso tempo, nossas expectativas, a fim de que o filho cresça capaz de bem e de paz com suas lutas e com o seu caminho.

Obviamente a maternidade não é para todas as mulheres. Contudo, as mães conscientes contribuem para um mundo melhor.

Um abraço, ótima semana.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita